A desconhecida parceria INSS&Crefisa para o bem do Palmeiras
Pouca gente sabe, a não ser os que sofrem com o mau atendimento, mas a Crefisa virou parceira do governo federal, via INSS, lá se vão quatro anos e até agora, sob nova administração em Brasília, nada mudou.
Quem se aposentou depois de 2019 em algumas das mais importantes cidades brasileiras, passou a ser compulsoriamente sócio contribuinte do Palmeiras, mesmo que torça para outro time.
Isso porque a Crefisa, patrocinadora do Palmeiras, por uma mudança da lei, passou a receber todo o dinheiro destinado às aposentadorias e outros benefícios do INSS.
Não é pouco dinheiro.
Em 2020, a Crefisa ficou com a parte do leão dos R$ 6,2 bilhões repassados pelo INSS.
Em 2021, 7 bilhões.
Em 2022, 8,3 bilhões.
E em 2023, até março, R$ 1,8 bilhão.
É uma boa gorjeta para encher o tanque do avião de Leila Pereira, a presidenta do Palmeiras, eleita aliás depois que a Crefisa passou a ser a beneficiária dos repasses do INSS.
O combustível financeiro ajuda ainda, é claro, a pagar o técnico Abel Ferreira, reforços para o time como Rony e Luan Silva, a renovação dos contratos de Weverton e Raphael Veiga além de promoções de jogadores da base para o time profissional.
O Alviverde gastou em 2020, primeiro ano da dobradinha INSS&Crefisa, R$ 84,2 milhões, mais que o dobro do que seu rival paulista mais próximo em gastos, o São Paulo.
Pouco menos que o maior gastador daquele ano, o Flamengo.
Um bom estímulo para o Verdão papar a Copa do Brasil e a Libertadores seguintes.
Além de faturar em 2022, o Campeonato Brasileiro e a Recopa SulAmericana. Em 2023 foi a Supercopa do Brasil. Além dos títulos paulistas de 2020, 2022 e 2023.
Essa fase de prosperidade do Palmeiras coincide com o momento que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, apareceu com a camisa verde e branca, em plena casa verde, ainda na gestão de Mauricio Galiotte, com relações aprofundadas depois dele.
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Quero receberUma pequena mudança na lei, no primeiro ano do mandato Bolsonaro, permitiu que financeiras participassem do leilão para repassar o bolão do INSS.
Para nenhuma surpresa, a Crefisa saiu vitoriosa.
O prêmio foi o privilégio de ser o conduto preferencial da dinheirama entre governo e beneficiário do INSS nas maiores concentrações populacionais do país, como a capital de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo.
Para a premiação no leilão dos lotes de pagamentos do INSS não se considerou a ginástica que o aposentado, acidentado ou idoso pobre, precisaria fazer para encontrar uma agência da Crefisa. Que são poucas e ineficientes.
No Rio de Janeiro, onde os palmeirenses não são muitos por motivos óbvios, um morador de Botafogo precisou se deslocar até o Méier — 50 minutos de metrô, 1h20 de ônibus —, para descobrir uma pequena loja pintada de amarelo com poucos atendentes e alguns bancos de plástico, e retirar o benefício de um parente que perdeu.
Foi exatamente esse morador quem chamou atenção do blog para a parceria INSS&Crefisa.
Para um acidentado no trabalho, a jornada pode ser quase intransponível.
Estão explicados os rapapés entre Leila Pereira e Bolsonaro?
Se repetirão com o novo presidente Lula?
Ou a preferência terá fim?
Tudo isso tem nome, sem controle no futebol, como já aconteceu no passado com a lavagem de dinheiro da Parmalat no mesmo Palmeiras, com a máfia russa e o Corinthians, com as loucuras da Unimed-RJ e o Fluminense: doping financeiro.
Neste caso atual de parceria do INSS/Crefisa, com o acréscimo grave de prejudicar os já maltratados aposentados brasileiros.
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