De Keno a Cano, de Keno a Kennedy, a Libertadores, enfim, é do Fluminense
E Cano fez o L da Libertadores.
De Keno para Cano, da direita do campo para o meio da área.
O argentino que todo o Maracanã admirava, dos brasileiros tricolores aos hermanos xeneizes, com um toque só, estufou a rede do Boca Juniors.
Aos 36 minutos da decisão tensa e sem espaço, mais cuidadosa que emocionante, o Fluminense estava na frente.
Se os hexacampeões continentais vieram ao Rio de Janeiro para levar mais um jogo à marca do pênalti, que tratassem de empatar. O 0 a 0 já estava descartado.
Fernando Diniz é ousado, mas evitou ser temerário e escalou Martinelli em vez de John Kennedy.
No intervalo, o treinador ficou calado.
Preferiu dar a palavra a Cartola, a Nelson Rodrigues, a Telê Santana, a Castilho, Tom Jobim, Millôr Fernandes e Jô Soares, além de Danilo Miranda, que chegou a tempo de participar.
Só Chico Buarque, tímido, não falou.
Faltavam 45 minutos antes do nada.
Que era tudo o pretendido pelos tricolores.
Caía a noite na Cidade Maravilhosa quando o segundo tempo começou.
Hora de ter nervos de aço, coração pulsante e cabeça gelada.
Fernanda Montenegro, imagine, roía as unhas e Arthur Moreira Lima ensaiava o novo arranjo para o lindo hino composta por Lamartine Babo. Ivan Lins cantava na janela voltado para as Laranjeiras.
Ah, sim, Fred estava feliz porque Cano o superou como maior artilheiro do Flu na Libertadores, 16 a 15.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberAos 51 minutos, machucado, saiu Felipe Melo e entrou Marlon.
O Boca passou a ficar mais com a bola e o Flu passou a ser mais perigoso nos contra-ataques.
As saidinhas de bola tricolores assustavam quando davam errado e alegravam quando davam certo.
Aos poucos, os xeneizes foram se desesperando à medida que o Flu retomava o controle do jogo.
Onze anos atrás, no Pacaembu, o coração do jornalista também sofria à espera do segundo gol, contra o mesmo Boca Juniors, para que pudesse escrever sobre o título, igualmente inédito, do Corinthians.
O gol não saía, de vez em quando o Boca ameaçava.
Aí, o inesperado fez uma surpresa. Desgraçada surpresa.
O peruano Advíncula, de fora da área, surpreendeu Fábio e empatou: 1 a 1, aos 72.
Cavani saiu, Benedetto entrou, como Barco deu lugar a Langoni.
Diogo Barbosa, Lima, e John Kennedy nos lugares de Marcelo, Ganso e Martinelli, aos 80.
Guga em campo, Samuel Xavier fora, aos 84.
Se aproximava a prorrogação buscada pelos visitantes, loucos por pênaltis, porque o goleiro Romero pega pênalti como pego resfriado.
O menino Kennedy punha lenha na fogueira, um tormento.
Aos 93 minutos e 38 segundos, Diego Barbosa teve o gol da taça nos pés e bateu para fora. Ah, se fosse o Marcelo.
Quando a prorrogação começou a sensação era a de que o Maracanã, com 70 mil torcedores. estava exausto e Merentiel foi trocado por Janson.
Eram exatamente 19 horas em Brasília.
Em dezembro do ano passado, a Argentina inteira sofreu com prorrogação e pênaltis no Qatar, com final feliz.
Agora, no Brasil, metade da Argentina mais um, como dizem os xeneizes, sofria outra vez.
E passou a sofrer mais quando foi apresentada a John Kennedy, que fez um golaço de primeira ao receber de Keno, aos 99.
Só que o menino foi comemorar com a torcida, levou o segundo amarelo e deixou o Flu com dez.
David Braz entrou no lugar de Keno, autor dos dois passes para os gols.
Marcelo chorava de alegria no banco e Advíncula chorava de tristeza em campo.
No que o primeiro tempo da prorrogação terminou o tempo fechou entre os jogadores e Fabra deu um tapa em Nino, algo que o VAR não poderia deixar passar. E não deixou. O burro Fabra foi expulso.
Kennedy tem só 21 anos e é compreensível que faça a bobagem que fez. O colombiano Fabra tem 32, não há o que justifique.
Dez x dez, começou o segundo tempo da prorrogação sob tensão quase insuportável.
O Fluminense é, sem dúvida, melhor, mas, também sem dúvida, a camisa do Boca pesa mais.
Não havia por que respeitá-la tanto, porém, a ponto de voltar a ser pressionado como na segunda parte do tempo normal.
Aos 113, Arias puxou o contra-ataque e Guga mandou a bola na trave, um pecado, uma sacanagem!
Se os deuses do estádios aprontassem mais uma contra o Flu nem neles acreditarei mais.
Mas, não! O Fluminense é campeão!
O Manchester City e Pep Guardiola que se cuidem.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.