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Reportagem

Fluminense e Corinthians fazem jogo com a cara da Série B

Pedro Raul é um caso sério.

Com cinco minutos no Maracanã ele recebeu a bola livre, partiu em direção ao gol, levou um leve puxão no braço e, em vez de seguir no lance, invadir a área, chutar ou até sofrer pênalti que resultaria em expulsão do zagueiro Ignácio do Fluminense, desistiu da jogada para reclamar com a arbitragem.

Deixou a impressão de que teve medo de perder o gol e preferiu dar o golpe de João-sem-braço, embora fosse Pedro-com-braço.

Merece um monumento.

O Tricolor, com uma porção de reservas ao pensar no Grêmio pela Libertadores, na terça-feira, e o Alvinegro com força máxima,para tentar sair da zona do rebaixamento, embora uma vitória carioca também tirasse o Flu da ZR.

Quando o clássico que um dia levou 140 mil torcedores ao Maracanã, metade de corintianos, em 1976, pela semifinal do Campeonato Brasileiro, chegou aos 30 minutos, o jogo não era ruim, era péssimo, aos trancos e barrancos.

A maior parte das jogadas paravam nas intermediárias, num show de erros técnicos.

É claro, como esperar mais de dois time entre os últimos?

Quando surgiram duas raras oportunidade de gol, dentro do 35º minuto, os arremates foram fracos, de Samuel Xavier e de Talles Magno, para defesas fáceis de Hugo e Fábio.

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Aos 37, não!

Kauã Elias faria 1 a 0, de cabeça, aos 37, não fosse a enorme defesa de Hugo.

Já nos acréscimos, o assoprador de apito teve de atuar como juíz de luta-livre depois de enrosco entre os jogadores, simbolicamente a cena que melhor representou o que se viu em 48 minutos de não-futebol.

Thiago Silva saiu de campo com ar tão contrariado que parecia estar arrependido de ter trocado a Premier League pelo Brasileirão.

O Flu voltou para o segundo tempo com Keno no lugar de Esquerdinha e o Corinthians com Geovani no de Talles Magno.

O segundo tempo seguiu numa toada em que cada gesto parecia exigir um esforço gigantesco.

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Mas o Corinthians começou a pedir para levar o gol, ali pelo 10° minuto.

Mui estranhamente Ramón Díaz sacou Garro e pôs Wesley. Não que o argentino estivesse jogando muito, mas Pedro Raul simplesmente não jogava.

Aos 16, a surpresa!

Gol do Corinthians em contra-ataque, depois de falta cobrada na barreira alvinegra, mas nascido em falta de Ryan em Samuel Xavier na intermediária corintiana.

O VAR chamou e o gol de Charles foi anulado, para que o Flu batesse nova falta.

Pedro Henrique no lugar de Pedro Raul, enfim, aos 22.

E Nonato no de Bernal, aos 25.

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Aconteciam lances entre as intermediárias que se fossem descritos deixariam o leitor entre o indignado, incrédulo e divertido, esta última possibilidade desde que não torcesse por nenhum dos litigantes.

O Corinthians, com o 10° empate, garantia ficar fora da ZR até segunda-feira, quando o Vitória receberá o Cruzeiro e pode voltar a ficar em sua frente.

Aos 30, John Kennedy no lugar de Kauã e Kevin Serna no de Isaac.

E Igor Coronado e Hugo entraram nos lugares de Félix Torres e Bidu, aos 31.

Em bom português, o campeão da Libertadores de 2023 e o bicampeão mundial (2000/2012) faziam jogo típico da qualidade encontrável na Série B.

Pode ferir suscetibilidades mais sensíveis, mas assim se dava no Maracanã, que um dia também foi o maior do mundo.

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O Fluminense ainda buscava o gol, batia escanteios, mas sem nenhuma objetividade. O Corinthians nem isso.

Para desmentir o blogueiro, aos 40, os paulistas ensaiaram blitz na área carioca, e Ignacio se machucou, para Thiago Santos entrar.

Nos minutos finais poderia acontecer qualquer coisa, gol para qualquer lado, inclusive nada, o mais provável.

Vivia-se aquele 0 a 0 que serve também como nota do clássico.

E assim foi.

Ao menos Felipe Melo permaneceu no banco.

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Mas, masoquista, o assoprador deu seis minutos de acréscimos.

Aos 51, Lima se enrolou com a bola quase na pequena área e a defesa do Corinthians aliviou num bate-rebate enlouquecido.

Ah, sim, um elogio?

Para Hugo, que evitou a derrota corintiana no primeiro tempo e para os 30 mil torcedores presentes que não se atiraram das arquibancadas em desespero.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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