É hoje, Vini? Depois de 17 anos, Brasil volta a ter favorito à Bola de Ouro
Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior pode encerrar nesta segunda-feira, em Paris, uma espera de 17 anos. Desde 2007, o Brasil, país mais vencedor do futebol mundial, não tem um jogador premiado como melhor do mundo.
Campeão da Champions League, da Liga Espanhola e da Supercopa da Espanha na temporada 2023-24, Vini Jr. é apontado por especialistas como favorito a conquistar a Bola de Ouro, prêmio criado nos anos 1950 pela revista France Football.
O brasileiro tem como principais rivais o volante Rodri, do Manchester City, campeão europeu com a Espanha, e o inglês Jude Bellingham, seu companheiro de Real Madrid.
O último brasileiro a chegar tão forte para a entrega do Prêmio masculino foi Kaká. Ele também foi o último vencedor do país.
Último prêmio inaugurou nova era
Foi no já distante dia 2 de dezembro de 2007, também em Paris. O meia-atacante do Milan foi eleito o vencedor, em uma cerimônia muito mais modesta do que a que pode coroar Vini Jr. no Teatro do Châtelet, na capital francesa.
Naquela época, apenas o vencedor aparecia no auditório para receber o troféu. O resultado da votação mostrou que Cristiano Ronaldo, então com 22 anos, foi o segundo colocado e Lionel Messi, 20, foi o terceiro.
Dez dias depois, no prêmio da Fifa, Kaká voltou a vencer, com o argentino em segundo e o português em terceiro, ambos a seu lado no palco da Opera House de Zurique, com Pelé e Joseph Blatter como anfitriões.
Naquela época, o Brasil de Kaká, o melhor do mundo, estava em alta: o pentacampeonato de 2002 ainda era recente, a derrota na Copa de 2006 era vista como um acidente de percurso, e jogadores do país somavam 5 Bolas de Ouro em 11 temporadas.
Desde então, as coisas mudaram para pior. Quatro Copas do Mundo depois, a seleção brasileira chegou apenas uma vez à semifinal, sofrendo a goleada mais humilhante de sua história, o 7 a 1 para a Alemanha.
Quanto aos prêmios individuais, o país colecionou jogadores que foram apontados como candidatos a melhor do mundo, mas só agora, em 2024, realmente tem um candidato com chances de levar a Bola de Ouro.
Quem ficou pelo caminho
Entre Kaká e Vini Jr., o Brasil não parou de produzir grandes jogadores. Só que, por diversos motivos, todos eles ficaram pelo caminho na luta pelos principais prêmios individuais.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberEm 2007, o país tinha pelo menos quatro candidatos às primeiras posições nos anos seguintes: o próprio Kaká, Ronaldinho — vencedor em 2005 — e os jovens Robinho e Adriano, que pediam passagem na seleção brasileira e então defendiam Real Madrid e Internazionale.
Kaká acabou sofrendo com as lesões, sobretudo um problema crônico no púbis, e nunca mais repetiu aquela temporada. Ele foi nono na Bola de Ouro em 2008 e sexto em 2009, ano em que trocou o Milan pelo Real Madrid; depois da mudança de clube, nunca mais recebeu votos.
No caso de Ronaldinho, aquela premiação de 2007 marcou a última em que ele esteve em alto nível na Europa: ele terminou a votação da Bola de Ouro em 12º lugar. Em 2008, como parte de uma renovação do Barcelona, o gaúcho foi para o Milan, em sua última parada no futebol europeu. Na Itália, ele continuou encantando com dribles e jogadas incríveis, mas saiu do radar dos prêmios individuais.
Quando Kaká recebeu os prêmios de melhor do mundo, Robinho e Adriano eram candidatos a sucessores: ambos haviam vencido a Copa das Confederações em 2005 e disputado a Copa de 2006.
Robinho foi o nono colocado naquela Bola de Ouro de 2007, quando estava no Real Madrid; em 2008, ele trocou o clube espanhol pelo Manchester City e nunca mais recebeu votos.
Adriano chegou ainda mais perto do pódio: foi sexto em 2004 e sétimo em 2005, ano em que foi campeão, melhor jogador e artilheiro da Copa das Confederações. Mas, depois de uma Copa abaixo da crítica em 2006, ele começou a perder espaço na Internazionale e nunca mais voltou a ser lembrado para as premiações.
Neymar foi "vítima" de gênios
Neymar foi, sem dúvidas, quem mais chegou perto de romper o tabu brasileiro na Bola de Ouro. Só que ele foi, também, quem mais vezes teve de competir contra Lionel Messi (8 Bolas de Ouro) e Cristiano Ronaldo (5).
Entre 2011, ainda no Santos, e 2021, no PSG, o camisa 10 foi votado em nove edições do prêmio da France Football. Em 2015 e 2017, ele ficou em terceiro lugar — Messi levou em 2015, Ronaldo em 2017.
A obsessão pelo reconhecimento como melhor do mundo foi um dos fatores que motivou a saída do Barcelona para o PSG. A análise do estafe do jogador é que, no clube francês, ele teria mais chances de ser protagonista e ganhar votos, enquanto na equipe catalã havia a sombra constante de Messi.
Nas seis temporadas de PSG, Neymar jamais conseguiu entrar na briga direta pelo prêmio, nem o clube conquistou o sonhado título da Champions League.
Nos dois anos em que foi terceiro — 2015, no Barcelona, e 2017, já em Paris —, ele nunca foi favorito e teve votação distante dos dois líderes.
O Canal UOL faz a cobertura com comentários de Julio Gomes, Thiago Arantes e Rafael Reis, a partir das 15h45.
Deixe seu comentário