Por que o Flamengo perdeu Hugo Souza
POR CID BENJAMIN*
O Flamengo poderia ter garantido a vaga nas finais da Copa do Brasil no jogo de ontem, não fossem as defesas do jovem goleiro Hugo Souza.
O curioso é que recentemente ele foi mandado embora pelo Flamengo para o Corinthians, que sequer pagou ainda pela sua transferência.
Logo que apareceu, embora claramente tivesse muito futuro, Hugo deu mostras de imaturidade.
Num jogo contra o São Paulo tentou driblar um atacante adversário na pequena área, perdeu a bola e levou um gol.
Como castigo, foi afastado e emprestado a um time pequeno de Portugal, onde, aliás, saiu-se muito bem.
Na volta, porém Landim, Braz e Tite não quiseram no grupo e o repassaram, praticamente de graça, ao Corinthians.
É um goleiraço.
Melhor que qualquer um do Flamengo.
Não vou me surpreender se ele chegar a ser o goleiro da seleção.
O episódio me lembrou casos semelhantes.
Um deles, quando o técnico Flávio Costa, já em fim de carreira, não quis mais o meio-campista Gérson no Flamengo.
Ele tinha escalado o jogador como auxiliar de lateral esquerdo para ajudar a marcar Garrincha, num jogo contra o Botafogo.
Naquele dia, Garrincha estava endiabrado e o Flamengo perdeu por 3 a 0.
Flávio Costa resolveu implicar com Gerson — já um dos melhores jogadores do Brasil, e determinou a sua saída.
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Quero receberAntes disso, nos anos 50, Zizinho - então o melhor jogador do país e o craque da Copa de 1950 — foi mandado embora por um dirigente cujo nome a história não registrou, que implicou com ele.
Mais recentemente, a mais talentosa geração depois da era Zico — Djalminha, Marcelinho, Marquinhos, Paulo Nunes, Júnior Baiano, entre outros — foi também mandada embora pela diretoria encabeçada por Luiz Augusto Veloso.
Todos eles estouraram em outros clubes.
Júnior Baiano foi, talvez, o único ainda aproveitado no time principal.
Onde quero chegar?
Penso que os clubes precisam se precaver contra técnicos e dirigentes irresponsáveis que se consideram donos do pedaço, cometem absurdos e não são cobrados.
Essas figuras não podem tomar decisões que sejam irreversíveis. Seis meses depois não estão mais nos cargos que tinham e os clubes é que pagam o pato.
*Cid Benjamin é jornalista, foi vice-presidente da ABI, trabalhou nos principais jornais do país, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1996, e é rubro-negro.
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