Negacionismo de Jair Bolsonaro assusta cartolas e atrapalha a Libertadores
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O negacionismo do governo federal com relação à pandemia do novo coronavírus assusta os países vizinhos ao Brasil, já houve declarações públicas de políticos argentinos e paraguaios, e isso reflete no futebol. Cartolas sul-americanos se pronunciaram em reuniões contra jogar no Brasil a curto prazo. E a Libertadores? E a Copa Sul-Americana?
Os torneios organizados pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) são aqueles em que existe o maior ponto de interrogação com relação ao retorno. A Libertadores parou na segunda rodada da fase de grupos, a Sul-Americana antes da segunda fase. Para terminar a Libertadores é preciso dez datas, além da final em jogo único. Parece pouco, mas não é.
E o medo que vizinhos estão de jogar por aqui influencia muito na continuidade da competição. Há possibilidade de se fixar uma sede única na Libertadores, na Argentina ou no Uruguai, por exemplo? Difícil. São 32 times ainda participando. Como isolar todos eles em hotéis em quatro ou cinco semanas para finalizar a competição em uma tacada só? Muito complicado.
É preciso esperar o surto diminuir, e aí entra a situação brasileira. Os números aqui só crescem, o governo federal ignora as orientações de isolamento social que foram usadas em outros países do continente, e que deram certo, e o Brasil se torna o maior empecilho para o andamento dessas competições.
Quando as fronteiras estarão abertas entre o Brasil e seus vizinhos? Não se sabe. E quando abrirem, times argentinos, uruguaios, chilenos, paraguaios terão segurança para viajar e jogar com tranquilidade mesmo com protocolos de higienização, testes e isolamento? E qual a receptividade que equipes brasileiras teriam nos vizinhos? Aliás, esses países vão liberar a presença de delegações com 30 ou 40 brasileiros em seu território?
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pressionou nas últimas semanas pelo retorno do futebol. Argumenta que o povo, de quarentena em casa, precisa de diversão. O problema é que, hoje, é o negacionismo de Bolsonaro que atrapalha qualquer planejamento de retorno da Libertadores e da Sul-Americana, dois dos torneios que mais empolgam os torcedores.
Torcidas de Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo, Inter, Athletico, Grêmio, Vasco e Bahia, pelo visto, podem demorar a ver, ou mesmo nem ver mais, seus times em jogos pela América do Sul nessa temporada.
E uma ponderação final: a chance de a Conmebol retirar os times brasileiros da Libertadores, como ocorreu com os mexicanos em 2009, em meio à pandemia da H1N1, é zero. Não há Libertadores sem os clubes do Brasil, principal mercado para os patrocinadores da competição.
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