Juca Kfouri

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Reportagem

Corinthians, sangue, suor e lágrimas

Não havia passado quatro minutos em Itaquera efervescente quando o espanhol Héctor Hernandez recém-chegado ao Corinthians caiu no gramado com estiramento muscular.

Antes que Yuri Alberto entrasse em seu lugar, aos 7, o equatoriano Félix Torres fez 1 a 0, em impedimento.

Não demorou muito e Talles Magno pôs Rodrigo Garro na cara de Rossi que defendeu com o pé.

Bruno Henrique respondeu ao deixar Félix Torres na saudade, invadir a área e exigir boa defesa de Hugo.

Corinthians e Flamengo faziam eletrizante Clássico do Povo.

Pedro estava em campo, mas os uruguaios Dom Arrascaeta e De la Cruz não, assim como não estavam Cebolinha e Michael, entre outros, todos machucados.

Tite voltava a Itaquera, sem aplausos ou vaias dignos de nota.

Aos 25, gol!

David Luiz falhou bisonhamente, Yuri Alberto ficou com a bola na direita, foi ao fundo marcado pelo zagueiro e cavou para Talles Magno fazer 1 a 0, de cabeça.

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O ex-vascaíno fazia gol no arquirrival carioca.

O corintiano pessimista achou que o gol saiu cedo demais e que seria difícil resistir.

O otimista tinha certeza de que viria mais, tamanho o volume de jogo do alvinegro.

Tão alvinegro como, o botafoguense se deliciava, o torcedor do Fortaleza comemorava e o palmeirense, sem confessar, vibrava.

O corintiano pessimista tinha razão.

Bidu bobeou, Varela cruzou, José Martinez abriu os braços no bico da área e dentro dela: pênalti, aos 33.

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Restava saber se Hugo aprontaria contra o ex-clube e contra Pedro.

Não aprontou.

Caiu do lado direito e a bola foi no meio do gol: 1 a 1.

O empate era ruim para os dois, pior para quem está na zona do rebaixamento do que para quem luta pelo título.

Seja como for, o Corinthians fazia sua melhor atuação desde que os Díaz chegaram ao Parque São Jorge.

Do 1 a 1 em diante o clássico caiu bastante, um time apostando no erro do outro, ambos errando muito e fazendo faltas em cima de faltas, mais brigado que jogado, embora sem violência ou deslealdade.

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Carlos Alcaraz veio para o segundo tempo no lugar do amarelado Pulgar. Estreia de peso e milionária.

E na saída o argentino roubou a bola de Yuri e se mandou até ser desarmado, na área, pelas mãos de Hugo no chão, depois de tabelar com Pedro. Se o menino, 21, faz o gol a Gávea explodiria.

Aos 7, na pequena área, Bidu perdeu gol feito em lançamento primoroso de Fagner. Impressionante! A avó dele faria.

Seis minutos depois, com dor no ombro, Talles Magno deu lugar a Romero.

E no primeiro toque que o paraguaio deu na bola ao receber do argentino Garro o Corinthians estava de novo na frente, aos 14: 2 a 1.

Aí não tinha mais corintiano otimista ou pessimista. Tinha corintiano resistente, crente, enlouquecidamente.

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Allan no lugar de David Luiz foi a segunda mexida rubro-negra.

Wesley e Carlinhos, nos lugares de Varela e Pedro, aos 22.

Romero gastava a bola, fazia coisas que nem parecia saber como, mas fazia com brilho.

Raniele e Ryan nos lugares de Martínez e Fagner, este último com ótima atuação, aos 31.

O jogo não tinha sequência, truncado em excesso, e só mudava de cara quando Alcaraz e Romero pegavam na bola.

45 mil torcedores testemunhavam jogo com 30 faltas em 80 minutos.

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O domingo do 114º aniversário corintiano começou com vitória sobre o Palmeiras entre as mulheres e seguia com triunfo ainda mais importante que o tirava, mesmo que, talvez, momentaneamente, da ZR.

Aos 40, Matheus Gonçalves substituiu Ayrton Lucas.

Tite se comportava de modo tímido, como se constrangido em Itaquera.

Mais nove minutos de acréscimos, como no primeiro tempo.

Romero chapelou Alcaraz na área carioca e a Fiel veio abaixo.

Aos 50, porém, estúpido, Yuri Alberto perdeu bola dominada para Wesley e deu uma tesoura no zagueiro para ser expulso de campo.

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O tempo fechou, Alcaraz e Cacá trocaram golpes e o argentino e o brasileiro também foram expulso depois de mais de seis minutos de paralisação para o assoprador ver o VAR.

Nove contra dez o Corinthians teria de suportar mais quatro minutos de acréscimos.

Tudo porque Yuri Alberto, além de não ajudar, atrapalha, por mais que tenha dado o passe para o 1a 0.

Emiliano Díaz também foi expulso porque o assoprador de apito queria aparecer mais que o jogo.

Pobre futebol brasileiro. No Clássico do Povo, tanto papelão.

Aos 60, sabe quem salvou cobrança de escanteio? Romero!

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O Corinthians conseguiu três gigantescos pontos, com sangue, suor e lágrimas.

Também com erros, mas com Rodrigo Garro e Ángel Romero gigantescos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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