Não é só o Brasil: a 20 meses da Copa, favoritos também têm suas crises
Tornou-se comum ler, escrever, ouvir e falar que a atual seleção brasileira é "a pior da história". O quarto lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 e as atuações recentes, com pouco brilho e várias mudanças no time, dão argumentos aos detratores.
Seja na breve gestão Ramon Menezes, na passagem de Fernando Diniz ou no atual trabalho de Dorival Jr., é difícil não concordar que há uma crise técnica.
Só que, ampliando os horizontes e olhando mais além do próprio quintal, é difícil achar uma grama que esteja excepcionalmente verde: dentre as seleções consideradas favoritas ao título da próxima Copa do Mundo, quase todas passam por turbulências — seja dentro de campo, fora dele, ou ambos.
Vejamos, então, como andam as cinco seleções estrangeiras mais bem cotadas para o Mundial de 2026, que começa daqui a 20 meses.
França: polêmica com Mbappé e saída de Griezmann
Finalista das últimas duas Copas do Mundo (venceu em 2018, foi vice em 2022), a seleção francesa tem tradicionalmente um ambiente complicado. Só que, desta vez, eles envolvem o principal jogador da equipe.
Kylian Mbappé, principal estrela do futebol no país, pediu para não ser convocado para esta Data Fifa alegando uma lesão. Só que ele foi visto em uma festa numa discoteca em Estocolmo, no mesmo dia em que a seleção jogava com Israel.
O episódio se soma a um momento delicado: a seleção foi abaixo das expectativas na Eurocopa e, no mês passado, Antoine Griezmann anunciou que não joga mais pelos Bleus.
Inglaterra: sem técnico e sem rumo
A torcida e a imprensa inglesa dedicaram-se anos a criticar o treinador Gareth Southgate, que comandou a equipe por oito anos. O técnico deixou o cargo após o vice-campeonato na Eurocopa.
A expectativa geral na Inglaterra é que um nome de renome — Jurgen Klopp, Pep Guardiola ou José Mourinho — fosse indicado para a posição. Mas nenhum deles foi contratado. Desde setembro, o irlandês Lee Carsley, ex-técnico da seleção sub-21, comanda o time principal.
Além da indefinição fora de campo, há questões técnicas importantes. Apesar da abundância de laterais e jogadores de ataque, a Inglaterra ainda procura zagueiros centrais e goleiros de confiança. Na primeira partida da Data Fifa, o English Team perdeu por 2 a 1 para a Grécia em Wembley, pela Liga das Nações.
Espanha: resultados escondem caos dos bastidores
Quem vê de fora pode achar que o futebol da Espanha vive seu melhor momento: em um ano, o país conquistou a Copa do Mundo feminina, enquanto o time masculino levou a Eurocopa e o ouro olímpico.
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Quero receberSó que a Federação Espanhola (RFEF) vive um caos administrativo. Atualmente sem um presidente, a entidade tem até o fim do ano para realizar eleições, ou poderá ser suspensa — o que significa nem sequer ir à Copa do Mundo.
A situação de impasse levou a um cenário incomum: o técnico Luis de la Fuente não teve o contrato atualizado e mantém o mesmo salário de quando comandava a seleção sub-21. Na semana passada, ele falou sobre o caso para a Cadena SER: "Não sei se isso aconteceria com Luis Enrique", reclamou.
Alemanha: renovação forçada sem margem de erro
Eliminada nas duas últimas Copas do Mundo na fase de grupos, a Alemanha passou pelos piores momentos de sua história, e o cenário não melhorou imediatamente após o Mundial do Qatar.
A chegada de Julian Nagelsmann, em setembro do ano passado, veio com uma promessa de renovação, mas começou com derrotas para Tunísia e Áustria. Após o susto inicial, o jovem treinador, de 37 anos, começou a dar sinais de melhora, com vitória sobre a França em amistoso e uma Eurocopa que deixou boa impressão.
Só que o processo de renovação do time terá de ser acelerado: Toni Kroos se aposentou, e Thomas Muller, Manuel Neuer e Ilkay Gundogan anunciaram que o ciclo na seleção acabou. A Alemanha precisa se reciclar sem margem de erro: o próximo grande evento já é a Copa do Mundo.
Argentina: O fim de Messi e o elefante na sala
Atual campeã do mundo, a seleção argentina lidera as Eliminatórias para a Copa de 2026 e não deve sofrer para confirmar uma vaga por antecipação no torneio. O problema, no caso da equipe comandada por Lionel Scaloni, é outro: Lionel Messi.
O camisa 10 ainda não decidiu se disputará ou não o próximo Mundial. Ele joga nos EUA, terá 39 anos na época do torneio e há um lobby enorme — de dirigentes, patrocinadores e companheiros de equipe — para que ele dispute sua sexta Copa.
Esse é o dilema de Scaloni: fazer uma equipe ao redor de Messi funcionou em 2022, mas o Leo de 2026 será outro jogador. Por outro lado, pensar num time sem ele é correr o risco de ter que mudar tudo caso o craque decida jogar.
Para além da questão Messi, o país não vem de uma grande geração de jovens. Entre os convocados para esta Data Fifa, seis têm menos de 25 anos; na criticada seleção brasileira, o número chega a 10.
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