Juca Kfouri

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Reportagem

O Palmeiras vai ser campeão!

O que o time do Palmeiras fez no Nilton Santos não está escrito em lugar nenhum.

Na semana do terceiro aniversário da presença de Abel Ferreira à frente do Palmeiras, com cenas comoventes que arrancaram lágrimas na família alviverde, o Botafogo providenciou um presente de grego ao treinador português no primeiro tempo.

O estádio Nilton Santos simplesmente não viu o vice-líder em campo durante todo o primeiro tempo.

Que terminou 3 a 0 para o Glorioso, um gol para cada ano da estadia do técnico no Brasil, mas poderia ter terminado 5 a 0.

Ainda antes de abrir o placar, com Eduardo, aos 20 minutos, Tchê Tchê já havia acertado a trave de Weverton, em bola desviada em Gustavo Gómez, assim como desviou em Murilo o gol de abertura.

Aí virou baile.

Raramente se viu o Palmeiras tão desnorteado e, aos 30, Tchê Tchê acertou outro tirambaço e ampliou para 2 a 0.

Só aos 34, em cobrança de falta, o Palmeiras finalizou pela primeira vez entre as traves cariocas, com Rafael Veiga, para grande defesa de Lucas Perri que, afinal, também queria mostrar seu talento.

No minuto seguinte, grogue, Richard Rios bateu lateral errado, Júnior Santos puxou contra-ataque, passou para Tiquinho chutar e Weverton dar rebote nos pés do mesmo Júnior Santos que fez o 3 a 0, em gol aparentemente fácil, mas construído por ele desde a intermediária botafoguense.

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Victor Sá ainda teve duas chances de gol.

Sim, 3 a 0 estava barato e Abel Ferreira teria de apelar para Djalma Santos, Ademir da Guia, Rivaldo e Dudu para sair de Engenho de Dentro com dignidade.

Como não tinha Dudu, nem muito menos os outros três, Ferreira resolveu castigar os 11 que estavam em campo e os manteve todos.

A bronca deu resultado.

O menino Endrick, aos 4 minutos, livrou-se de quatro defensores e marcou um golaço, para testar a confiança e os nervos botafoguenses.

Só dava Palmeiras no Engenhão e Lucas Perri não parava de trabalhar.

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Aos 13, susto para matar botafoguense com gol de Breno Lopes, mas em claro impedimento.

Aos 20, Ferreira chamou Rony, o que talvez devesse ter feito ainda no intervalo, porque este é daqueles que não dormem jamais, mas provavelmente o técnico tenha achado que não seria justo com ele colocá-lo como salvador. Saiu Richard Rios.

Só aos 26 minutos o Botafogo finalizou, em contra-ataque com Júnior Santos que, além de perder o gol, se lesionou e deu lugar a Carlos Alberto, assim como Eduardo saiu para Danilo Barbosa jogar.

Para piorar a vida alvinegra, Adryelson foi exageradamente expulso por mais uma intervenção indevida do VAR, depois de fazer falta em Breno Lopes para cartão amarelo, aos 31.

Então Lúcio Flávio tirou Victor Sá, pôs Philipe Sampaio e, com a torcida gritando vergonha, o Botafogo arrancou em novo contra-ataque.

Foi aí que Rony, sim Rony, fez pênalti em Tiquinho. Fez mesmo? Fez não.

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Acabou a vergonha, não o sofrimento, porque Weverton pegou o pênalti!

E, aos 38, de fora da área, de esquerda, o menino Endrick fez mais um gol que já garantia a dignidade palmeirense.

Faltava muito tempo para empatar e até virar, 11 x 10, bola e coração.

Que jogo!

Era o Palmeiras atrás do terceiro gol, um para cada ano de Ferreira no clube.

O que deveria ter sido 4 a 1 estava 3 a 2.

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Flaco López em campo, Luan não mais.

Dois minutos depois López estava comemorando o 3 a 3, em passe de cabeça de Gustavo Gómez, depois de cruzamento de quem? Do menino Endrick!

Mais que salvar a dignidade, o Palmeiras seguia em condições de salvar o ano.

E haveria nove minutos de acréscimos.

Empatar já era bom negócio para o Botafogo, decepcionante no segundo tempo, depois de fazer um primeiro tempo digno dos bons tempos do primeiro turno.

Madri comemorava de madrugada o presente que receberá do Palmeiras e o time do Palmeiras trocava o presente de grego do Botafogo por um daqueles que se dá no Dia dos Pais.

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Mas tinha mais: aos 53, Murilo fez o 4 a 3. Para fazer do Palmeiras campeão.

Não, certas coisas não acontecem só com o Botafogo.

Certas coisas só acontecem com quem tem coração quente e cabeça fria.

John Textor é um maluco que, ao fim do jogo, disse que o resultado foi fruto de corrupção, embora não tenha reclamado do pênalti perdido por Tiquinho.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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