O rugido do Leão vem do Pici
POR MARCELO PAZ, CEO da SAF do Fortaleza
Fortaleza realiza temporada histórica e se consolida entre os clubes com melhores resultados esportivos - dentro e fora de campo_
Ao final de mais uma temporada, posso dizer com propriedade que fizemos algo muito maior do que qualquer expectativa prevista no início desta temporada.
Assim como já aconteceu nos últimos anos, conseguimos competir a nível de igualdade com os clubes de receita mais elevada do país, e mostrar que um trabalho de gestão sério e eficiente pode nos levar a patamares mais alto do que imaginamos.
Terminamos o Campeonato Brasileiro na 4ª posição, com 68 pontos, e nos tornamos o time de fora do Eixo a alcançar a maior pontuação na elite nacional na história dos pontos corridos.
Essa eficiência é comprovada por meio de um estudo da consultoria Sports Value, mostrando que quanto mais faturamos, menos gastamos, e a relação de orçamento com posição alcançada nos transformou em um dos principais clubes do país, e o segundo com maior evolução do Brasil nos últimos quatro anos, com crescimento de 150%.
Nossos superávits estiveram acima dos R$ 111 milhões nos últimos seis anos, o que nos fez caminhar e consolidar a transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), a qual eu me tornei CEO depois de seis anos na presidência.
Assim como tudo nesta vida, a caminhada até aqui foi árdua.
Sempre fui torcedor do Fortaleza, e tentei, como qualquer criança, ser jogador de futebol. Mas minha vocação por liderar e administrar falaram mais alto.
E o que me fez chegar até aqui não foi só isso, mas principalmente o fato de ver o nosso clube ser motivo de chacota dos rivais nordestinos, ao amargar por alguns anos a disputa da Terceira Divisão nacional.
Me aproximei do Fortaleza em 2014, me tornei vice-presidente em 2017, e fui eleito presidente ao final do mesmo ano, quando chegamos à Segunda Divisão.
Ninguém pode imaginar como era o Pici, chamado assim em referência ao bairro onde está localizada a nossa sede. Nessa época, eu e muitos tricolores tiramos dinheiro do próprio bolso para ver as coisas acontecerem, alguns mais do que eu, diga-se de passagem. Era a única saída para a sobrevivência.
Vivíamos uma situação muito difícil; faltavam investimentos nas categorias de base, tínhamos dificuldade de estrutura com nosso centro de treinamento e falta de detalhes básicos, como o campo sem drenagem, academia sucateada e hotel em situação muito complicada, só para citar alguns exemplos.
Eu afirmo com propriedade que, quando assumi, a única missão era minimizar esses problemas e sair da Série C, para que o nosso povo tivesse um pingo de dignidade. Hoje, somos o melhor nordestino do país, sem falsa modéstia ou humildade. Nossos números provam por si só esse crescimento, alguns deles já citados acima.
Temos colocado anualmente uma média de mais de 32 mil pagantes no Castelão. Celebramos mais de 150 mil camisas vendidas e R$ 40 milhões de faturamento. Ultrapassamos a marca de 4 milhões de seguidores nas redes sociais. E, nesses últimos anos, fizemos o mais importante, que foi trazer respeito e alegria ao nosso torcedor, a verdadeira essência e representatividade de um clube de futebol.
Estamos satisfeitos? Jamais. Quem se acomoda não cresce, e enquanto fizermos parte desta gestão, vamos continuar sonhando e executando. Apesar da conquista dos Estaduais, das Copas do Nordeste, de uma final inédita de Copa Sul-Americana, de voltar a colocar a região na disputa de Copas Libertadores, e da campanha no Brasileirão dos últimos anos, mas principalmente o de 2024, podemos e queremos mais. Com responsabilidade, sempre.
Quando eu me recordo do passado, tenho orgulho profundo do que construímos, a ponto de poder olhar para os meus filhos, minha esposa, e os milhões de torcedores do Leão espalhados pelo Brasil, e ter a certeza que essa construção foi feita com transparência, honestidade e muito amor.
Também preciso destacar que parte deste sucesso tem a ver com todas as pessoas que caminharam juntas neste período; vice-presidentes, diretores em geral, conselheiros, colaboradores, parceiros, muitos deles há mais tempo, outros há menos, mas todos verdadeiros pilares desta gestão.
Os resultados em campo dependem de uma série de fatores, que às vezes escampam por nossos dedos, nos detalhes. Mas eu quero seguir olhando para frente, e o futuro nos reserva voos maiores.
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