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4 de julho de 1994: por onde andam Lalas, Cobi Jones e vítima de Leonardo

Há 30 anos, em 4 de julho de 1994, a seleção brasileira deu um passo importante rumo ao tetracampeonato: venceu os Estados Unidos por 1 a 0, pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

O duelo em Stanford entrou para o folclore dos Mundiais: o clima festivo do Dia da Independência, os cabelos esvoaçantes de Alexi Lalas e Marcelo Balboa, a cotovelada de Leonardo em Tab Ramos, o "eu te amo!" de Bebeto para Romário após o gol da vitória.

As cores e formas daquela partida ainda estão no imaginário de quem viveu de perto — e de quem viu vídeos, anos depois. Mas por onde andam os jogadores da seleção daquela seleção norte-americana, formada por amadores, universitários e filhos de imigrantes?

Toni Meola, goleiro dos EUA na Copa de 1994
Toni Meola, goleiro dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Tony Meola (goleiro)

Titular da seleção nas Copas de 1990 e 1994, Meola foi uma espécie de fenômeno esportivo juvenil: além do futebol, ele ganhou prêmios como jogador de basquete e beisebol — chegou a ser escolhido pelo New York Yankees no draft de uma liga inferior da modalidade.

Depois de fazer um bom Mundial em 1994, com defesas importantes na fase de grupos, o goleiro tentou usar seu talento poliesportivo e fez testes para ser kicker do New York Jets, da NFL, a liga de futebol americano. Acabou sendo reprovado e voltou para o "soccer".

Filho de imigrantes italianos, Meola também tentou jogar na Série A: fez três semanas de treinamentos no Parma, mas nunca disputou uma partida com o clube. De volta aos EUA, fez história como um dos principais goleiros da primeira década da MLS, em clubes como MetroStars e Kansas City Wizards.

Depois de tentar a carreira de técnico sem muito sucesso, o ex-goleiro passou a trabalhar com o microfone na mão: na última década, ele tem trabalhado como comentarista para rádios e TVs. Dois dos três filhos seguiram a tradição familiar e são jogadores. De beisebol.

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Fernando Clavijo, lateral dos EUA na Copa de 1994
Fernando Clavijo, lateral dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Fernando Clavijo (lateral)

Nascido em Maldonado, no Uruguai, Clavijo tinha 38 anos e já estava aposentado do futebol quando recebeu o chamado da US Soccer para se juntar à preparação para a Copa do Mundo de 1994.

Na época, ele disputava competições de futsal (era da seleção norte-americana) e futebol indoor, uma variante da modalidade, popular nos EUA no início dos anos 1990.

A expulsão de Leonardo é a mais famosa daquele 4 de julho de 1994, mas Clavijo também levou o segundo cartão amarelo, após falta por trás em Romário, aos 40 minutos do segundo tempo.

Depois da Copa-1994, ele engrenou uma carreira sólida como treinador, passando por times da MLS, pela seleção norte-americana de futsal, e sendo assistente da seleção da Nigéria. Morreu em 2019, depois de anos de luta contra um mieloma múltiplo.

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Marcelo Balboa, zagueiro dos EUA na Copa de 1994
Marcelo Balboa, zagueiro dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Marcelo Balboa (zagueiro)

Quem viu a Copa de 1994 não se esquece dos cabelos longos e do bigode imponente de Marcelo Balboa. Nem da bicicleta que passou a centímetros da trave contra a Colômbia — e que seria um dos mais belos gols da história dos Mundiais.

Trinta anos depois do torneio que o colocou no imaginário dos fanáticos por Copas do Mundo, Balboa tem uma vida modesta: é técnico do time de uma escola de Louisville, no Colorado.

Mas nem sempre foi assim: os anos depois da Copa do Mundo foram movimentados para o zagueiro filho de argentinos. Ele teve uma carreira vitoriosa na MLS (em 2005, foi eleito para o time de todos os tempos da liga) e também jogou pelo León, na Liga Mexicana.

A fluência no espanhol também abriu portas nos meios de comunicação latinos. Entre vários outros trabalhos, ele comentou os jogos dos Estados Unidos na Copa do Mundo de 2014 pela Univision, do México.

