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Em meio a guerra, brasileiros do Shakhtar usam Champions para matar saudade

Disputar a Champions League é a chance de medir forças contra os melhores times da Europa, de estar lado a lado com as grandes estrelas do futebol mundial. Só que, para os sete jogadores brasileiros do Shakhtar Donetsk, a competição tem um significado muito maior: é a chance de um reencontro com a família.

Por questões de segurança, devido à guerra na Ucrânia, os jogadores estrangeiros não podem levar familiares para o país. A chance de ver esposas, filhos, pais e irmãos é nas saídas do território ucraniano.

Os jogos da Champions League são o cenário propício para o reencontro, porque o Shakhtar não joga mais na Ucrânia pela competição. Os jogos "em casa" são realizados na Veltins Arena, em Gelsenkirchen, na Alemanha.

"Quando a gente tem jogo na Champions League, seja na Alemanha ou em qualquer outro país, alguns familiares vão ver os jogos, para a gente se encontrar e matar as saudades", explica ao UOL o volante Marlon Gomes, ex-Vasco.

Os encontros costumam ser rápidos: algumas horas no dia anterior às partidas e no próprio dia do jogo. Ciente da situação, o clube tem aberto exceções para permitir o contato dos jogadores com as famílias.

"Nosso contato basicamente é por celular, ninguém tem família na Ucrânia. O maior problema é a saudade. Nenhum jogador brasileiro está acostumado a ficar esse tempo todo longe da família, dos nossos filhos, pais, irmãos", diz Marlon Gomes.

A distância dos familiares fez com que os brasileiros do Shakhtar criassem uma relação especial. "Hoje, nós somos uma família. Se um dia alguém não acorda muito bem para treinar, ou não está muito feliz, o colega vai lá e tenta ajudar. A gente vai se ajudando", conta.

Esportivamente, a situação do Shakhtar Donetsk e dos jogadores brasileiros do clube é de exceção há uma década. A equipe, que chegou a ter 15 atletas do país em seu elenco, teve de deixar sua cidade em 2014 devido à guerra na região de Donbas.

Desde então, entre mudanças de centro de treinamento e de estádios onde recebia seus jogos, o Shakhtar passou por Kiev, Kharkiv e Lviv, onde encontra-se atualmente. A cidade está distante do epicentro da guerra, mas ainda assim as medidas de segurança se impõem.

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Newerton, Eguinaldo, Kelvin e o lateral Pedrinho são 4 dos brasileiros do Shakhtar
Newerton, Eguinaldo, Kelvin e o lateral Pedrinho são 4 dos brasileiros do Shakhtar Imagem: Divulgação

Os sete brasileiros do elenco moram na cidade, próxima à fronteira com a Polônia e distante das áreas de invasão russa. Devido às restrições de tráfego aéreo, os deslocamentos internos para partidas da Liga Ucraniana e Copa da Ucrânia são realizados de ônibus, em trajetos que duram até 12 horas.

Para os duelos fora do território ucraniano — nesta temporada, os da Champions League — a delegação cruza a fronteira com a Polônia de ônibus, e então usa os aeroportos do país vizinho para viajar.

Após seis das oito rodadas da fase de Liga, a situação do Shakhtar é delicada: a derrota por 5 a 1 para o Bayern de Munique, na quarta-feira (11), deixou o clube com apenas 4 pontos, na 27ª posição entre os 36 participantes.

As próximas partidas, já em janeiro, serão novamente na Alemanha: no dia 22, diante do Brest, na "casa" improvisada de Gelsenkirchen; e dia 29, em Dortmund, contra o Borussia.

Nos dois confrontos, o Shakhtar precisaria somar pelo menos quatro pontos. Assim, aumentaria as chances de ficar entre os 24 primeiros e ir aos playoffs das oitavas de final. E, com dois jogos a mais, daria aos brasileiros mais duas chances para abraçarem seus familiares.

Reportagem

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