O que revela a queda do presidente da CBF
Ednaldo Rodrigues nem sequer se tornou um nome conhecido na sociedade brasileira como alguns de seus antecessores, o que pode até ser tratado como a favor dele, e já está em má situação na CBF.
Porque nomes como os de Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero se tornaram famosos, ou notórios, mais pelos erros, muitos, do que por acertos (quais?).
A esclarecedora reportagem de Diego Garcia, Igor Siqueira e Rodrigo Mattos sobre os bastidores da queda de Rodrigues revela a derrota de quem se isolou e tentou derrotar a estrutura podre que há décadas caracteriza a Casa Bandida do Futebol.
Como errou na aposta de entregar a seleção a Fernando Diniz, organizou mal e porcamente o jogo contra a Argentina, no Maracanã, e deu armas aos meliantes para o derrubarem, sem dó nem piedade e com o auxílio da justiça do Rio de Janeiro, também há décadas influenciada pela família Zveiter.
Desta vez, um dos mais jovens representantes do clã, Flávio, teve seus conflituosos interesses contrariados na CBF, se demitiu e armou a cama para Rodrigues.
Flávio Zveiter foi presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva aos 31 anos, é filho de Luiz Zveiter, também ex-presidente do STJD, e ex-presidente do Tribunal de Justiça do do Rio, é sobrinho de outro ex-presidente do STJD, Sergio Zveiter, e neto do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça Waldemar Zveiter.
Rodrigues deve ter achado que os métodos baianos da família de Antônio Carlos Magalhães (ACM) seriam suficientes para derrotar a sofisticada/truculenta ação de seus inimigos — todos juntos, vamos, pra frente Brasil, salve a seleção. (E seus bolsos, e seus bolsos!).
Quebrou a cara.
Fez limpezas fundamentais como afastar empresas de marketing esportivo envolvidas com comissionamentos indevidos aos cartolas, mas, concentrador e desconfiado da sombra, foi incapaz de reunir em torno de si, em número suficiente, gente limpa e competente para, de fato, mudar a imagem da CBF.
Além de não ter conseguido se livrar completamente de outros prestadores de serviços na CBF, tão sujos como paus de galinheiros.
Tudo indica que teremos palpitante eleição pela frente, daquele tipo em que quando brigam as comadres descobrem-se as verdades.
Como são poucos os que têm nomes a zelar, será verdadeiro pega para capar.
Note: três expressões antigas como sujo feito pau de galinheiro, brigam as comadres e descobrem-se as verdades e pega para capar.
Tão antigas como a emporcalhada CBF.
Limpá-la não é tarefa para um homem só.
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Quero receberResta acompanhar o que prevalecerá na eleição, se o poder das mesadas às federações estaduais com influência sobre os clubes das séries A e B, que não gosta dos engravatados, perfumados e prestidigitadores, ou o falso discurso modernizante deles, apeados das mordomias pelo Fifagate.
Para terminar com mais uma expressão antiga, está como o diabo gosta.
E, lembre-se, o diabo é sábio porque é velho.
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