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Alexi Lalas, zagueiro dos EUA na Copa de 1994
Alexi Lalas, zagueiro dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Alexi Lalas (zagueiro)

Se fosse necessário escolher um jogador para resumir a seleção dos Estados Unidos de 1994, não haveria discussão: Alexi Lalas seria o escolhido. Os cabelos ruivos e longos, o cavanhaque pouco habitual para um jogador e o estilo de astro de rock fizeram dele um ícone da cultura pop.

Filho de imigrantes gregos — o nome na carteira de identidade não engana: Panayotis Alexander Lalas —, o zagueiro teve relativo sucesso na Europa depois daquele Mundial. Ele disputou duas temporadas da Série A com o Padova e ajudou a equipe a se manter na elite.

Em 1996, a MLS fez grandes contratações para aumentar o interesse do público. Uma das principais apostas foi no retorno de Lalas ao país.

O zagueiro virou uma das caras da liga norte-americana e, depois de aposentado, virou dirigente: ele era o diretor do LA Galaxy quando o clube contratou David Beckham, em 2007.

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Nos últimos anos, ele tem se dedicado a produzir conteúdo sobre o futebol nos EUA: primeiro como comentarista, e agora como apresentador de um podcast. Para quem o viu há 30 anos, um aviso: os cabelos e o cavanhaque ruivos ficaram no passado.

Paul Caligiuri, lateral dos EUA na Copa de 1994
Paul Caligiuri, lateral dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reproduçã

Paul Caligiuri (lateral)

Em uma seleção de universitários e semiamadores, Caligiuri destoava. Ele tinha no currículo passagens por equipes importantes do futebol alemão — Hamburgo, Freiburg e Hansa Rostock — quando enfrentou o Brasil naquele 4 de julho.

Na seleção, o lateral e volante também tinha uma carreira sólida: foi dele o gol que classificou os Estados Unidos para a Copa do Mundo de 1990, a primeira do país em 40 anos.

Como quase todos os jogadores daquele elenco, Caligiuri foi seduzido pela MLS nos primeiros anos da liga, onde esteve entre 1996 e 2001. Três anos depois de se aposentar, ele foi colocado no Hall da Fama do futebol nos EUA.

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Nos últimos anos, tem se dedicado a treinar equipes universitárias e de ligas menores do país.

Thomas Dooley, volante dos EUA na Copa de 1994
Thomas Dooley, volante dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Thomas Dooley (volante)

Filho de uma alemã com um soldado do exército estadunidense, Dooley foi descoberto no início da década de 1990, quando a US Soccer procurava por reforços para a seleção, pensando na Copa do Mundo de 1994.

Logo de cara, ele virou titular e um dos líderes da equipe. Assim como Caligiuri, ele tinha experiência na forte liga alemã, onde foi até campeão com o Kaiserslautern, em 1991. Ele foi eleito o melhor jogador norte-americano em 1993 e jogou todos os minutos dos quatro jogos na Copa do Mundo.

Dooley continuou na seleção até 1999 e foi capitão do time na Copa do Mundo de 1998, na França. Ele terminou a carreira na seleção com 81 partidas e sete gols marcados.

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Depois da aposentadoria, o volante começou uma longa carreira de técnico, que dura até hoje. Ele foi auxiliar de Jurgen Klinsmann na seleção norte-americana entre 2011 e 2014, além de ter comandado em duas passagens da seleção das Filipinas.

Mike Sorber, volante dos EUA na Copa de 1994
Mike Sorber, volante dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Mike Sorber (volante)

Eleito pelo técnico Bora Milutinovic como o melhor jogador dos EUA na Copa de 1994, Sorber teve carreira modesta antes e depois daquele Mundial.

Quando foi convocado para a Copa do Mundo, aos 23 anos, ele nunca havia disputado uma partida como profissional — ele saiu da Universidade de Saint Louis direto para o centro de treinamentos da seleção dos Estados Unidos.

Depois do bom desempenho na Copa, o volante passou dois anos jogando no Pumas, do México, antes de voltar para os EUA em 1996, na leva de grandes contratações da MLS, onde defendeu MetroStars e Chicago Fire.

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Aposentado em 2000, ele voltou à Universidade de Saint Louis, onde terminou a graduação e treinou a equipe de futebol. Entre 2007 e 2011, Sorber foi assistente técnico da seleção norte-americana. Nos últimos anos, ele tem passado por diferentes comissões técnicas de equipes da MLS, como Montreal Impact, Chicago Fire e Toronto FC.

