No divã com Cuca e Diniz
Quisera ser terapeuta para tentar entender o que se passa nas cabeças de Fernando Diniz e de Alex Stiva, o Cuca, donos de temperamentos hostis ao sucesso deles.
Ambos, agora desempregados, têm títulos importantes no currículo.
Para ficar só nós pesadíssimos, Diniz comandou a conquista inédita do Fluminense na Libertadores em 2023, assim como
Cuca levou o Atlético Mineiro ao seu primeiro título continental em 2013 — além de tê-lo levado ao segundo Brasileirão 50 anos depois do primeiro, taça que já havia ganhado pelo Palmeiras, em 2016.
O Fluminense também está na vida de Cuca que, em 2009, pegou o time 99% rebaixado e manteve o Time de Guerreiros na Série A.
Fosse terapeuta conversaria com Diniz para não confundir convicção com teimosia.
Diria a ele, como Albert Einstein disse ao mundo, que é loucura fazer sempre igual e esperar resultado diferente.
Aos 50, o mineiro Diniz ainda pode mudar.
Mais difícil para o paranaense Cuca, aos 61.
Ele sempre teve comportamento atormentado, mania de perseguição e, na cabeça de um terapeuta, provavelmente fruto de complexo de culpa pelo estupro do qual participou na Suíça, em 1987 — espiado apenas em março deste ano, quando se desculpou e deu sinais sinceros de, enfim, ter entendido o tamanho da atrocidade.
Eu apostava que o tardio, mas franco, depoimento, além de tirar dez toneladas das suas costas, permitisse maior leveza — e era exatamente isso que suas entrevistas pós-jogos do Athletico demonstravam.
Daí a decisão de sair ter sido surpreendente.
Emprego não faltará, quem sabe no lugar de Diniz, nas Laranjeiras.
Assim como não será surpresa se Diniz voltar ao Furacão.
Porque Freud explica muita coisa, menos a dança de cadeiras do futebol brasileiro.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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