O silêncio cúmplice dos Atletas de Cristo sobre Robinho e Daniel Alves
POR ELIAS AREDES JUNIOR*
O jornalismo serve para tocar em feridas. Fazer alertas. Efetuar cobranças. Incomodar os donos do poder. Ou de quem está próximo dele. Nos últimos dias, o Brasil foi sacudido por dois fatos: a confirmação do cumprimento de prisão de Robinho por condenação de estupro e a concessão para que Daniel Alves pague uma fiança e goze de liberdade provisória. Como já foi observado em diversos espaços, é inacreditável verificar a falta de posicionamento dos jogadores da ativa, técnicos e dirigentes em relação aos dois temas. Parece que o problema não é com eles. E é. Esses ex-atletas julgados e condenados pela justiça foram forjados e construídos dentro do ambiente do futebol. Certamente valores deturpados foram assimilados por estes que agora vão se entender com as barras da justiça. Só que existe um silêncio que incomoda. Existe uma falta de posicionamento que é inadmissível e decepcionante. Uma postura distanciada que deveria provocar repulsa a qualquer pessoa adepta do Cristianismo, seja católico ou evangélico, seja de vertente pentescostal, neopentecostal ou integrante de igreja histórica ou moderada: a ausência de posicionamento do ministério Atletas de Cristo. Para dizer que falo de orelhada, fiz questão de observar os endereços do ministério no instagram e no seu site oficial. Nenhuma linha. Ou se existir deve estar escondido. E se estiver em algum outro espaço precisa ser publicizado. Ponto.
A manifestação é necessária por um motivo: Robinho se declara evangélico. Ou Cristão Assim como Daniel Alves, que tem o nome de Jesus Cristo tatuado. Robinho, por sua vez, postou versículo com a bíblia em destaque em suas redes sociais. O mesmo Robinho que em 2010, de acordo com matérias publicadas na época, se envolveu em um incidente ao se recusar a entrar em um entidade sustentada por uma instituição espírita e voltada para tratamento de portadores de paralisia mental e outras deficiências. Ele atuava pelo Santos. "Só ficamos sabendo quando chegamos ao local que se tratava de um ambiente espírita. Cada jogador tomou a atitude que achou conveniente, e acho que a religião de cada um precisa ser respeitada", disse na época.
Penso e acredito que um Cristão, seja ele católico e evangélico, deve e precisa propagar o nome de Jesus Cristo não apenas somente com orações, participação em cultos e leitura apurada da bíblia sagrada. Isso é importante. Só que o mais importante é dar testemunho. É confirmar boa conduta como cidadão.
Alguém pode alegar que Robinho era Cristão Evangélico mas não era integrante do grupo atletas de Cristo, mesmo caso de Daniel Alves. Pois eu rebato: pouco importa. Quando surgiu, em meados da década de 1980, o grupo atletas de Cristo surgiu com o objetivo de evangelizar, preparar líderes e desafiar a igreja a se engajar no projeto. Quem faz essas propostas tem que arcar com o bônus e o ônus. O ônus é ficar atento a qualquer atleta que se declare evangélico e por vezes tenha uma conduta que não seja aconselhável. É preciso dizer que centenas de atletas foram convertidos e isso só criou quase um monopólio religioso dentro do futebol, inclusive com dificuldade de convivência para os adeptos de religião de matriz africana. Agora, é bom que se diga: quando as matérias positivas surgiram na média, que eu saiba ninguém atleta cristão evangélico reclamou. Pelo contrário.
Agora, quando alguém que se declara Cristão Evangélico tem confirmada uma condenação por estupro de uma mulher em conjuntura fragilizada, o mínimo que se espera que é tanto os Atletas de Cristo como todos os ex-jogadores e jogadores de futebol que se declaram crentes obedeçam a segunda parte do versículo 28 encontrado no livro de Efésios e que diz: " Quem ama sua mulher, ama a si mesmo". Quem ama defende, fala e denuncia. E tem repugnância. . Não se posicionar é certamente desobedecer aos mandamentos de Jesus Cristo. Que se estivesse vivo iria amparar as mulheres vítímas de violência sexual e nunca ficar ao lado dos criminosos. Que a rota seja corrigida. Antes que seja tarde. Se já não for.
*Elias Arede Junior é jornalista e cristão.
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