A amizade impossível: seleção e camiseta uniram astros do clássico espanhol

As façanhas — aliadas à boa temporada por seus clubes — recolocam o Brasil numa posição que não era ocupada desde o início do século: o país, que já viu embates de Ronaldo x Ronaldinho, volta a ter protagonistas nos dois gigantes da Liga Espanhola.

Só que, em meio à rivalidade inerente a tudo o que cerca o El Clásico, há uma relação de amizade. Até pela tensão que envolve as relações entre os clubes, os dois mantêm certo distanciamento.

É uma espécie de "amizade impossível": um não pode visitar o outro em casa, nem fazer publicações nas redes sociais elogiando o desempenho do colega, ou mesmo torcer publicamente pelo sucesso do amigo.

Em julho de 2022, meses antes de assinar com o Barcelona, Raphinha publicou uma mensagem de "feliz aniversário" para o amigo no Instagram. Desde que chegou ao clube catalão, as interações nas redes sociais diminuíram.

Ainda assim, eles encontram maneiras de demonstrar o respeito e admiração que têm um pelo outro. A amizade se mantém no ambiente da seleção e nos duelos entre os dois gigantes espanhóis: Vini e Raphinha já trocaram camisas mais de uma vez após as partidas.

Seleção uniu os pontas

Vini e Raphinha se aproximaram na seleção brasileira, quando o jogador do Barcelona (que à época estava no Leeds, da Inglaterra) foi chamado pela primeira vez por Tite, em 2021. Raphinha era um novato, praticamente desconhecido no Brasil, com uma carreira toda na Europa. Vini havia chegado pouco antes.

O jogador do Real Madrid foi, segundo o próprio Raphinha, um dos companheiros que mais ajudou na adaptação. "Quando eu cheguei à seleção, ele já estava e me ajudou muito. A gente se dá super bem", disse o atacante do Barcelona, em entrevista à rádio catalã RAC1.

"Eles sempre tiveram uma ótima relação. Raphinha é extremamente educado e simpático", disse ao UOL uma pessoa próxima a Vini.

Na entrevista à RAC1, Raphinha foi perguntado sobre a personalidade de Vinícius e as polêmicas envolvendo o jogador do Real Madrid. A resposta arrancou risadas dos apresentadores.

"O Vinícius dentro de campo é completamente diferente do Vinícius longe do futebol. O que eu gostaria de falar pra vocês é que Vini não é uma pessoa ruim. Ele é espetacular, uma ótima pessoa. Eu já falei pra ele que não precisa fazer algumas coisas, mas entendo o que ele faz. Eu quando era mais jovem era mais chato que ele", disse Raphinha.

Apoio no momento mais difícil

Os "laços invisíveis" entre os dois colegas de seleção (e rivais no futebol de clubes) ficaram mais evidentes em um dos piores momentos da carreira e da vida de Vini Jr.: logo depois de sofrer ofensas racistas no Estádio Mestalla, em Valência.

Três dias depois de ver o colega ser ofendido por um grupo de torcedores, Raphinha foi a campo contra o Valladolid com uma camiseta com uma frase de apoio a Vini.

A mensagem era um verso da canção "War" de Bob Marley. "Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra". Na parte de trás, Raphinha não deixava dúvidas sobre o destinatário: "Tamo junto, Vini".

Em sua conta no X (antigo Twitter), Vini publicou a foto do amigo com a camiseta, agradecendo pela mensagem. Por trás das câmeras, ele também chamou Raphinha para agradecer.