Fluminense e Inter cumprem com o que prometeram e muito mais
No Maracanã feérico em três cores o futebol brasileiro viveu os dez minutos iniciais mais eletrizantes da temporada.
Provavelmente não apenas o futebol brasileiro, mas o sul-americano.
O corisco Enner Valencia punha fogo na defesa do Fluminense e Keno devolvia na mesma medida na defesa do Inter.
Fábio fechava o gol carioca e Rochet o gol gaúcho.
Até que, aos 10, não foi mais possível.
Porque o também corisco Jhon Arias roubou a bola de Renê no meio de campo, deu para John Kennedy girar sobre a bola e entregar para Cano bater de primeira, como quase sempre, e fazer 1 a 0.
Arias, Kennedy, Cano e Keno, o brasileiríssimo Fernando Diniz, certamente surpreendia o argentino Eduardo Coudet com tanta ousadia.
Os dez minutos seguintes não foram menos intensos e Rochet evitou mais um gol de Keno como Fábio impediu três, de Valencia , de Alan Patrick e de Wanderson.
A velocidade do clássico complicava a vida do lento Felipe Melo, que por três vezes convidou o Colorado ao gol.
A escalação do zagueiro excede a audácia de Diniz, é temeridade mesmo, e teimosia.
Paulo Henrique Ganso, em compensação, clareava tudo a cada vez que tocava na bola.
Aos 44, porém, um lance para mudar o jogo: Samuel Xavier, que já tinha cartão amarelo, fez outra falta em Valencia e acabou expulso, bem ele que havia sido tão decisivo na Libertadores.
Não demorou cinco minutos para o Inter empatar com Hugo Mallo de cabeça, em cruzamento perfeito de Renê, para se redimir.
Quando o primeiro tempo terminou havia duas constatações a serem feitas: o jogo cumpria com tudo que havia prometido e ainda bem que tem intervalo, para que se possa respirar.
O 1 a 1 era justo, como a vantagem para qualquer lado também seria.
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OLHAR APURADO
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Quero receberSó que, 11 x 10, o segundo tempo sorria para o bicampeão continental e fazia cara feia para quem busca o título inédito.
Diniz não quis mexer nos minutos finais e o castigo veio célere. Você teria mexido tão logo houve a expulsão?
Alexsander, Guga e Marlon foram as trocas no Flu, nos lugares de Kennedy, Felipe Melo (ufa!) e Ganso.
O Inter voltou com Rômulo no lugar de Johnny, amarelado.
Estava claro que o plano de Diniz de levar boa vantagem para o Beira-Rio estava cancelado, enquanto Coudet já queria mais que o empate.
E não deu outra.
Aos 53, Fábio evitou a virada.
No minuto seguinte, não deu.
Mallo cruzou e Mercado enfiou a cabeça na bola e fez 2 a 1. O VAR anulou porque a bola ao sair da cabeça do argentino tocou em sua mão. Iria para a rede mesmo se não tocasse, mas a regra é clara.
O recado, porém, estava dado.
E não é que Renê bobeou de novo, Arias roubou-lhe a bola, mas finalizou fraco.
Alan Patrick livrou-se de Marcelo na área e virou: 2 a 1, aos 64.
Aranguiz deu lugar a Bruno Henrique imediatamente.
O futebol é tão cruel que o decisivo Samuel Xavier voltava a ser, pelo avesso.
O Inter estava mais perto de ampliar que de sofrer o empate.
O Flu entrou em modo contenção de danos.
Alan Patrick e Mauricio saíram e Lucca e Dalbert entraram, aos 74.
Aos 77, Renê perdeu pela terceira vez para Arias e causou escanteio que o colombiano bateu para Nino tocar de cabeça e dar para Cano pegar de peito de pé e fazer um golaço, 2 a 2, o 11º gol dele na Libertadores.
O Maracanã veio abaixo.
Que jogo, senhoras e senhores!
Não havia mais 11 x 10, porque a torcida tricolor ocupava a vaga deixada por Samuel Xavier.
Sim, time de guerreiros!
Igor Gomes no lugar de Vitão, aos 84.
O Inter passou a gostar do empate, como antes de o jogo começar. E estava certo.
Mais de 67 mil torcedores batiam o recorde do Fluminense no New Maracanã.
Lima, aos 89, no lugar de Keno.
O jogo não parava. Tirar o olho dele para escrever era uma temeridade.
Em jogo de tantos heróis, dois laterais ficaram com os papéis de vilões.
Aliás, o que joga o André!
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