Por que Tite tem muito futuro no Flamengo
A torcida do Flamengo, ao manjar que treinadores no Ninho são escolhidos pelo método científico mais clássico inventado no Brasil, o unidunitê, busca se agarrar a qualquer indício que, desta vez, sim, a escolha faz sentido.
Poderíamos puxar o histórico flamengo de ex-treinadores da seleção, mas temo não ser um bom caminho. Já tivemos Telê e nada. Zagallo rendeu um estupendo Tri, OK, mas depois acabou engolido. Como aliás ele pedia.
Que tal uma análise fria e calculista dos últimos treinadores gaúchos no Flamengo? Bem, eis os últimos sete:
7. Coutinho (1976, 1978): ganhou tudo
6. Carpegiani (1981, 2000, 2018): ganhou tudo e além
5. Valdir Espinosa (1989, 2006): trouxe Angelim, e só
4. Celso Roth (2005): benza deus
3. Mano Menezes (2013): sem nota
2. Renato Portaluppi (2021): ganhou nada
1. Adenor Tite (2023): ???
Pouco auspicioso? O atual técnico, claro, tem diversos feitos a seu favor, além dos lustrosos canecos continentais e do Mundial. O bom ex-jogador do Guarani passou mais de seis anos na seleção brasileira e quebrou a marca de 200 jogos pelo Corinthians. Se tem alguém capaz de ficar mais de 40 jogos no Flamengo, é ele.
Pois foi ao perscrutar a vida do novo técnico rubro-negro para esta crônica que percebi seu lado mais pitoresco. A origem de seu apelido. Vocês já deviam conhecer a história, mas eu me diverti.
Conta-se que o menino Adenor, o jovem "Ade", batia bola com seu coleguinha de escola municipal no interior do Rio Grande, o também habilidoso Altemir.
Certo dia, o então beque da roça Felipão Scolari, jogador do Caxias, os viu e botou pilha para que fossem jogar no juvenil do clube. Eles se empolgaram e foram.
O "Ade" gostou e ficou. Altemir, o "Tite", acabou não topando. Felipão então encarnou no novato:
- Ô rapaz, Adenor? Adenor não é nome de jogador. Hein? Não, nem "Ade". Por que você não usa o apelido do teu colega que não veio?
E assim ficou.
Pois ao saber disso, enfim percebo por que Tite pode cair como uma luva no Mengo. Que outro clube, digam vocês, tem mais apreço por um bom nome ou alcunha de quatro letrinhas consagradoras?
Não deixa quicar que eu escalo: Raul; Juan e Marí; Ziza e o Vovô na contenção. No meio, Dida, Zico e Joel. O ataque? Segura: Vini, Babá e Gabi.
Para não falar naqueles dois velhinhos que também fizeram questão de jogar com o Manto, a dupla Pelé e Mané.
Quando a diretoria, coordenadores, vice-presidências, departamento de comunicação e tudo o mais não dão uma dentro, o jeito é apelar mesmo para a ciência da numerologia. Agora é contigo, Tite! As quatro letrinhas você já tem.
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