A história do soco, ou do safanão, dado em Ricardo Teixeira
O episódio da gravação feita por Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informação (Abin), de reunião entre as duas advogadas de Flávio Bolsonaro, Juliana Bierrenbach e Luciana Pires, o então presidente da República Jair Bolsonaro, e o general Augusto Heleno, trouxe Ricardo Teixeira de volta ao noticiário.
Segundo a advogada Luciana Bierrenbach , o pai dela, major José Bonetti, deu um soco em Ricardo Teixeira ao receber proposta de corrupção em 1989, no primeiro ano dele como presidente da CBF.
O episódio veio à baila quando o general Heleno soube da filiação de Juliana, pois tinha sido colega de Bonetti na Academia Militar das Agulhas Negras.
O major Bonetti foi durante muitos anos um dos braços de João Havelange na antiga CBD e na Fifa.
Era ele quem montava as tabelas dos campeonatos organizados pela CBD, e depois pela CBF, quando recebeu proposta milionária de presidente de clube para incluir a agremiação no Campeonato Brasileiro, algo em torno de um milhão de cruzeiros, à época, segundo relato de Juliana ao blog.
Recusou prontamente e não se falou mais do assunto.
Dias depois Teixeira o chamou à sala da presidência da CBF e determinou que ele ampliasse com mais dois clubes o número de participantes, anteriormente previsto para ser disputado por 20 times segundo determinara o próprio Teixeira, de acordo com o que o blog ouviu de Bonetti.
Disse que lhe pagaria 50 mil cruzeiros pela elaboração da nova tabela com a mudança.
Indignado, Bonetti deu um soco em Teixeira, sempre segundo conta Juliana Bierrenbach, que, quando relata o episódio, diz que o major acrescenta: "O pior não foi o soco; foi quando eu o esganei".
Depois do ocorrido, Bonetti caiu em desgraça no mundo podre do futebol brasileiro.
Procurado pelo blog, o major, hoje com 87 anos, e vivendo em Brasília, desconversou às gargalhadas: "Não, não foi bem assim. De fato, Ricardo Teixeira pediu a inclusão de mais dois clubes depois que eu recebi a ligação de um presidente de clube, acho que de Campinas, não me lembro bem. Não achei aquilo certo, sempre gostei das coisas bem certinhas, e dei um safanão nele. Soco ou esganamento seria covardia", disse gargalhando.
E mais não disse nem lhe foi perguntado porque é perceptível uma certa confusão em torno de episódio ocorrido 35 anos atrás.
Fato é que o Campeonato Brasileiro de 1989 foi disputado por 22 clubes, como previa o regulamento anterior, e não por 20 como na tabela organizada por Bonetti, com o Guarani entre eles, como tinha direito pois em 14º lugar em 1988. Em 1989 o Guarani terminou rebaixado.
Ou seja, algum mal-entendido há entre os relatos, dos quais se pode concluir, ao menos, a séria desavença entre o major e Teixeira, que nunca fica bem em história nenhuma.
Soco ou safanão? Esganamento?
Reportagem
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