Raios X da final da Libertadores uma hora antes de começar
POR JOSÉ ALMIR MOURA*
O formato de decisão em jogo único foi iniciado em 2019.
Controverso desde sempre, por diversas razões:
Econômicas. Geográficas.
De logística de transporte, de hotelaria.
Além de excluir muitas vezes do palco decisivo, parte considerável dos torcedores mais assíduos e - em conjunto - acaba por deixar de fora a atmosfera genuína de uma grande final sul-americana.
Isto posto, com queixas pertinentes diversas e bastante reclamação, meio que aos trancos e barrancos, o modelo caminha para a sua sexta edição.
E às vésperas da finalíssima da Libertadores 2024 entre Botafogo e Atlético Mineiro, no Monumental de Núñez, fomos atrás de algumas curiosidades
nas decisões anteriores neste modelo.
Para quem sabe, ajudá-los a entender o que está por vir.
Ou simplesmente, quebrar a cara mesmo (com algumas tendências).
(algo bem mais provável, evidentemente)
Ou nenhuma coisa, nem outra, meramente brincar com os números.
Até aqui, foram cinco finais neste formato (de jogo único):
Nenhuma vitória por mais de um gol de diferença.
Nenhum clube conseguiu abrir dois gols ou mais de vantagem durante a decisão.
Duas decisões foram na prorrogação.
Nenhuma definição nos pênaltis.
Apenas uma virada.
No quesito posse de bola, discreta vantagem para aos adeptos da bola:
Três vezes, o clube com maior posse sagrou-se campeão.
(Flu diante do Boca, e o Flamengo duas vezes, uma diante do Paranaense e outra contra o River)
Um alento para os comandados de Artur Jorge?
Duas vezes, por sua vez, o clube com menos posse saiu vendedor.
(E sempre com o Palmeiras de Abel Ferreira, diante do Santos em 2020, e do Flamengo em 2021)
Um bom sinal para Milito e cia?
Mais tarde, saberemos.
Seguindo com as curiosidades, no quesito expulsão:
Nos cinco jogos anteriores, tivemos 5 expulsões.
Média de "una tarjeta roja" por final até o momento.
(2 expulsões no finalzinho do jogo entre River e Flamengo, outras 2 na prorrogação entre Fluminense e Boca)
Mas, determinante mesmo, apenas uma.
A de Pedro Henrique, do Furacão, aos 43 da etapa inicial. Diante do Flamengo.
E gol de Gabigol praticamente logo em seguida.
Continuando as curiosidades, eis mais uma bem inusitada agora:
Jogador que faz gol do título e é expulso em seguida, "habemus" sim.
Duas vezes nas últimas edições:
Gabigol em 2019.
E John Kennedy no ano passado.
Ou seja, 40% de chance de acontecer de novo. Será?
Veremos logo mais.
Por fim, no quesito mais chutes ao alvo (shots on target), um dado bastante curioso:
Das cinco finais, em quatro oportunidades, quem chutou mais bolas na meta do adversário acabou rindo por último na decisão.
A única exceção foi o Palmeiras diante do Santos, em 2020.
Com apenas um chute no gol adversário, acabou sagrando-se campeão daquele ano, diante do Santos.
Dado todo esse cenário estatístico - metade presunçoso, metade não - dos últimos anos, o que podemos afirmar com certeza para a finalíssima de logo mais entre Botafogo e Galo?
Nada!
Absolutamente nada!
Ou praticamente não muita coisa.
De quase certeza, apenas, que pelo estilo de jogo dos finalistas, a tendência é que ao final, tenhamos:
O Botafogo com mais posse de bola e mais chutes totais na meta adversária, não necessariamente mais chutes ao gol.
O Galo apostando nas bolas paradas, e nos contra-ataques.
Possivelmente também, um jogo bastante truncado, com o Atlético se defendendo com linha de cinco, e o alvinegro carioca tentando furar a retranca adversária.
Cenário este que pode mudar radicalmente, caso, por exemplo, o Botafogo consiga o gol inicial da partida, ainda no tempo regulamentar.
Em se confirmando este panorama, o jogo tende a se abrir, ficar mais franco, e neste cenário, mais sujeito ao fogão.
Mas, antes da peleja começar, total equilíbrio, difícil prever o campeão.
Algum palpite segundo as estatísticas dos últimos anos?
Sim: 1 a 0
Não me perguntem para quem.
E por favor, não me levem muito a série, 1 a 0 apenas para que assim seja mantida a tradição dos resultados das últimas edições.
Nos quais o placar final ou foi 2 a 1 ou 1 a 0.
E com alternâncias em cada ano.
Em 2019, 2 a 1.
Em 2020, 1 a 0.
Em 2021, 2 a 1.
Em 2022, 1 a 0.
Em 2023, 2 a 1.
Em 2024, então, fechamos no 1 a 0?
Tanto faz.
Difícil prever, ou saber.
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberDe certo mesmo é que a para o vencedor, pouco importa, se terá sido com mais ou menos posse de bola.
Com mais ou menos chutes ao alvo.
Com jogador decisivo seu, sendo expulso ou não.
De certeza apenas que um alvinegro será campeão esta noite.
E que escreverá uma das páginas mais belas da sua linda história.
Quer seja o Galo.
Quer seja o Glorioso.
O resto é estatística.
Meros números.
Baratas conjecturas de um leigo escritor.
*Almir Moura é baiano de Rodelas, pai de Juan e Mari, progressista, são-paulino e professor.
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