Juca Kfouri

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Reportagem

A melhor derrota da vida do Botafogo

A maior expectativa em torno de Peñarol x Botafogo no histórico estádio Centenário de Montevidéu era quanto à violência, porque por mais que os uruguaios até pudessem ganhar o jogo, tirar cinco gols de diferença não estava no horizonte nem dos fundadores do tradicionalíssimo clube aurinegro.

Violência houve, com ônibus de torcedores botafoguenses apedrejado, mas dentro do estádio, longe de estar lotado, tudo correu em paz.

Sabiamente, Artur Jorge poupou alguns dos principais jogadores, ao deixar no banco, por exemplo, Luiz Henrique, Almada e Igor Jesus, além de Gregore, Marçal, Alexander Barboza.

Evitar cartões e lesões foi a palavra de ordem em vigor, com o líder do Campeonato Brasileiro mais preocupado com o Vasco, na terça-feira que vem, no Nilton Santos.

Evidentemente, o Peñarol entrou em campo em modo agressivo e o Botafogo em modo administração de jogo.

Quando o jogo chegou aos 30 minutos, os dois arremates mais perigosos haviam sido botafoguense, com Alex Telles ao cobrar falta e com um chute de Savarino.

Mas, aos 31, quando o Centenário ameaçava esfriar, Báez acertou um tirambaço da intermediária, no ângulo e John até riu quando ouviu o barulho da bola na rede.

O dramático aconteceu dois minutos depois, quando Pérez cabeceou na trave e, no rebote, ao tentar afastar, Danilo Barbosa chutou em cima de Marlon Freitas e quase saiu o 2 a 0.

Não, nesta noite, não! Certas coisas não acontecem só com o Botafogo.

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O ideal seria não precisar botar a cavalaria em campo e, aos 42, houve a primeira fechada de tempo, logo administrada.

Terminar o primeiro tempo com 0 a 1, 5 a 1 no placar agregado, era fundamental.

E foi o que aconteceu.

Melhor: na saída do campo, o goleiro Aguerre deu pisão em John e o corajoso apitador chileno o expulsou de campo no ato.

Era tudo de que o Botafogo precisava. Porque certas coisas só acontecem mesmo com o Botafogo!

Que voltou com Almada no lugar de Matheus Martins, amarelado.

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Era hora de ter a cabeça fria que Aguerre não teve e não cair em provocações e perder jogador para a sensacional final diante do Galo, que merece ir para o Mané Garrincha, em Brasília, para quem o confunde com o Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

No lugar de Aguerre, entrou De Amores — e bote amores nisso, hermanos!

Ainda antes do 10° minuto, bola na mão em dividida com Tiquinho resultou em pênalti marcado pelo chileno, contestado com razão pelo VAR e devidamente anulado.

Tchê Tchê e Vitinho, amarelado, saíram e Eduardo e Mateo Ponte entraram.

Artur Jorge fazia a chamada administração de danos.

O Botafogo saboreava demais a derrota, em contagem regressiva para a decisão. Poderia, e deveria, ser menos complacente.

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Digamos que o Glorioso parecia time alemão, exageradamente pragmático.

E tomou o 2 a 0, aos 66, em novo golaço de Báez.

Alan no lugar de Bastos, outro amarelado.

Estava começando a ficar desconfortável.

"Si, se puede?". Pelamordedeus!

E, aos 69, Mateo Ponte foi expulso, em ato tão burro como o de Aguerre, em lance absolutamente desnecessário.

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Ficou ruço.

E Barboza, que se levar cartão ficará fora da final, teve de entrar no lugar de Savarino.

O Centenário pulsava e se o Peñarol já dominava com um a menos, com 10 contra 10, reinava.

Os botafoguenses esperavam pelo fim do jogo, menos para festejar, mais para se aliviar, até porque Marlon Freitas teve a chance de diminuir e De Amores evitou, aos 78.

Convenhamos que era noite para não sofrer e não havia um botafoguense na face da terra que não estava intranquilo. Eita, Fogão, não maltrate assim nosso coração.

Frio, gelado, confiante, Artur Jorge mantinha Luiz Henrique no banco, não arriscava nada.

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E Marlon e Almada combinaram para dar a ele toda razão, porque o gringo fez o 1 a 2, aos 88, e dava até para comemorar.

Mas não é que Batista fez 3 a 1 na saída? Que coisa!

Enfim, OK, nem precisava ter ficado aflito, a derrota valeu a primeira chegada do clube da Estrela Solitária na decisão da Libertadores.

João Saldanha estaria fulo da vida. Mas feliz. Ou aliviado?

O Peñarol caiu em pé e o Botafogo se alevantou deitado.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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