Lei espanhola prevê multa e gancho de até 15 anos para jogadoras 'rebeldes'
As 23 campeãs do mundo que se rebelaram contra o presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, podem sofrer graves consequências caso não atendam a convocações futuras da seleção. É o que diz a Lei do Esporte da Espanha, publicada em 30 de dezembro de 2022.
Em seu artigo 104, a lei trata de infrações muito graves. Uma delas, no item "c", fala sobre convocações para equipes nacionais. "Não se apresentar, de maneira injustificada, à convocação de uma seleção esportiva nacional, assim como não estar à disposição das seleções nacionais caso a pessoa esportista tenha sido designada a fazer parte da mesma".
As sanções para quem infringir o regulamento estão no artigo 108 da mesma Lei do Esporte: multas entre 3 mil e 30 mil euros (R$ 16 mil e R$ 160 mil), além da suspensão da licença federativa entre dois e 15 anos.
As jogadoras campeãs mundiais e outras 58 atletas divulgaram, na sexta-feira (25 de agosto), uma carta dizendo que não voltariam à seleção enquanto a atual diretoria da RFEF fosse mantida.
A rebelião foi uma represália ao presidente da entidade, Luis Rubiales, que beijou a meia-atacante Jennifer Hermoso na boca, sem consentimento, durante a comemoração do título espanhol. O dirigente chegou a afirmar a pessoas próximas que iria entregar o cargo, mas dobrou a aposta e fez um discurso inflamado, dizendo que não iria se demitir.
Suspenso pela Fifa por um período de 90 dias, Rubiales agora espera a definição dos órgãos superiores esportivos da Espanha. Na noite de sexta-feira (2), o Tribunal Administrativo Desportivo (TAD) abriu processo contra o dirigente por falta "grave", e não "muito grave", o que impossibilita o afastamento cautelar por parte do Conselho Superior Desportivo (CSD).
Em meio às turbulências envolvendo a federação, o técnico Jorge Vilda continua no cargo —mesmo sem toda a sua comissão técnica, que pediu demissão. A Espanha voltará a campo no fim deste mês, quando enfrentará Suécia e Suíça, pela Liga das Nações feminina, que vale vaga na Olimpíada.
A convocação ainda não tem data, mas está prevista para a primeira quinzena deste mês. Nos bastidores, há três dúvidas: a primeira, se Jorge Vilda continuará no cargo; a segunda, se as mais de 70 jogadoras que assinaram a carta de protesto serão convocadas. E, por fim, a terceira: se, caso convocadas, elas atenderão ao chamado, como previsto na lei do país.
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