A Copa São Paulo me traz lembranças incríveis da minha adolescência
Nessa quinta-feira (2), começa a Copa São Paulo, que é um torneio que mexe bastante com o meu emocional porque joguei duas delas (janeiro e dezembro de 1980).
Mas existe uma diferença enorme entre as atuais e as antigas. Primeiro porque eram bem menos times, com quatro em cada grupo. Para se ter uma ideia da dificuldade que era, vou mostrar o grupo do Corinthians em 1980:
Em janeiro de 1980:
Corinthians
Botafogo
São Paulo
Atlético-MG
Classificação e jogos
Em dezembro de 1980:
Corinthians
Flamengo
São Paulo
Santa Cruz
Na Copinha de 2025, haverá 32 grupos com quatro times cada, totalizando 128 clubes disputando.
Outra diferença muito significativa é que, naquela época, não existiam celular, redes sociais e TV a cabo. Portanto, o único meio de o grande público e dos clubes verem que a gente existia eram as férias dos jogadores profissionais, e toda a atenção era direcionada para a garotada.
Dos anos 90 para trás, todos os grandes jogadores brasileiros jogavam aqui, e por isso era muito difícil ter chances no profissional. A grande maioria dos jovens era lançada na fase ruim dos clubes e tinha que ter talento, personalidade e também muita sorte.
Na minha primeira Copinha, eu tinha só 15 anos, e a grande maioria dos jogadores já tinha 19, 20 e 21. Nessa idade, a diferença física é muito grande, e eu tinha dificuldade no corpo a corpo, mas foi uma grande emoção, com aquele delicioso friozinho na barriga.
Naquela época, davam muita atenção e destacavam as possíveis revelações. Jogando pelo Corinthians, fui considerado a revelação da Copinha de janeiro de 1980 e artilheiro com 5 gols, junto com o centroavante Chicão, que era da Ponte Preta.
Na Copinha, a numeração sempre foi fixa. Na minha primeira, em janeiro de 1980, o treinador Joaquim Félix era muito supersticioso e joguei com a camisa 13.
O sonho de todo garoto da base era jogar a Copa São Paulo, não só pela visibilidade, mas porque era o torneio mais importante que existia entre clubes. Hoje em dia, existem diversos torneios que passam ao vivo nos canais fechados, e a visibilidade é enorme.
Já faz um tempo que, além da Copa São Paulo, existem também a Copa BH, a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro, a Libertadores e outros torneios. Lá nos anos 80, era só o campeonato estadual e a Copa São Paulo para a gente mostrar o nosso futebol.
Me lembro muito bem da minha primeira partida, que foi contra o Botafogo, num Parque São Jorge lotado. Vencemos por 3 x 0, com dois gols meus e um do meu amigo Eli, que era um camisa 8 espetacular. Meus pais, meus amigos, todo mundo assistindo. Muitos estavam lá no campo, e outros assistindo pela TV. Foi uma coisa incrível para mim.
Tenho muita saudade da minha época de juvenil porque ali era pura paixão por jogar bola, pelo Corinthians, com apenas uma ajuda de custo, mas conforme você iria se destacando, esse valor iria aumentando.
Vou acompanhar a maioria dos jogos possíveis porque adoro a Copa São Paulo e tenho um carinho gigantesco por ela. A Copinha me faz viajar para um momento mágico da minha vida, lembrando de todos os meus amigos.
Amigos que encontramos sempre num churrasco de final de ano. E o mais incrível nesse churrasco é que vêm ex-jogadores de várias épocas do juvenil do Corinthians.
Desejo boa sorte a todos os garotos que jogarão a Copinha 2025, porque, mesmo existindo vários torneios da base hoje em dia, a Copa São Paulo ainda é o mais charmoso de todos.
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