Juca Kfouri

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Reportagem

Reis da América! Camisa argentina prevalece!

Nada como um evento após o outro para desmontar famas indevidas sobre capacidade de organização e segurança.

No país do povo que compra armas nas esquinas, e que mais atentado faz contra presidentes da República, nem mesmo jogos de futebol são bem organizados.

A Copa do Mundo de 1994 já foi assim.

Os Estados Unidos a fizeram sem respeito algum, como um evento para o que eles chamam de "chicanos".

Agora, 30 anos depois, em palcos muito mais modernos e milionários, a história se repete.

Não bastassem as falhas de segurança acontecidas no jogo entre Colômbia e Uruguai e os gramados pequenos e lastimáveis, eis que a finalíssima sofre atraso de 82 minutos porque o estádio em Miami foi invadido por pessoas sem ingresso.

Uma vergonha que tem sim a cara da quadrilha da Conmebol, mas que tem, também, a desmoralização da arrogância estadunidense.

Como já teve também a da CBF, diga-se, no Maracanã, quando Brasil e Argentina, em novembro de 2023, jogaram pelas Eliminatórias da Copa do Mundo que, por sinal, terá como sede, além de Canadá e México, os Estados Unidos. Então, a confusão atrasou o início do jogo em 27 minutos.

Que as senhoras e os senhores desculpem estas não poucas linhas antes de tratar do jogo decisivo entre Argentina e Colômbia.

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Ao contrário do que aconteceu na final da Copa do Mundo no Qatar, quando a Argentina não deixou a França respirar no começo do jogo, hoje quem não respirou foram os campeões mundiais, que até bola triscando a trave receberam.

Dezoito meses fizeram diferença para Lionel Messi, 37, e Ángel Di Maria, 36.

Aos 19 minutos, porém, mesmo devagar, Messi abriria o placar caso a bola não houvesse batido em Álvarez.

A Colômbia não dava paz à saída de bola argentina e imprimia velocidade que castigava os adversários.

Fazia calor de quase 30° em Miami com umidade relativa do ar de mais de 70%, o que parecia incomodar só os platinos e os colombianos não estavam nem aí.

Aos 35, Messi torceu o tornozelo e Lautaro Martinez foi para o aquecimento, mas La Pulga suportou até o fim do primeiro tempo.

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E voltou para o segundo, depois de mais de 25 minutos de intervalo por causa de show da colombiana Shaquira, uma esculhambação que provavelmente a Fifa vetaria se consultada fosse, pois a regra determina 15 minutos entre os dois tempos.

A Argentina voltou mais agressiva e os colombianos pareceram estranhar, colombianos, por sinal com quatro jogadores que atuam no Brasil: os dois Arias tricolores, o lateral Santiago do Bahia e o atacante Jhon do Fluminense, além do palmeirense Richard Ríos e o também tricolor, mas do São Paulo, James Rodríguez.

Aos 63, Messi despencou de vez e pediu para sair, trocado por Nico González, desfalque mais moral que técnico pelas circunstâncias do jogo.

Lionel Messi foi para o banco em prantos e com gelo no tornozelo direito.

É claro que a ausência dele significava uma preocupação a menos para os colombianos.

À medida que a prorrogação se aproximava porque o zero permanecia no placar, se alguém acendesse um fósforo era capaz de mandar o estádio de Miami pelos ares.

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Embora estivessem em campo os campeões mundiais qualquer comparação com a decisão de horas antes da Eurocopa seria desvantajosa para a Copa América. Brigava-se mais que qualquer outra coisa.

Aos 87, por um triz, Nico González não fez o gol do título em cruzamento de Di María que, como James Rodríguez, resistia até o fim.

Borré, do Inter, entrou, Richard Ríos saiu, e só pode ter sido por esgotamento, porque com boa atuação.

A Colômbia se encolheu e a Argentina cresceu nos acréscimos, como se o esforço do primeiro tempo dos amarelos, e a poupança de correria dos azuis e brancos, estivessem fazendo diferença.

E veio a prorrogação, reservada com exclusividade na Copa América para a finalíssima.

Sem James Rodríguez, trocado por Quintero.

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A busca pelo 16º título pelos argentinos e pelo segundo dos colombianos custava suor, sangue e lágrimas.

Aos 94, outra vez Nico González teve o gol à disposição, agora em passe de De Paul, e Vargas defendeu no limite, quase milagrosamente.

Lautaro Martínez, Lo Celso e Paredes também entraram, e Álvarez, Enzo Fernández e Mac Allister saíram, aos 96.

A camisa argentina prevalecia e os colombianos apostavam nos pênaltis, errando passes seguidos, nervosos, aflitos.

Di Maria, em seu jogo de despedida da seleção, permanecia no gramado quando o segundo tempo da prorrogação começou.

Borja, lembram dele, palmeirenses e gremistas?, foi para o jogo com Uribe e Carrascal, para saídas de Luis Díaz, Lerma e Jhon Arias.

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Oxigênio, oxigênio e oxigênio.

Em passe de Carrascal, aos 109, Borja teve a chance, mas foi interceptado na hora agá por Lisandro Martínez.

Até que Lautaro Martínez recebeu passe açucarado de Lo Celso, em lance iniciado por Paredes com desarme sensacional de carrinho no meio de campo, aos 111, e fez o gol do 1 a 0, do título que garante aos argentinos a hegemonia na América, com uma taça a mais que os uruguaios.

Os três vindos do banco na mexida de Lionel Scaloni.

Aos 116, Di María, em prantos, deu lugar a Otemendi. Mais um grande que se despede.

E que despedida com chave de ouro!

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Campeones, campeones!

Depois de 28 jogos sem derrota, a Colômbia voltou a perder para quem a havia derrotado pela última vez.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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