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Lesões, improviso e técnico: por que a Inglaterra é a decepção da Eurocopa

A imprensa, os torcedores, as casas de apostas e até os adversários colocavam a Inglaterra como favorita ao título da Eurocopa, mesmo sem a seleção jamais ter conquistado o torneio.

Terminada a fase de grupos, o cenário é diferente: com uma vitória magra sobre a Sérvia (1 a 0) e dois empates com Dinamarca e Eslovênia, o English Team é a decepção do campeonato. Nas casas de apostas, ainda é a favorita; mas no mundo real, há muito mais dúvidas do que certezas.

O centro das críticas é o técnico Gareth Southgate. No cargo desde 2016, ele é criticado por não conseguir tirar o melhor desempenho da mais brilhante geração de jogadores que o país produziu neste século.

Jude Bellingham, da Inglaterra, se lamenta durante partida contra a Dinamarca na Eurocopa
Jude Bellingham, da Inglaterra, se lamenta durante partida contra a Dinamarca na Eurocopa Imagem: Franco Arland/Getty Images

"Ele tem a fama de ser conservador demais", resume o jornalista inglês Duncan Bishop, da Mediapro.

Mesmo com alguns dos melhores jogadores da temporada na Europa, como Harry Kane, Phil Foden e Jude Bellingham, a Inglaterra foi a quinta seleção que menos chutou a gol na Eurocopa, com 28 tentativas em três jogos — a Alemanha teve 57 chutes, Portugal 54 e a Turquia fechou o pódio com 50.

A ineficiência dos ingleses fica ainda mais evidente quando observamos a posse de bola de 59,7%, terceira maior do torneio, atrás de Alemanha e Portugal. Ninguém demorou tanto para chutar a gol como o English Team, o que tornou os partidos da equipe modorrentos e aumentou ainda mais a ira da torcida.

Invenções e infiltrações

Além do estilo pouco agressivo de seu time, Southgate lida com uma crítica que é novidade nessa Eurocopa: a de inventor. O treinador convocou apenas um lateral-esquerdo, Luke Shaw, que está machucado. Em contrapartida, levou três laterais direitos: Kieran Trippier, Kyle Walker e Trent Alexander-Arnold.

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Nos dois primeiros jogos, Southgate escalou os três laterais direitos: Kyle Walker na posição de origem; Alexander-Arnold como segundo volante; e Trippier improvisado como lateral-esquerdo.

"Não ter um lateral-esquerdo é um grande problema. E o único que ele chamou está machucado. Neste nível, não há espaço para improvisar", afirma Richard Martin, jornalista do Goal.com.

Gareth Southgate, técnico da Inglaterra, conversa com Jude Bellingham após empate com a Dinamarca
Gareth Southgate, técnico da Inglaterra, conversa com Jude Bellingham após empate com a Dinamarca Imagem: Stefan Matzke - sampics/Corbis via Getty Images

Na terceira partida, o empate sem gols contra a Eslovênia, Alexander-Arnold deu lugar a Connor Gallagher, um segundo volante de origem. Nem assim o time melhorou. "Há um problema com os meio-campistas ofensivos: Jude Bellingham e Phil Foden parecem não funcionar bem juntos", avalia Martin.

Para Duncan Bishop, o desempenho dos jogadores ingleses é inflado pelos bons companheiros que eles têm nos clubes: "Bellingham tem Kroos no Real Madrid; Foden tem De Bruyne no City; Saka tem Odegaard no Arsenal", afirma.

Para além do improviso e do conservadorismo do técnico, há um problema de ordem física: Bellingham e Kane, os dois principais jogadores da equipe, trazem lesões desde a reta final da temporada europeia.

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O meio-campista do Real Madrid tem uma lesão no ombro e foi infiltrado para jogar as fases finais da Champions League; o atacante do Bayern de Munique sofre com um problema nas costas e não está 100% fisicamente.

Nas oitavas de final da Eurocopa, a Inglaterra enfrentará a Eslováquia, terceira colocada do Grupo E. O duelo começa às 13h de domingo, na Arena do Schalke, em Gelsenkirchen.

Será a quarta chance dos ingleses mostrarem que o futebol pode, sim, voltar para casa em 2024.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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