E quem vai fazer uma placa para Wesley em Itaquera?
Quando os capitães de Corinthians e Fluminense se cumprimentaram antes do começo do clássico em Itaquera, simbolicamente, muita coisa estava implícita.
Em menos de dois minutos, três faltas.
O capitão corintiano, na ausência de Cássio, substituído por Carlos Miguel, é Fagner, com sua carinha de anjo e pés diabólicos.
O do Fluminense é Felipe Melo.
Antes do sétimo minuto, Gustavo Silva, o Mosquito, teve de entrar no lugar de Pedro Henrique, machucado, mas sozinho, nada a ver com Melo ou Fagner.
O Corinthians marcava pressão a saída de bola carioca.
Durante 20 minutos o jogo ficou naquele rame-rame do alvinegro torcendo para o Fluminense errar e o time dele se aproveitar, e o tricolor torcendo para o Corinthians ir todo à frente para o seu time fazer o contra-ataque.
Dizer que estava chato seria exagero. Dizer que estava bom seria mentira.
Restava saber quanto tempo os jogadores corintianos suportariam correr atrás dos tricolores.
Como se sabe, sem a bola o cansaço é maior.
O Flu batia um pouco mais do aceitável, algo que não orna com o dinizismo.
Aos 33 minutos a ladainha era a mesma, de uma mesmice enfadonha.
Manoel era quem mais errava e, aos 34, ao deixar Cano em má situação dentro da área, o argentino atravessou a bola e Mosquito só não abriu o placar porque Felipe Melo salvou.
Aos 36, Fábio fez a primeira defesa do clássico.
No minuto seguinte, Félix Torres cabeceou na trave escanteio cobrado por Fagner.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberE, aos 38, Mosquito roubou de Cano na intermediária, passou para Wesley e ele bateu firme, forte, colocado, para fazer o primeiro gol corintiano no Brasileirão: 1 a 0.
Por tudo que o Corinthians insistia e o Fluminense não jogava, era justo.
Havia mais de 450 minutos que a Fiel não comemorava um gol!
Então, para comemorar como raras vezes se viu em Itaquera, nos acréscimos, o menino Wesley pegou a bola na altura do meio de campo, evoluiu, deixou Manoel de bunda no chão, deu um corte em Felipe Melo que também ficou de traseiro na grama, e bateu no contrapé de Fábio, em verdadeiro gol de placa, para São Jorge Ben cantar em prosa e verso.
Resta saber quem fará a placa em Itaquera.
No banco, o maior goleiro da História do Corinthians, Cássio talvez pensasse que quando a bola não chega na meta alvinegra ele está fora do time.
Mas Fernando Diniz tinha o dever de, no intervalo, fazer alguma coisa para seu time jogar.
Douglas Costa e Felipe Andrade nos lugares de Guga e Felipe Melo resolveriam?
Se sim, Cacá tratou de impedir, com menos de dois minutos do segundo tempo, ao fazer 3 a 0 de cabeça, em cobrança de falta por Garro.
Ao Fluminense sobrava evitar uma catástrofe, conter danos.
Ao Corinthians caberia administrar a vantagem surpreendente sobre o campeão da Libertadores ou tirar de vez a barriga da miséria.
Aos 15, Renato Augusto entrou no lugar de Ganso e recebeu as palmas que merece da Fiel.
No primeiro lance, ele errou a saída de bola, Romero roubou e deu para Wesley quase fazer o terceiro gol dele, neutralizado por Fábio.
Em seguida, Fagner acertou a trave em bola desviada em Martinelli.
Terans no lugar de Cano e Paulinho e Matheuzinho nos lugares de Raniele e Mosquito, além de Bidu no de Hugo, aos 28.
O Fluminense ficava com a bola, mas quem, às vezes, levava perigo, eram os paulistas.
Diogo Barbosa ainda entrou para Marcelo descansar e Biro substituiu o garoto Bidon, em ótima atuação.
E você poderá perguntar por que o Flu não jogou no primeiro tempo do modo como jogou no segundo.
A resposta é simples: porque o Corinthians não deixou e, com o placar nos pés, evitou se desgastar ainda mais, pois o esforço até construir a vitória foi intenso.
Enfim, o jogo acabou, a noite começou e Itaquera, com 42 mil torcedores, comemorou a vitória acima das melhores expectativas.
O Corinthians fez depilação e cabelo no Fluminense neste domingo, nos Brasileirões feminino (5 a 0) e no masculino (3 a 0).
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.