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Quem é o brasileiro que ajudou a vender um clube inglês por R$ 780 milhões

Os amigos de Oliver Seitz costumam dizer que o trabalho dele é comprar e vender clubes de futebol. Mas o curitibano, de 44 anos, diz que a definição é um tanto imprecisa. "Meu trabalho é comprar clubes, melhorá-los e depois vendê-los", corrige, em conversa com o UOL.

Seitz é COO (diretor de operações) da United World, grupo do príncipe saudita Abdullah Bin Mosaad al Saud, que tem a propriedade de clubes na Europa e na Ásia. Na virada do ano, o brasileiro ajudou no processo de venda do Sheffield United, tradicional time da Inglaterra, para o consórcio norte-americano COH Sports, por US$ 135 milhões (cerca de R$ 780 milhões).

A negociação foi longa e durou meses. A venda representou um marco no futebol inglês e europeu por causa da valorização do clube. A United World comprou o Sheffield 11 anos antes, por cerca de 12 milhões de dólares, menos de 10% do valor de venda.

"Conseguimos algo que é muito raro: pegamos um clube na terceira divisão, praticamente quebrado, e entregamos um clube que participou de três das últimas cinco temporadas da Premier League. Isso no futebol é muito difícil, porque os investidores entram, gastam, perdem dinheiro e daí vendem o clube mais barato do que compraram", afirma Oliver Seitz.

"Aumentamos a receita em 10 vezes, reformamos o estádio, compramos um CT. Enfim, transformamos o clube. Saímos com uma valorização mais de 10 vezes superior à de quando entramos. Conseguir fazer essa valorização em um clube é o tipo de investimento em SAF que faz sentido", resume o brasileiro.

Seitz chegou à United World há 4 anos, depois de passagens pelo Coritiba, como gerente de marketing, e pelo Athletico, onde foi chefe de scout e análise de desempenho. No clube inglês, ajudou a implementar uma nova metodologia de contratações, com foco em jogadores jovens.

A estratégia deu resultado: quando foi vendido, o clube tinha um elenco com média de idade de 24 anos, a terceira menor da Championship, a segunda divisão inglesa. Mesmo com o rebaixamento na temporada passada, o valor da marca já havia sido resgatado.

"Nossa preocupação era transformar o clube em uma instituição forte. É um dos clubes históricos da Inglaterra, com o estádio mais antigo ainda em atividade. Essa valorização traz benefícios para os investidores, é claro, mas também para a comunidade local, que volta a ter um time forte", diz o brasileiro.

Oliver Seitz no estádio do Sheffield United, equipe que ajudou a vender por R$ 780 milhões
Oliver Seitz no estádio do Sheffield United, equipe que ajudou a vender por R$ 780 milhões Imagem: Arquivo pessoal

"Gangorra" com planejamento

Em seu processo de renascimento, o Sheffield United voltou à Premier League na temporada 2019-20, depois de 13 anos perambulando pela segunda e terceira divisões. O sonho durou duas temporadas: em 2020-21, o clube caiu para a Championship.

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Então, foram mais duas temporadas longe da elite, até o regresso em 2023-24, quando veio o novo rebaixamento. Essa "gangorra" entre primeira e segunda divisões pode parecer frustrante aos olhos dos torcedores e da imprensa, mas é considerada normal desde o ponto de vista do negócio.

"Os clubes-empresas estão ficando mais responsáveis financeiramente. E, por isso, quem sobe pra Premier League quase sempre vai cair. Porque eles pegam o dinheiro a mais que recebem e investem na estrutura do clube, em vez de fazer apostas malucas no mercado ou contratar jogadores famosos", explica Seitz.

Na temporada passada, o Sheffield United caiu junto com Luton Town e Burnley — os três tinham subido juntos para a Premier League.

"É uma certa dicotomia do futebol: a torcida quer que o clube ganhe sempre, mas o investidor tem que pensar no longo prazo, nessa melhora gradual. Hoje em dia, Ipswich e Southampton vivem a mesma realidade na Premier League, e ambos têm um perfil parecido ao do Sheffield United", afirma.

Foi esse ciclo de reinvestimentos na própria estrutura do clube que fez o Sheffield ter uma valorização fora da curva. Agora, após a venda do clube inglês, a United World ficou com três equipes. A principal delas é o Beerschot, que disputa a primeira divisão da Bélgica, e vive um processo de "gangorra" parecido — subiu na temporada passada, mas está na última posição e deve cair de novo.

A prioridade agora é aproveitar o dinheiro da venda do Sheffield para reinvestir em um ou mais clubes de grandes ligas. Oliver Seitz já esfrega as mãos. Por mais que não concorde 100% com a brincadeira dos amigos, chegou a hora de comprar um clube novo.

Reportagem

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2 comentários

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Haimowski Moraes Alemi Representacoes Comerciais D

Uma sugestão é comprar o C.A.Juventus. Motivos: 1) Clube completou 100 anos em 2025 2) O estádio da Rua Javari - o Conde Rodolfo Crespi, tem esse tempo de vida e é considerado a Capela Sistina do futebol mundial 3) Há espeço suficente para ampliar a área do estádio e transformá-lo numa arena para 20/25 mil pessoas 4) Está localizado no coração de S.Paulo, na Mooca, a cerca de 5 km do centro da cidade de S.Paulo. Melhor investimento não há.

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Alcides Lisboa Francisco

Brasileiro, Corinthiano e Formiga, tem em todos os lugares.....em todos os cantos. O cara é CO (diretor de operações) de um grupo, do Príncipe Saudita.

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