Cobi Jones, meia dos EUA na Copa de 1994
Cobi Jones, meia dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Cobi Jones (meia)

Outro ícone estético da seleção norte-americana de 1994, com os cabelos em estilo dreadlock — algo raro na época — e suas arrancadas pela esquerda. Cobi Jones chamou tanto a atenção na Copa do Mundo que foi jogar na Inglaterra, no Coventry City.

Um ano depois, após se destacar na Copa América de 1995, ele foi contratado pelo Vasco, em uma das negociações mais surpreendentes e aleatórias do futebol brasileiro na época.

Jones teve dificuldades de adaptação, aprendeu meia dúzia de palavrões com o zagueiro Ricardo Rocha e foi embora sem deixar muitas saudades.

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De volta aos EUA, tornou-se uma lenda do LA Galaxy, onde jogou por 11 anos, foi treinador e assistente técnico. Atualmente dedica-se a comentar partidas da MLS para a Apple TV.

Tab Ramos, meia dos EUA na Copa de 1994
Tab Ramos, meia dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Tab Ramos (meia)

Quem assistiu aquela partida em Stanford não se esquece desse nome: eram 43 minutos do primeiro quando em um lance na ponta-esquerda do ataque brasileiro, Tab Ramos e o brasileiro Leonardo disputavam uma bola.

Para livrar-se de um agarrão do rival, o brasileiro lançou o cotovelo para trás e atingiu em cheio o rosto de Ramos, que desabou no gramado. O lateral-esquerdo foi expulso imediatamente.

Aquele momento, em 4 de julho de 1994, é sem dúvidas o mais lembrado da carreira de Tabaré Ramos Ricciardi, um uruguaio que mudou-se para os Estados Unidos com a família aos 11 anos.

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Antes daquele dia, Ramos já era uma espécie de celebridade do futebol local. Ele foi um dos pioneiros norte-americanos no futebol espanhol e chegou a atuar pelo Real Bétis, então na segunda divisão.

Só que a cotovelada de Leonardo mudou a carreira do meio-campista: ele teve uma fratura no rosto, levou meses para se recuperar e acabou dispensado, justamente quando teria a chance de jogar na elite do futebol espanhol.

De volta aos EUA, Ramos fez carreira no MetroStars, de Nova York, onde jogou até se aposentar em 2002. Desde então, faz carreira como técnico — já dirigiu a seleção sub-20 dos EUA, e seu último trabalho foi como auxiliar do New England Revolution.

Hugo Pérez, meia dos EUA na Copa de 1994
Hugo Pérez, meia dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Hugo Pérez (meia)

Nascido em El Salvador, Hugo Pérez tinha uma longa folha de serviços prestados à seleção dos EUA quando foi convocado para o Mundial de 1994. Ele disputou o Mundial sub-20 de 1983, as Olimpíadas de 1984 e 1988 e estava no grupo da Copa do Mundo de 1990.

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No total, foram 73 jogos e 13 gols pela seleção norte-americana. Curiosamente, o duelo contra o Brasil foi o único dele em Copas do Mundo. Na época, ele já estava na reta final da carreira, que encerrou em 1996, jogando no CD FAS, de El Salvador.

Depois de se aposentar, Pérez saiu dos holofotes e foi ser diretor de uma escola em San Francisco. Mas em 2002 ele voltou ao futebol como treinador.

Depois de passagens pelas seleções de base dos Estados Unidos e de El Salvador, assumiu o comando da seleção de seu país-natal em 2021. Foi demitido em setembro do ano passado.

Earnie Stewart, atacante dos EUA na Copa de 1994
Earnie Stewart, atacante dos EUA na Copa de 1994 Imagem: Reprodução

Earnie Stewart (atacante)

O único atacante dos EUA naquela tarde em Stanford nasceu na Holanda, filho de um aviador norte-americano com uma holandesa. Stewart passou quase toda a carreira jogando no país natal.

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Revelado pelo VVV Venlo, ele teve passagens pelo Willem II e pelo NAC Breda. Em 2003, já na reta final da carreira, finalmente defendeu uma equipe dos EUA, o DC United.

Depois de se aposentar em 2005, Stewart passou a ser dirigente e teve passagens pelo NAC Breda, AZ Alkmaar e Philadelphia Union. Em 2018, chegou à US Soccer (a confederação de futebol dos EUA), onde foi diretor geral e diretor esportivo.

Desde janeiro de 2023, o ex-atacante é diretor esportivo do PSV Eindhoven.

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