Juca Kfouri

Juca Kfouri

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

O ex-presidente do Flamengo se pronuncia sobre O Ninho: Futebol e Tragédia

POR EDUARDO BANDEIRA DE MELLO

Esta não é uma nota de posição.

São reflexões que fiz enquanto assistia ao documentário O Ninho: Futebol e Tragédia.

Achei o documentário excelente, principalmente quando trata do drama das famílias e dos sobreviventes.

Passados cinco anos, é impossível não se emocionar com as cenas da tragédia e com os depoimentos das mães e pais.

No entanto, acho que é obrigação de todos nós buscar a verdade.

Por isso repasso as seguintes anotações:

1- O Flamengo nunca foi notificado por nenhum órgão acerca das condições de segurança dos módulos habitacionais.

2- A interdição que teria acontecido em outubro de 2017 por parte da prefeitura se referia à inexistência de alvará para o conjunto do imóvel.

⁃ Eram 150 mil metros quadrados onde havia um CT inaugurado no final de 2016 funcionando normalmente, a obra do novo CT e as instalações provisórias das categorias de base. A prefeitura não fez nenhum tipo de consideração sobre os alojamentos.

Continua após a publicidade

⁃ Essa 'interdição' nunca chegou ao conhecimento da diretoria do clube nem aos escalões superiores da prefeitura.

⁃ Os vice presidentes e o CEO do clube assinaram documento nesse sentido.

⁃ Por ocasião da inauguração do novo CT, o prefeito do Rio mandou representante à solenidade, o que evidencia que não tinha conhecimento de que se tratava de uma instalação interditada pela sua própria administração

⁃ A fiscal da prefeitura responsável pela 'interdição' declarou em juízo que não deu conhecimento do fato ao prefeito e nem mesmo ao seu superior hierárquico imediato.

⁃ A imprensa esportiva do Rio frequentou o local por quase um ano e meio cobrindo treinamentos, realizando entrevistas e nunca desconfiou de que estavam numa instalação interditada, o que certamente seria uma notícia a ser divulgada.

⁃ As multas lavradas, de pequena monta, foram na sua esmagadora maioria, cobrados do clube após o incêndio.

Continua após a publicidade

3- Assim, é falsa a afirmação de que o clube teria informações acerca da insegurança do local.

4- Todas os relatórios das inspeções feitas pelo Ministério Público de 2014 até o final do mandato que se encerrou em 2018 atestam significativas melhorias nas instalações dedicadas aos atletas da base.

5- Com a inauguração do CT 2 em novembro de 2018, o CT 1, até então utilizado pelos atletas profissionais, ficou à disposição das categorias de base. Em dezembro de 2018, o time do sub17 que disputou a final da Copa do Brasil já ocupou as novas instalações.

6- As instalações provisórias que foram usadas até novembro de 2018 (e depois retomadas em janeiro de 2019 já pela nova administração) eram módulos habitacionais em estruturas de contêineres largamente utilizadas em hotéis, escritórios, unidades médicas, plataformas oceânicas e até no alojamento do corpo de bombeiros.

Foram alugadas pelo Flamengo na principal empresa brasileira do setor e o contrato dizia expressamente que o material era a prova de fogo. Por essa razão, nem a investigação policial nem a denúncia do MP imputam qualquer responsabilidade aos dirigentes do Flamengo quanto a isso.

7- Com relação à troca de e-mails citada no documentário onde funcionários do clube debatem sobre a conveniência de não tomar providências em relação a irregularidades nas instalações, trata-se de apuração realizada pelo UOL sobre um episódio extremamente grave que, por razões que desconheço, não foi considerada no processo. Quando a notícia surgiu, eu já não era dirigente do clube e não tinha como tomar qualquer atitude. Entendemos que o assunto deveria ter sido objeto de rigorosa apuração no clube e na justiça. E todas as pessoas envolvidas devidamente identificadas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

8 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Edson Lacir Donadon

Veja bem o argumento do sujeito: na visão dele o poder público é que deveria dizer que o alojamento era inseguro, não o Flamengo, ou melhor, os responsáveis por gerencia lo que deveriam fazer com que o local se fuzesse seguro. Total inversão de responsabilidades. Sua casa está caindo, mas se a prefeitura não diz nada, ta tudo certo. Perfeito. Ela lhe cai na cabeça e a culpa é do prefeito. Que coisa!!!!!

Denunciar

Marílio Caldeira do Espírito Santo

Tivessem o Flamengo e seus dirigentes (passados e presentes) um mínimo de vergonha na cara, um mínimo de sentimento de humanidade, um mínimo de decência, as famílias das vítimas já teriam sido indenizadas, sem nenhum tipo de discussão. Lado outro, estivéssemos num país minimamente sério, algumas pessoas já estariam pagando pena por homicídio, no mínimo culposo. Abrir espaço para este tipo de manifestação é só dar oportunidade para passar pano na sujeira. 

Denunciar

Wilson de Souza Junior

Eduardo lista fatos. E contra fatos não há argumentos. O que aconteceu foi uma tragédia, infelizmente. Mas, certamente não houve NENHUMA intenção de fazer mal aos meninos que, afinal, são um patrimônio do clube. O que se nota é um enorme oportunismo da mídia e dos antis para tentar atingir o Flamengo. Nunca vi nenhuma reportagem mostrando as instalações inauguradas que seriam para aqueles meninos. Tudo de primeiro mundo. Mais respeito à memória dos atingidos e seus familiares seria o correto.

Denunciar