Como o Barcelona trocou o artilheiro da Euro por aposta em 'Messi coreano'
A busca por um "novo Messi", há uma década, fez o Barcelona perder um dos melhores jogadores da Eurocopa. Dani Olmo, um dos artilheiros da competição com 3 gols marcados, era uma das pérolas de La Masia — a base do clube catalão —, mas aos 16 anos decidiu ir embora.
Após o fim da temporada 2013-14, Olmo foi para o Dínamo de Zagreb, da Croácia. Na época, a transferência de uma das principais promessas do clube para um país distante da elite europeia foi surpreendente.
Hoje, vista com a perspectiva do tempo, a história é ainda mais incompreensível.
Há uma década, naquela primavera europeia antes da Copa do Mundo que seria realizada no Brasil, o Barcelona tinha Lionel Messi e Neymar como estrelas do time principal.
Classificação e jogos
O argentino estava no auge, o brasileiro havia acabado de chegar, e o clube olhava para a base procurando craques que pudessem, aos poucos, ocupar os espaços que pudessem aparecer no futuro.
Olmo, que havia chegado ao clube em 2008, foi um desses candidatos até 2012, quando estava na categoria Cadete. Mas ele acabou perdendo espaço quando a diretoria do Barcelona apostou em três jogadores sul-coreanos. Entre eles Seung-woo Lee, que já chegou à Catalunha com um apelido intimidador: "O Messi coreano".
Na época, Olmo era atacante; Lee, também. Coube ao catalão adaptar-se a jogar nas pontas (tanto pela direita quanto pela esquerda), e ele acabou perdendo protagonismo na equipe. Enquanto isso, o sul-coreano encantava os diretores das categorias de base, que apostavam nele como futura superestrela.
A falta de espaço e de perspectivas fez Olmo começar a pensar em outros caminhos para a carreira. Depois de duas temporadas sem conseguir brilhar, e com a proposta dos croatas em mãos, ele decidiu mudar de ares.
No clube de Zagreb, Olmo ficou seis anos e formou-se como jogador. Mesmo distante da elite europeia, ele continuou sendo convocado para as seleções espanholas de base, ficando no radar da federação do país.
Em janeiro de 2020, ele foi contratado pelo RB Leipzig. No clube alemão, tornou-se uma das referências do meio-campo e passou a ter chances também na seleção da Espanha.
Nas últimas temporadas, a cada janela de transferências, Olmo é colocado como uma possível contratação do Barcelona. A multa rescisória é de 60 milhões de euros (cerca de R$ 355 milhões).
O valor é considerado baixo dentro do contexto atual do futebol europeu, mas o clube catalão tem dois problemas: o primeiro é a falta de recursos; o segundo, a resistência em pagar por um jogador que já teve grátis e deixou escapar.
E o "Messi coreano"?
Se a história de Dani Olmo fora do Barcelona acabou com uma carreira sólida em clubes e seleção, o mesmo não se pode dizer de Lee. O "Messi coreano" jamais disputou uma partida pelo time principal do Barcelona e ainda foi, indiretamente, responsável por uma das maiores crises da história do clube.
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OLHAR APURADO
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Quero receberMeses antes da saída de Olmo, em abril de 2014, o Barcelona foi condenado por fazer contratos ilegais com menores de idade — entre eles, Lee. Os jogadores foram proibidos de jogar, e o clube ficou sem poder contratar durante uma temporada, contando a partir de agosto daquele ano.
Por ser o jogador mais famoso entre os jovens envolvidos no caso, Lee acabou marcado como responsável pela punição. Ele ficou duas temporadas apenas treinando e jogando amistosos, até completar 18 anos.
No retorno aos gramados, o "Messi coreano" chegou a disputar 9 jogos da Youth League, a Champions League sub-19, com dois gols e duas assistências.
Em 13 de março de 2016, jogou pela única vez uma partida de futebol profissional com a camisa do Barcelona — no caso, um duelo do Barça B, pela terceira divisão espanhola; ficou em campo por 13 minutos na derrota por 2 a 0 sobre o Lleida.
Na temporada 2017-18, Lee foi vendido ao Hellas Verona, onde ficou por duas temporadas, fez 43 jogos e dois gols. Depois, passou pelo St Truiden, da Bélgica, e pelo Portimonense, de Portugal, até voltar ao seu país em 2022, para defender o Suwon FC.
De volta à Coreia do Sul, ele se encontrou e tem feito boas temporadas, mas desapareceu do mapa da elite mundial. O último contato de Lee com os grandes palcos do futebol foi na Copa de 2018, na Rússia: a Coreia foi eliminada na primeira fase, mas venceu a Alemanha por 2 a 0 e tirou os então campeões mundiais do torneio.
O "Messi coreano" viu o feito histórico de perto, mas não dentro de campo. Ele estava no banco de reservas.
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