O que Daniel Alves, Antony e Falcão têm de igual e de diferente
Não há explicações fáceis para questões difíceis.
Daniel Alves está preso, Antony está no olho do furacão e Falcão desapareceu.
Daniel Alves, 40, vive numa prisão em Barcelona, milionário e à espera da sentença que pode fazer de sua fortuna a alegria apenas dos seus parentes.
Antony, 23, caso o desfecho das acusações contra ele lhe seja contrário, pode terminar na rua da amargura.
E Paulo Roberto Falcão, 69, o Rei de Roma, desapareceu do noticiário depois que se demitiu do Santos e entrou em silêncio ensurdecedor, também acusado de assédio sexual.
Tudo corre sob sigilo judicial, mas nada deixa de fazer muito barulho.
Daniel e Falcão são dois ex-jogadores absolutamente vitoriosos. Antony ainda não.
O baiano e o catarinense têm sólida situação financeira. O paulista ainda não.
Os três vieram do andar de baixo da sociedade brasileira e a eles faltou nos clubes pelos quais passaram o óbvio: respaldo psicológico para conviver com a fama que, aliada ao machismo nacional, confere estúpido sentimento de poder e impunidade.
Nada que desculpe dois adultos com larga vivência de cidadãos do mundo como Falcão e Daniel.
Nem que justifique a enrascada em que Antony está metido.
Mas casos que servem de alerta aos clubes para que cuidem melhor de seus jovens talentos e deixem de vê-los apenas como galinhas dos ovos de ouro.
Nosso sistema educacional ainda está longe de preparar nossas crianças das classes excluídas para a vida - e quando o futebol vira o meio através do qual o sucesso pode ser alcançado, aí é que a bola monopoliza as mentes de vez e os estudos são chutados a escanteio.
Note que estão citados apenas três episódios, embora pudesse citar muitos mais.
Em regra, envolvendo negros, oriundos da pobreza, talentosos e desamparados.
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Quero receberÉ verdade que Falcão foge do estereótipo.
Razão pela qual torna mais eloquente a cortina de fumaça em torno dele.
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