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Opinião

Leila Pereira na CBF!

POR HUMBERTO MIRANDA

Caro Juca,

Sei que vou contrariá-lo e esta é minha intenção, mas meu argumento se baseia nas opiniões de Casagrande, Renato Maurício Prado e Milly Lacombe. Leila Pereira na CBF?

Sim, como quer Casagrande, mas não no lugar de Ednaldo Rodrigues.

Como a CEO da CBF, como defende Renato Maurício Prado. A explicação tem a ver com a opinião da Milly sobre o capitalismo. O que quero dizer?

Milly vive dizendo que precisamos discutir capitalismo no futebol.

A CBF nunca quis e não quer valorizar o futebol brasileiro.

Isso é estranho às atividades da confederação. A seleção é o negócio da CBF. Dado esse entendimento, como traduzir a seleção brasileira em lucro?

Edinaldo é um coronelzinho incompetente.

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Não tem condições de gerir um negócio ainda muito valorizado como a seleção brasileira. Deveria contratar um ou uma empresária, uma CEO para a seleção brasileira com metas bastante claras.

Leila Pereira sabe ganhar dinheiro e principalmente sabe quando permanecer ganhando dinheiro.

Isso é capitalismo.

Requer um nível de racionalização das decisões e profissionalização de todas as áreas do negócio.

Precisamos nos livrar dos corruptos grosseiros, incompetentes e irresponsáveis. Eles ligam pro dinheiro apenas como um modo de exercer o poder pelo poder, mas não entendem de negócio como processo de acumulação poderoso.

Os negócios pra gente como Ednaldo e cia são um meio de permanecer no poder, mas não de expandir, acumular e lucrar. Os contratos da seleção brasileira hoje são mais lucrativos para os patrocinadores que para o negócio da CBF com o futebol.

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Leila como CEO da seleção brasileira poderá ter um papel decisivo na organização do negócio. Afinal, reitero, a seleção é um negócio apenas. Futebol brasileiro é outra coisa, como bem destacou Mauro Cezar.

Leila escolheria o treinador e teria influência sobre os patrocinadores.

Leila escolheria Abel?

Não necessariamente, mas certamente teria maior objetividade na escolha.

Por que Leila e não outra pessoa? Alguém conhece alguém mais capitalista que ela atuando no futebol hoje em dia e com seu sucesso?

Em suma, o negócio da seleção brasileira seria separado da disputa de poder na CBF.

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O futebol seria a vitrine de um negócio e não de um falso discurso sobre o futebol brasileiro.

Uma CEO resolveria a parte do negócio do futebol, pois a CEO teria 100% de autonomia de decisão nessa área. As transformações estruturais podem vir daí, e poderiam ser mais rápidas.

Depois da exibição da seleção brasileira na Copa América, não dá para apostar nas decisões de Ednaldo.

Não dá para ver uma comissão técnica tão incompetente. Não para ficar esperando o próximo jogo par saber o que mudou.

Esta parece ser a solução mais racional. Seria uma espécie de SAF?

Não. De um negócio mesmo. Um modelo de negócio definido politicamente. E esse é o problema. Os políticos da CBF vão querer?

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Por outro lado o atual estado do negócio da seleção ou da seleção como negócio, como diria Caio Prado Junior, valeria a pena tentar. É burrice perder dinheiro.

A outra alternativa é esperar por uma revolução no futebol que não virá.

Abraço

*Humberto Miranda é professor de Economia na UNICAMP

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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