Fotógrafo que denunciou atos racistas contra Vini Jr. diz que sofre ameaças
O fotógrafo francês Jordan Bajo, que relatou ter presenciado atos racistas contra Vini Jr. no dérbi madrilenho, no domingo, disse ao UOL que tem sofrido ameaças de torcedores do Atlético de Madri.
Bajo estava no Estádio Metropolitano em um dia de folga, para assistir ao jogo entre Atlético e Real Madrid, acompanhado por amigos, entre os quais havia torcedores das duas equipes.
Na reta final do duelo, quando Vini Jr. foi substituído, ele diz ter presenciado atos racistas por parte do público.
"Quando o Vini saiu, eu vi grupos de torcedores gritando "macaco" ou fazendo sons imitando macacos. Eram alguns grupos de 10 a 15 pessoas. Somando todas, talvez fossem mais de 100. Não era o estádio inteiro, eram grupos em uma parte específica da arquibancada", contou Bajo ao UOL.
Depois de presenciar os atos racistas, o fotógrafo condenou as ações em suas redes sociais. Desde então, ele afirma que tem sido alvo de ameaças de torcedores do Atlético de Madri pela internet. "Muitos torcedores enviaram mensagens por Twitter e Instagram. Eu não publiquei o que vi ali porque queria aparecer, eu publiquei porque precisava desabafar, o que vi me fez ficar muito mal".
As publicações de Bajo chegaram à Comissão Antiviolência do Conselho Superior de Esportes da Espanha. Agora, ele espera que as autoridades entrem em contato com ele, para ajudar nas investigações, o que deve ocorrer ainda nesta semana.
"Infelizmente não tenho vídeos que possam servir como prova. Então, acaba ficando a minha palavra contra a dos torcedores neste caso", afirma.
Possível punição
Não é a primeira vez que há manifestações racistas durante uma partida no Metropolitano de Madri. No início de setembro, o atacante Nico Williams — do Athletic de Bilbao e da seleção espanhola — também foi alvo. Um torcedor foi denunciado.
Desta vez, as chances de haver uma punição contra o Atlético de Madri pelo comportamento de sua torcida são maiores. Não necessariamente por causa da denúncia de Jordan Bajo, mas porque a partida foi interrompida durante 20 minutos, por outro motivo: objetos foram arremessados das arquibancadas em direção ao campo.
A súmula da partida, assinada pelo árbitro Mateo Busquets Ferrer, não cita manifestações racistas, mas registra que "aos 19 minutos do segundo tempo, foram lançados vários objetos contra o goleiro da equipe visitante, sem que nenhum o atingisse. Entre os objetos havia três isqueiros e uma garrafa de água".
O documento também relata que houve duas tentativas de acalmar os torcedores com mensagens no circuito de som do estádio, mas não foi possível. As duas equipes foram para os vestiários e esperaram os ânimos se acalmarem para que, por fim, o duelo terminasse no empate por 1 a 1.
Pelos incidentes, o Atlético de Madri foi punido com a interdição de parte da arquibancada (de onde foram lançados os objetos) por três partidas.
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