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Valderrama e Copa América Indígena mudaram destino de astro colombiano

Quando Luis Díaz entrar em campo para a final da Copa América, em Miami, neste domingo, algo parecerá familiar. Afinal, de certa forma, não será a primeira vez que ele estará ali.

Em 2015, foi uma Copa América que mudou para sempre a vida do ponta colombiano: a Copa América de Povos Indígenas, disputada no Chile.

Nascido na cidade de Barrancas, no departamento de La Guajira, ao norte da Colômbia, Luis Díaz é parte da etnia Wayúu. A origem indígena foi fundamental para que ele reescrevesse sua própria história.

Em 2015, pouco depois de completar 18 anos, Díaz ainda tentava engatar uma carreira profissional, depois de disputar com relativo destaque torneios nas categorias de base. Foi então que o ídolo colombiano Carlos Valderrama viu o garoto em ação.

Naquela época, o cabeludo ex-jogador estava em busca de jovens talentos para a seleção colombiana indígena. O pai de Luis Díaz, sabendo que haveria uma competição de povos indígenas, foi com o filho até Bogotá, para uma espécie de peneira organizada pela organização de povos indígenas do país.

Quando Valderrama viu o garoto rápido e franzino em ação, foi fácil ligar os pontos: Luis Díaz, o garoto Wayúu de Barrancas, não apenas seria convocado, como seria a principal aposta ofensiva do time.

O jovem Luis Díaz, então com 18 anos, na Copa América Indígena
O jovem Luis Díaz, então com 18 anos, na Copa América Indígena Imagem: Reprodução

Humilde e veloz

A viagem para o Chile foi a primeira de Luis Díaz para fora da Colômbia. Quem viveu aqueles dias de perto ainda se lembra do garoto tímido e humilde, que falava em voz baixa e ainda se acostumava a coisas simples como posar para fotos ou dar entrevistas.

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"Na fase final, ficamos no mesmo hotel e conversamos algumas vezes. Ele era muito humilde, de perfil baixo, em nenhum momento se comportava como se fosse melhor que os demais", disse German Castro, capitão da seleção chilena naquele torneio, em conversa com o UOL.

Em campo, Díaz se transformava. "Não posso dizer que a gente via que ele seria uma estrela, mas ele tinha algo diferente. Ele tinha um instinto de goleador, sempre estava na área, no lugar certo", afirmou Castro, que lembra que os chilenos sofreram com o jovem ponta rival.

"Ele era muito rápido, driblava em velocidade. E no um contra um era complicado. Se ele jogava a bola na frente, só parávamos com falta", recordou o chileno. O duelo entre as duas seleções aconteceu na semifinal: vitória colombiana por 3 a 1, com Díaz comandando o ataque.

Luis Díaz disputa bola no duelo entre Colômbia e Chile, pela Copa América Indígena de 2015
Luis Díaz disputa bola no duelo entre Colômbia e Chile, pela Copa América Indígena de 2015 Imagem: Reprodução

O início de tudo

Na final daquela Copa América, a Colômbia foi derrotada por 1 a 0 pelo Paraguai. Mas o destino de Díaz já havia mudado. Meses antes, ele já havia sido indicado por Valderrama para jogar no Barranquilla, na Segunda Divisão nacional.

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O bom desempenho no torneio chileno foi o que faltava para confirmar que Do jovem era um talento com potencial para ter uma carreira no futebol.

"Havia outros bons jogadores na seleção colombiana, mas ele foi o único que vingou. Acho que tem muito a ver com a pessoa que ele era fora de campo", afirmou Castro, o capitão chileno que hoje se orgulha de ter jogado contra o astro do Liverpool e da seleção principal da Colômbia.

"Eu sempre falo para os meus amigos, brinco que joguei contra o Luis Díaz. Tento seguir a carreira dele, ver os jogos da Premier League, e neste domingo estarei torcendo para a Colômbia, por causa dele", concluiu Castro, que não seguiu carreira no futebol. "Meu melhor momento foi jogar contra Luis Díaz naquela Copa América Indígena", brincou.

Com o fim daquela Copa América, Díaz voltou ao Barranquilla; um ano depois, ele já estreava na Primeira Divisão colombiana, pelo Junior, principal time da cidade, e era convocado para a seleção sub-20 da Colômbia.

Depois de três temporadas no Junior, o ponta foi vendido ao Porto em julho de 2020, por 8,5 milhões de euros (R$ 50 milhões), para começar uma carreira vitoriosa na Europa e se tornar referência na seleção. Neste domingo, ele é uma das esperanças colombianas diante da Argentina campeã do mundo.

Tudo começou numa outra Copa América, em estádios pequenos, com públicos modestos e um jovem tímido que mudou a própria história jogando futebol.

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