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Prêmio de Vini mostra a Neymar que não há atalhos para ser melhor do mundo

A imagem de Vini Jr. com o prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa enche o torcedor brasileiro de orgulho. Depois de 17 anos, um atleta do país está no topo do futebol mundial.

Mas, ao mesmo tempo que o prêmio ao camisa 7 do Real Madrid desperta admiração, uma pergunta salta aos olhos: por quê, afinal, Neymar nunca chegou lá?

Não há apenas uma resposta, mas todas elas convergem para um ponto comum: durante sua carreira na Europa, Neymar e seu estafe transformaram o objetivo de ser o melhor jogador do mundo em uma obsessão.

Era como se a preocupação maior fosse ganhar o prêmio de melhor do mundo, e não transformar-se no melhor do mundo. São coisas diferentes.

Para saciar essa ânsia de ganhar um prêmio de melhor do mundo em um mundo que tinha (pelo menos) dois jogadores melhores que ele, Neymar mudou o caminho de sua carreira e tentou pegar um atalho.

Neymar na apresentação no PSG em 2017
Neymar na apresentação no PSG em 2017 Imagem: NurPhoto/NurPhoto via Getty Images

A saída do Barcelona para o PSG foi consequência de uma ideia que martelava na cabeça de quem cercava o craque brasileiro (e dele também, em menor medida): com Messi, ele nunca seria o líder do Barcelona.

Ir para Paris não era apenas embolsar as luvas do maior valor já pago por um atleta. Era, principalmente, abrir uma via para conquistar o troféu (fosse a Bola de Ouro ou o The Best). O desafio no PSG era ganhar a Champions League em uma equipe sem Messi ou Cristiano Ronaldo. Caso conseguisse, o plano seria cumprido.

Quase funcionou em 2020. Neymar levou o PSG até a final, mas viu o time cair diante do Bayern de Munique. Hoje, sete anos e meio depois, o brasileiro tenta voltar a jogar pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita e está há mais de um ano fora da seleção brasileira, vítima de uma lesão grave e de suas recaídas.

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Em Paris, ele mostrou que, quando saudável, era um craque totalmente fora da curva. Mas a sequência de lesões, a explosão de Kylian Mbappé (campeão do mundo e artilheiro do time) e até a efêmera passagem de Messi (não adiantou fugir) mudaram o status de dono do time, e também de candidato ao topo.

Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo: concorrência pesada
Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo: concorrência pesada Imagem: AFP PHOTO / OLIVIER MORIN

Os votos e resultados dos principais prêmios não deixam dúvidas: o atalho de Neymar jamais o aproximou de ser o melhor do mundo.

Quando Messi e Cristiano Ronaldo saíram dos grandes palcos europeus, o planeta deveria estar aos pés de Neymar — o maior candidato a herdeiro de ambos —, mas não estava. Já era hora de buscar outros ídolos; entre eles, Vinícius Júnior.

O novo melhor do mundo da Fifa é fã e amigo de Neymar, mas traçou um caminho diferente do ídolo rumo ao prêmio conquistado na terça (17). Não se trata de escolher o Real Madrid e não o Barcelona.

Vinicius Jr com o presidente Florentino Pérez em apresentação ao Real Madrid
Vinicius Jr com o presidente Florentino Pérez em apresentação ao Real Madrid Imagem: Reprodução/RMTV
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Vai muito além disso: desde que pisou na Europa, Vini Jr. nunca procurou atalhos. Quando o Real Madrid anunciou a contratação, por 45 milhões de euros, em 2017, um artigo em um jornal catalão chamava o brasileiro de "o melão mais caro do mundo".

Na gíria espanhola, "melão" é algo que causa dúvidas — porque quando alguém compra um melão, não sabe se ele está bom antes de abri-lo. O tempo mostrou que Vini Jr. era o melhor melão da colheita, mas o caminho foi difícil.

O brasileiro teve de passar pelo Castilla (o time B do clube merengue) e amargou temporadas inteiras tentando se firmar no time titular. Foi chamado de "Neguebinha" no Brasil, enquanto na Espanha discutiam se Marco Asensio não era uma opção melhor.

Primeiro, Vini Jr. foi criticado por errar muitas finalizações; depois, por tentar driblar demais. Quando os gols começaram a sair e os dribles a funcionar, as críticas esportivas foram perdendo razão. Vieram os casos de racismo.

Vini Jr pela seleção durante manifestação contra o racismo antes do amistoso contra Guiné
Vini Jr pela seleção durante manifestação contra o racismo antes do amistoso contra Guiné Imagem: Albert Gea/Reuters

Em meio a mais de uma dezena de episódios, Vini poderia ter olhado para outro lado. O PSG sempre foi uma opção; os maiores times da Premier League estenderiam um tapete vermelho no caso de um mínimo aceno; e a Arábia Saudita já tem preparado o maior contrato da história do esporte.

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Vini Jr. não apenas escolheu ficar no clube, como assumiu (praticamente sozinho) uma batalha antirracista no futebol espanhol.

Espremido entre o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e o Real Madrid de Kylian Mbappé, Vini Jr. conseguiu criar o seu Real Madrid. Soube esperar a hora de Karim Benzema conquistar a Bola de Ouro e nunca se incomodou com a busca incessante de Florentino Pérez por uma estrela que atua na mesma posição que ele.

Vini Jr. melhor do mundo enche o torcedor brasileiro de orgulho. Não apenas por encerrar uma travessia de 17 anos, mas por recolocar o país no topo sem nenhum tipo de atalho.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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