Prodígios deitam e rolam na Euro e na Copa América. E Endrick no banco...
Endrick, 17, ainda não começou uma partida como titular pela seleção brasileira. E não começará de novo, às 22h desta sexta-feira, contra o Paraguai. O técnico Dorival Júnior alega que é importante poupar o jogador das cobranças e da pressão.
Enquanto isso, em outros países — seja na Europa ou nas Américas — a estratégia dos treinadores tem sido bem diferente. Seja em seleções de primeiro nível ou de segundo e terceiro escalão, a ordem é deixar os prodígios jogarem.
O maior exemplo é Lamine Yamal, ponta-direita da seleção da Espanha. Aos 16 anos, o jogador do Barcelona é titular indiscutível do técnico Luís de la Fuente desde os amistosos prévios à Eurocopa.
Em março, ele deu show no empate por 3 a 3 contra a seleção brasileira no Santiago Bernabéu, em Madri. Na Eurocopa, foi titular nas vitórias contra Croácia (3 a 0) e Itália (1 a 0). Diante dos croatas, o passe para o gol de Dani Carvajal fez do garoto catalão o mais jovem jogador a dar uma assistência na história do torneio.
Na Espanha, há uma expectativa enorme de que ele possa bater outro recorde: o de jogador mais jovem a marcar na competição.
Se Yamal ainda procura seu primeiro gol, o turco Arda Güler, 19, pode dizer que não apenas marcou, como fez um dos gols mais bonitos do torneio até agora. Foi na vitória por 3 a 1 sobre a Geórgia, com um chute de fora da área.
Güler é jogador do Real Madrid e não teve muitas chances em La Liga ao longo da temporada, devido à concorrência no elenco e às lesões. Na seleção, ele ainda não é titular absoluto, mas vai ganhando espaço: foi titular em duas das três partidas da primeira fase — a Turquia venceu ambas.
Outro jovem que tem lugar na seleção turca é Kenan Yildiz, 19. O ponta-esquerda da Juventus foi titular nas duas vitórias na fase de grupos. Em fevereiro, ele foi apontado pelo jornal inglês The Guardian como um dos jovens mais promissores do futebol europeu.
Na Itália, espera-se que na próxima temporada ele seja titular e protagonista na equipe de Turim. Na Euro, por enquanto, ele tem tido atuações regulares, mas é parte importante do sistema ofensivo de Vincenzo Montella.
Jovem comanda Equador na Copa América
O espaço dado a jovens jogadores não é exclusivo do futebol europeu. Na Copa América, um prodígio ainda mais jovem que Endrick já é a principal estrela de sua seleção: trata-se de Kendry Páez, meia-atacante da seleção do Equador.
Com 17 anos completos em maio, Páez já foi negociado com o Chelsea para a temporada 2025-26. Na seleção, ele não apenas joga, como tem sido fundamental: foi titular nos dois primeiros jogos da equipe Copa América e balançou a rede contra a Jamaica.
O técnico Félix Sánchez, que apostou no prodígio como titular, não se cansa de elogiá-lo a cada atuação. "Kendry tem evoluído muito bem, está jogando por seus próprios méritos. Ele mostra muita personalidade, porque não é fácil o que está passando, já que sempre falam muito dele. Mas ele tem muito apoio, e isso ajuda", disse o treinador espanhol.
No Brasil, cautela e espera
Enquanto os exemplos de jovens brilhando nas principais competições de seleções vão se acumulando, no Brasil o discurso de cautela persiste. Dorival Júnior já disse que é necessário ter paciência com Endrick, mas depois do empate por 0 a 0 contra a Costa Rica, havia a expectativa de uma mudança.
Ao menos por enquanto, tudo indica que o prodígio brasileiro terá de esperar. Nesta sexta-feira, contra o Paraguai, Dorival deve levar a campo o mesmo time que não conseguiu superar a defesa costarriquenha.
Enquanto Lamine Yamal vive a expectativa de bater um recorde, Arda Güler é aclamado por seu golaço e Kendry Páez comanda a promissora seleção do Equador, a Endrick não resta outra opção além de esperar.
Reportagem
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