Além de Barça x Real: 'caso Olmo' vira batalha de políticos na Espanha
Contratado pelo Barcelona por 48 milhões de euros (R$ 300 milhões) em agosto de 2024, o meio-campista Dani Olmo tornou-se protagonista de uma batalha que já não envolve apenas os maiores clubes do país, mas também os dois principais partidos políticos espanhois.
Para entender a história é preciso revisitar os últimos anos do clube catalão.
Na virada do ano, soube-se que, por motivos de adaptação ao Fair Play Financeiro da Liga Espanhola, o Barcelona não poderia manter a inscrição de Olmo — principal contratação do clube para a temporada — nos torneios nacionais. O atacante Pau Victor também foi afetado. Um problema que não é novo.
De forma resumida, a regra espanhola afirma que um clube não pode gastar mais do que arrecada. O Barcelona vem enfrentando problemas com a normativa desde a pandemia, quando perdeu faturamento de venda de ingressos no Camp Nou e ao mesmo tempo manteve a folha salarial mais alta da Europa.
Foi por causa desse desajuste que Lionel Messi teve de deixar o clube em agosto de 2021; nos anos seguintes, para se adequar ao Fair Play, o Barcelona vendeu ativos, adiantou o recebimento de cotas de TV, reduziu salários e limitou gastos em contratações.
Aos trancos e barrancos, o clube foi conseguindo inscrever seus jogadores. Olmo, por exemplo, conseguiu ser inscrito porque havia jogadores lesionados no elenco — uma brecha na legislação que o clube aproveitou. Com a volta dos colegas à ativa, o meia da seleção espanhola voltou a ficar no limbo.
A Guerra Política
A situação de Olmo (e, em menor escala, também de Pau Victor) tem sido o principal assunto na imprensa esportiva espanhola desde os últimos dias. E, como tudo na Espanha, o caso virou uma discussão entre Barcelona e Real Madrid.
Na semana passada, o Barcelona foi ao Conselho Superior de Esportes (CSD) da Espanha, com um pedido de cautelar para que os jogadores pudessem ser inscritos na decisão da Supercopa da Espanha. Olmo e Victor não puderam disputar a semifinal contra o Athletic Club, que acabou com vitória dos catalães por 2 a 0.
Na noite de quarta-feira (8), o CSD aceitou o pedido do Barcelona. O órgão, ligado ao governo espanhol, aceitou o pedido do clube, alegando que a situação "prejudicava os dois jogadores e também os interesses da seleção espanhola". A decisão é provisória, até que seja realizado o julgamento do caso.
Diante da decisão do CSD, o porta-voz do Partido Popular (PP), Borja Sémper, afirmou que a medida "é favorecimento a um clube, e altera a competição". O político, um dos principais líderes da oposição ao governo espanhol (comandado pelo Partido Socialista Obreiro, o PSOE), também afirmou que houve "anistia" ao Barcelona.
O uso da palavra anistia é uma clara alusão à decisão do governo espanhol de anistiar políticos e ativistas catalães que foram presos por pedir a independência da Catalunha. A Lei de Anistia foi aprovada pelo parlamento comandado por Pedro Sánchez (PSOE), presidente do Governo espanhol, maior adversário político do PP.
Gestos obscenos e palavrões
No calor da guerra política e esportiva, o presidente do Barcelona, Joan Laporta, protagonizou cenas que apimentaram ainda mais o caso, depois da vitória sobre o Athletic Club.
Em imagens flagradas pela TV3, emissora catalã, o mandatário fez gestos obscenos nos camarotes do estádio de Jidá. Ele também gritou palavrões em direção a outros dirigentes, em uma mistura de desabafo e descontrole.
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