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Marcel Rizzo

Tinga com Bolsonaro é pista de que plano para o futebol mudará no governo

Paulo César Tinga se reuniu com o ministro Onyx Lorenzoni para falar sobre futebol - Divulgação/Cruzeiro
Paulo César Tinga se reuniu com o ministro Onyx Lorenzoni para falar sobre futebol Imagem: Divulgação/Cruzeiro

Colunista do UOL

26/03/2020 14h15

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Com Demétrio Vecchioli, do Blog Olhar Olímpico

A ida de Paulo César Tinga, ex-jogador de Grêmio, Inter e Cruzeiro, a Brasília conversar com o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, tem relação com a intenção do governo federal de mudanças em sua política para o futebol. A ideia é focar mais em ações sociais do que em projetos de alto rendimento, o que pode significar o esvaziamento da Secretaria Nacional de Futebol.

Em Porto Alegre, Tinga comanda projeto que atende crianças carentes em um ônibus com biblioteca e cozinha para dar refeições. Esse foi o tema principal da conversa com Onyx, que assumiu em fevereiro a pasta onde está incluída a Secretaria Especial do Esporte.

A visita do ex-jogador gerou polêmica porque seu nome foi incluído na agenda oficial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em reunião que pode ter definido detalhes do pronunciamento que fez na terça (24), em rede nacional. Bolsonaro pediu que a população volte à vida normal apesar dos riscos de contaminação do novo coronavírus, contrariando recomendação de isolamento social da OMS (Organização Mundial da Saúde), e revoltou políticos e especialistas da área de saúde. Tinga acabou no meio do furacão.

"Há duas semanas o Onyx, por ser um colorado e me conhecer há muito tempo, me ligou e convidou para perguntar o que eu penso sobre futebol, futebol social. Ele queria me ouvir, ele e a equipe dele. Essa agenda estava marcada há semanas e fui até lá ontem, me reuni com o Onyx e falamos sobre futebol. Conversamos sobre tudo, sobre tudo. Conversa, sem nada de negócio e questões políticas. Passamos a manhã inteira falando e era 14h e ele falou 'vamos ali, presidente quer te conhecer'. Entrei, tinha umas 10 pessoas e falei com ele no máximo dois minutos. Não sabia nem do que se tratava e saí fora", disse Tinga à Rádio Gaúcha na quarta (25).

Ao assumir, Onyx trocou o secretário especial do Esporte. Saiu o general Décio Brasil e entrou Marcelo Magalhães, 47, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente, e com experiência em gerenciamento de carreira de atletas. A ideia é foco no esporte em colégios e universidades, apoiando profissionais de educação física, e em projetos sociais principalmente ligados ao futebol.

Uma das primeiras mudanças foi a criação da Secretaria Nacional do Paradesporto, algo que estava na fila há algum tempo e que agrada à primeira-dama Michelle Bolsonaro. O problema é que para criar mais uma secretaria dentro do organograma do Esporte será preciso gastar mais com toda a estrutura, o que não estava previsto no orçamento.

Será, portanto, preciso cortar e a Secretaria de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor pode ser reduzida e até se transformar em diretoria, perdendo o status de secretaria em um corte mais drástico de cargos. Tudo, porém, vai esperar o fim da crise causada pela pandemia do novo coronavírus e, claro, como a CBF, que se dá bem com Bolsonaro, vai receber isso.