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Lei da Espanha impede prisão para condenados por racismo contra Vini Jr.

Os três homens condenados por insultos raciais contra Vini Jr. não passarão um único dia na cadeia. Mesmo após a sentença de 8 meses de prisão, ditada na segunda-feira, eles são protegidos pela legislação na Espanha, que torna quase impossível a execução da pena.

Em seu artigo 80, o Código Penal espanhol afirma que "os juízes ou tribunais, mediante decisão fundamentada, poderão suspender a execução das penas privativas de liberdade não superiores a dois anos quando for razoável esperar que a execução da pena não seja necessária para evitar a futura prática de novos delitos pelo condenado".

Um dos principais requisitos para que a Justiça suspenda a execução das penas é o fato de os condenados não terem antecedentes criminais. De acordo com a sentença do Juizado de Instrução 10 de Valência, à qual o UOL teve acesso, os três homens eram réus primários.

A suspensão da pena deve acontecer nos próximos dias e faz parte de um acordo entre as partes: o Ministério Público da Espanha, La Liga — que fez a denúncia —, a Federação Espanhola de Futebol e os advogados de Vini Jr. A suspensão da pena de 8 meses de prisão será reavaliada caso eles cometam qualquer tipo de crime nos próximos três anos.

"A lei espanhola é assim: se eles não têm antecedentes e a pena não supera os dois anos, ela pode ser suspensa e eles não são presos", disse Rosario de Vicente Martínez, professora de Direito Penal da Universidade de Castilla la Mancha. Ela destaca, contudo, que a sentença cria um precedente importante.

"Até agora, pensavam que os insultos em um estádio poderiam configurar delito de ódio, mas nesta ocasião eles foram condenados por delito contra a integridade moral com agravante de ódio. Nos delitos de ódio, as ofensas teriam de ser para incitar o ódio; mas eles foram condenados por ferir a dignidade de Vinícius", explicou.

Segundo outras fontes, a jurisprudência é importante porque é mais fácil provar um delito contra a integridade moral do que a incitação ao ódio. A abertura desse precedente foi motivo de orgulho para Vini Jr.

A pessoas próximas, o jogador mostrou-se feliz com o resultado do julgamento e comentou que, mais importante do que a gravidade das penas, foi o fato de haver uma sentença de condenação. "É quase como ganhar outra Champions", comentou o camisa 7 do Real Madrid com seu estafe.

Expulsos e arrependidos

Na prática, a condenação terá outras consequências na vida dos três torcedores do Valência, apesar de eles não entrarem na prisão: eles não poderão assistir a partidas de futebol em estádios durante três anos.

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A suspensão se aplica a jogos de campeonatos organizados por La Liga e pela Real Federação Espanhola (RFEF) —- o que inclui as cinco primeiras divisões do Campeonato Espanhol, a Copa do Rei e a Supercopa, além de partidas de torneios internacionais de clubes e seleções durante três anos.

Além do afastamento dos estádios, os três tiveram que arcar com as custas do processo e escrever uma carta de desculpas, a pedido de Vini Jr. e do Real Madrid. Na audiência, eles voltaram a pedir desculpas.

O arrependimento mostrado pelos três homens, tanto na carta quanto diante da juíza, foi usado pela defesa como atenuante e reduziu a pena em um terço: tanto o Ministério Público quanto La Liga pediam 12 meses de prisão.

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