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O que fazer se seu time acaba? Eles criaram um novo e enfrentam o Barcelona

No dia 18 de junho de 2013, os torcedores da Unión Deportiva Salamanca viveram o pior pesadelo que um apaixonado por futebol pode experimentar: ficaram sem um clube para torcer.

Afundado em dívidas e com um projeto de SAF que em 21 anos complicou ainda mais a situação financeira, o clube entrou em processo de falência. Apenas a aparição de um investidor poderia salvar a equipe, fundada em 1923. Não houve propostas.

Das cinzas do Salamanca surgiram três iniciativas que tentaram manter a chama do futebol acesa na cidade. Uma delas, criada por um grupo de torcedores, é o Unionistas de Salamanca, que disputa atualmente a terceira divisão da Espanha. Nesta quinta-feira, o clube terá o maior desafio de sua história: enfrentar o Barcelona, nas oitavas de final da Copa do Rei.

O Unionistas surgiu em agosto de 2013, meses depois que a UD Salamanca desapareceu. Os criadores eram, em sua maioria, parte de uma torcida organizada do antigo clube. Poucos, mas barulhentos, com contatos e muito bem articulados nas redes sociais, eles viabilizaram o projeto com apoio de empresários locais e de outros grupos de torcedores.

Além dos torcedores locais, ressentidos pelo fim de seu clube do coração, o projeto também teve apoio externo, por meio de campanhas de doações. Um dos colaboradores do início do clube foi Vicente del Bosque, campeão mundial como treinador da seleção da Espanha em 2010.

Jogadores comemoram gol do Unionistas: time surgiu de uma torcida organizada do Salamanca
Jogadores comemoram gol do Unionistas: time surgiu de uma torcida organizada do Salamanca Imagem: Unionistas/Site Oficial

Guerra local e crescimento

Apesar de hoje ser considerado um caso de sucesso e de viver a expectativa pelo maior jogo de sua história, o Unionistas não é unanimidade em Salamanca. Desde a dissolução da UD Salamanca, em 2013, há uma guerra na cidade pela herança histórica do clube.

O Unionistas é, atualmente, a equipe de melhores resultados esportivos da região. Mas quem tem o direito de usar os símbolos, o hino e o estádio da equipe histórica é o Salamanca Club de Fútbol UDS, de propriedade de um grupo mexicano.

Enquanto o Unionistas jogará contra o Barcelona no acanhado estádio Rainha Sofia, com capacidade para 4.800 torcedores, o rival disputa a quinta divisão espanhola e usa o clássico Estádio Helmantico, com espaço para 18 mil torcedores.

Esta semana, às vésperas do confronto com o gigante catalão, o Unionistas chegou a anunciar em suas redes sociais que usaria o escudo da UD Salamanca na partida desta quinta-feira. Horas depois, o clube voltou atrás na decisão.

O duelo contra o Barcelona culmina uma trajetória de crescimento rápido: depois de passar sua primeira temporada sem disputar partidas, em luto pelo desaparecimento da UD Salamanca, o Unionistas começou seu caminho na Divisão Provincial de Salamanca, sétimo nível do futebol espanhol.

Uma série de quatro acessos nas temporadas seguintes levou o clube à Copa do Rei de 2018-19, quando o Unionistas fez sua primeira partida contra um time da primeira divisão: nada menos que o Real Madrid. Os madridistas venceram por 3 a 1.

Na atual temporada da Copa do Rei, o Unionistas já surpreendeu uma equipe da elite espanhola: venceu o Villarreal por 7 a 6 nos pênaltis, após empate por 1 a 1 em 120 minutos de bola rolando. Foi o resultado que credenciou o time a encarar o Barcelona.

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