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Destaque espanhol na Euro jogou só 7min no Barça e era 4ª opção no Chelsea

A lateral-esquerda da seleção espanhola foi, por muitos anos, um feudo de Jordi Alba. Entre 2011 e 2022, com breves interrupções, o jogador do Barcelona era o dono indiscutível da posição.

Desde a Copa do Mundo do Qatar, a história mudou. Aos 35 anos, Alba joga na MLS e está aposentado da seleção. E o sucessor dele no primeiro grande torneio com Luís de la Fuente no comando tem uma história improvável e surpreende.

Em campo, é fácil ver Marc Cucurella. Os cabelos longos e cacheados — num estilo meio David Luiz, meio Carlos Valderrama — tornam impossível não saber quando o catalão, de 25 anos, está com a bola.

Mas a cabeleira é apenas um detalhe: com a bola nos pés, Cucurella é um dos destaques da Espanha, seleção que apresentou o melhor futebol do torneio até aqui. Nas duas vitórias até aqui — 3 a 0 sobre a Croácia e 1 a 0 diante da Itália — o lateral-esquerdo brilhou.

Titular absoluto, Cucurella surpreendeu até a imprensa espanhola
Titular absoluto, Cucurella surpreendeu até a imprensa espanhola Imagem: Divulgação/SeFutbol

Ao final da partida contra os italianos, a torcida em Gelsenkirchen reconheceu o esforço, gritando "Cucu, Cucu, Cucu". Uma reverência que, meses atrás, parecia improvável: Cucurella foi uma surpresa na convocação, e o fato de ser titular indiscutível era ainda mais improvável.

Afinal, o outro lateral-esquerdo convocado por De la Fuente foi Alejandro Grimaldo, um dos destaques do Bayer Leverkusen, que foi campeão alemão invicto, levou a Copa da Alemanha e só perdeu um jogo na temporada, na decisão da Europa League contra a Atalanta.

"A surpresa não foi só ele ser titular. Na Espanha a gente nem tinha ele no radar, havia muitas opções para a posição. O sucesso dele na Eurocopa é mérito de duas pessoas: do técnico Luís de la Fuente e dele mesmo", afirma o jornalista Anton Meana, da Cadena SER, que acompanha a seleção espanhola na Euro.

Excluído e quarta opção

O chamado de Cucurella coroou o bom fim de temporada do lateral-esquerdo no Chelsea. Mas, para ter um lugar entre os titulares da equipe londrina, ele também precisou trabalhar duro: quando chegou ao clube, em agosto de 2023, o catalão era a quarta opção do elenco.

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O titular era Ben Chilwell, capitão do time e um dos líderes da seleção inglesa; depois, vinha on holandês Ian Maatsen, jovem promessa da base do clube; o terceiro na lista na briga pela posição era Levi Coldwill, zagueiro que também exerce a função de lateral-esquerdo.

Endrick é marcado por Cucurella durante amistoso do Brasil contra a Espanha
Endrick é marcado por Cucurella durante amistoso do Brasil contra a Espanha Imagem: Denis Doyle/Getty Images

Mas, nos meses seguintes, Chilwell se machucou, Maatsen foi emprestado ao Borussia Dortmund, Coldwill passou a ser usado como zagueiro e também se machucou, e "Cucu" ganhou espaço.

Uma temporada que, de certa forma, é um resumo da própria carreira.

Cria das categorias de base do Barcelona, Cucurella chegou às portas do time principal em 2017 e até jogou 7 minutos na vitória por 3 a 0 sobre o Múrcia, pela Copa do Rei. Mas o estilo "brigador" do lateral, baseado mais na transpiração do que na inspiração, não agradava os dirigentes do clube, nem o então treinador Ernesto Valverde.

Na época, o técnico preferiu abrir caminho para outro lateral criado na base, Juan Miranda, hoje no Bétis. Cucurella ainda passou uma temporada jogando no Barça Athletic, a equipe B do clube catalão. Depois, passou por Eibar e Getafe, até chegar ao Brighton, onde fez uma temporada e se destacou, levando-o ao Chelsea por 55 milhões de libras (R$ 378 milhões em valores atuais).

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O alto valor e o início sem muito brilho fizeram Cucurella ser considerado, nos primeiros meses da temporada, uma das piores contratações da história recente na Premier League.

Mas a reta final do Campeonato Inglês, aliada ao bom início na Eurocopa, já mudaram essa percepção. Diante da Itália, os gritos da torcida em homenagem ao cabeludo lateral não eram em vão: ele venceu 8 das 10 divididas pelo chão; 2 das 3 pelo alto, criou duas boas chances e acertou 52 dos 53 passes que tentou (98% de precisão).

"Ele deu muitas coisas à equipe: velocidade, pressão e criatividade. Ao lado de Fabián Ruiz, é o melhor jogador da Espanha nas duas primeiras rodadas. Fala-se muito de Nico e Lamine, mas quem está se destacando mesmo é Cucurella", avalia Anton Meana.

Diante da Albânia, nesta segunda-feira, o mais provável é que Cucurella seja poupado, como vários outros titulares espanhóis. Com a seleção já classificada e garantida em primeiro lugar do grupo, ele só deve voltar a campo nas oitavas de final. Um descanso merecido a um jogador que não para um segundo.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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