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Campeãs anunciam que só jogam após saída de cartola que beijou jogadora

As 23 jogadoras campeãs do mundo com a Espanha assinaram nesta sexta-feira um manifesto em que dizem abertamente: não aceitarão novas convocações para a seleção enquanto Luis Rubiales continuar à frente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF).

Além das campeãs mundiais, o documento é assinado por outras 58 jogadoras, incluindo as que não foram à Copa do Mundo por divergências com o técnico Jorge Vilda, como Mapi León, Patri Guijarro e Claudia Pina. O sindicato afirma que está aberto a novas assinaturas.

"Depois de verem com perplexidade o discurso do presidente da RFEF, Luis Manuel Rubiales Bejár, as jogadoras da seleção principal querem manifestar seu apoio a Jennifer Hermoso e condenar de forma firme e contundente as condutas que atentaram contra a dignidade das mulheres", diz o comunicado.

No domingo, Rubiales deu um beijo sem consentimento na meia-atacante Jennifer Hermoso, durante a premiação pelo título da Copa do Mundo. Nesta sexta, em um discurso cheio de frases misóginas e machistas na sede da RFEF, o dirigente afirmou que havia pedido "um selinho" à jogadora, e que foi "como dar um beijo em uma filha".

Jennifer Hermoso, em declarações à FUTPRO, negou a versão do cartola. "Quero esclarecer que, assim como dá pra ver nas imagens, eu não quis o beijo em nenhum momento, e é claro que não abracei e levantei o presidente. Não tolero que duvidem de minhas palavras, e menos ainda se inventarem palavras que eu disse", afirmou.

Avalanche de críticas

O boicote das campeãs mundiais foi o golpe mais duro em um dia de inúmeras derrotas para Rubiales. Desde que trocou o anúncio da demissão - como havia dito na véspera - por um discurso em que falou cinco vezes "não vou renunciar", o dirigente foi alvo de uma enxurrada de críticas.

Clubes tradicionais da Espanha divulgaram comunicados frontalmente contrários ao comportamento e às atitudes de Rubiales. O Athletic Club de Bilbao anunciou que renuncia à sua posição na assembleia da RFEF, que hoje aplaudiu Rubiales; o clube basco não estava presente.

O Osasuna também foi duro em sua nota oficial. "O futebol espanhol não merece que quem quiser se dirigir siga nem um minuto a mais à frente da RFEF, e neste sentido, o Club Atlético Osasuna apoiará todas as medidas que foram impulsionadas pelo Conselho Superior de Esportes para restabelecer o bom nome e a imagem do futebol espanhol", diz o comunicado.

O presidente da Federação Catalã de Futebol, Joan Soteras, disse ao UOL que renunciará à sua posição de vice-presidente da RFEF. A federação catalã fará uma reunião na terça-feira para definir uma nova posição.

Barcelona e Real Madrid, principais clubes do país, também divulgaram notas oficiais, mas ambas consideradas -inclusive por sócios de ambos os clubes ouvidos pelo UOL- como "pouco contundentes".

Pressão do governo

Minutos depois do discurso de Rubiales, o presidente do Conselho Superior Desportivo (CSD), Víctor Francos, afirmou que a entidade tomará "todas as medidas necessárias" contra o cartola. "Vamos fazer uma denúncia como infração muito grave", afirmou à Cadena SER.

Nos bastidores, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez também age para derrubar o presidente da RFEF. O Ministério Público de Madri enviou uma denúncia à Audiência Nacional contra Rubiales.

No total, quatro denúncias já foram feitas contra Luis Rubiales. Nos bastidores, comenta-se que a situação dele piorou depois do discurso desta sexta-feira, mas que a opção pela permanência no cargo foi uma estratégia para ganhar tempo num eventual processo.

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