Melhor de três
POR LUIZ GUILHERME PIVA
O português, como todos os idiomas, tem muitas palavras que, com o uso, ganham sentidos novos, diferentes dos originais.
Pachorra é uma delas. Seu significado é o de paciência extremada, fleugma. Mas é usada como sinônimo de petulância, insolência.
É comum profissões, segmentos sociais e grupos de afinidade adotarem um quase dialeto atribuindo sentidos próprios a palavras tradicionais.
No futebol dá para montar, de cabeça, dois times com exemplos.
Frango, caneta, embaixada, foguete e chapéu; volante, tapete e cera; chocolate, ponte e lanterna.
Tijolo, zebra, carrinho, letra e peixinho; lambreta, pelada e chaleira; bomba, banheira e máscara.
Há também palavras que tomaram o lugar de outras, como escanteio em vez de corner, zagueiro em vez de beque e impedimento em vez de offside.
São termos que ao longo do tempo passaram a ser aceitos e usados por todos.
Algumas novidades, porém, causam polêmica. Assistência, em lugar de passe, quando surgiu, é uma delas. Não mais. Hoje até mesmo a maior parte dos puristas acata com fleugma a mudança.
Já play-off, não. O mínimo que se diz de quem usa o estrangeirismo é que se trata de um petulante.
Mas os que defendem a expressão em inglês afirmam que a original, melhor de três, não é entendida por mais ninguém, por ser muito antiga.
Do tempo em que se amarrava pachorra com linguística.
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Luiz Guilherme Piva publicou "Eram todos camisa dez" e "A vida pela bola" - ambos pela Editora Iluminuras
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