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CBF muda foco de dinheiro do legado da Copa e investe na base e no feminino
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A CBF usou até o fim de 2020 35% do total do dinheiro acertado com a Fifa para o legado da Copa do Mundo de 2014. O primeiro contrato assinado, em novembro de 2014, dava prioridade para a infraestrutura com a construção de centros de treinamento, mas a confederação brasileira mudou o foco com a quantia já liberada e fez mais investimentos na base e no feminino.
Até 31 de dezembro de 2020 a CBF gastou R$ 83 milhões dos R$ 239 milhões que serão liberados pela Fifa — a entidade mundial combinou de enviar o dinheiro em remessas anuais após a assinatura de novo contrato, em janeiro de 2019.
Até o momento, os R$ 83 milhões já usados foram divididos assim:
- R$ 19 milhões em infraestrutura (17% do total orçado em R$ 112 milhões)
- R$ 30 milhões em futebol de base masculino (64% do total de R$ 48 milhões)
- R$ 28 milhões em futebol feminino (58% do total de R$ 48 milhões)
- R$ 1 milhão em medicina esportiva (8% do total de R$ 13 milhões)
- R$ 3 milhões em projetos sociais (25% do total de R$ 12 milhões)
- R$ 3 milhões na administração dos projetos e recursos (50% do total de R$ 6 milhões)
O orçamento é o mesmo do primeiro contrato assinado com a Fifa, em 2014, com uma previsão de gasto maior em infraestrutura . A entidade não desistiu de construir um CT, com foco na formação de jogadores, em cada um dos 15 estados que não receberam jogos da Copa do Mundo de 2014 — somente um foi inaugurado até agora, em Belém.
A direção da confederação, entretanto, preferiu investir primeiro na capacitação de profissionais e realização de campeonatos da base e do futebol feminino. Foram, respectivamente, investidos já 64% e 58% do orçamento total para essas áreas, enquanto em infraestrutura foi usado 17%.
Em pouco mais de um ano, entre outubro de 2019 e dezembro de 2020, a CBF colocou R$ 15 milhões no futebol de base masculino, R$ 13 milhões no feminino e R$ 4 milhões em infraestrutura. O blog apurou que presidentes de federações e de clubes apoiaram a iniciativa.
Em janeiro de 2019 CBF e Fifa anunciaram o descongelamento dos US$ 100 milhões do legado, o dinheiro que a federação internacional reserva de seu lucro com a Copa do Mundo para ser investido no país-sede.
O repasse foi paralisado depois das denúncias de corrupção que envolveram a CBF. Por contrato a cotação usada para converter os US$ 100 mi é R$ 3,76, portanto a CBF conta com R$ 376 milhões bruto — após pagar impostos, o líquido ficará em R$ 239 milhões.
Em maio de 2015 dezenas de cartolas foram presos, no chamado Fifagate, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Após as prisões e as acusações do departamento de Justiça dos EUA de que Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, também ex-presidentes da CBF, participaram do recebimento de propinas para vender direitos comerciais de torneios de futebol no Brasil e na América do Sul, a Fifa decidiu reter o dinheiro do fundo, além de pagamentos ocasionais feitos à confederação como premiações por participações em campeonatos.
Só houve acordo para liberação em 2018, quando o então secretário-geral da CBF Rogério Caboclo foi eleito presidente. Ele tomou posse em abril de 2019, três meses após a Fifa voltar a pagar o legado.
Segundo a CBF o dinheiro já recebido serviu, por exemplo, para a realização dos campeonatos femininos que a entidade organizou em 2019 e 2020, como os Brasileiros das Séries A-1 e A-2 além de torneios de base como o Sub-18. O investimento do fundo de legado da Copa do Mundo de 2014, ainda segundo a entidade, contemplou a logística dos jogos, como transporte e hospedagem, remuneração da arbitragem, disponibilidade das ambulâncias, transmissões das partidas e outros custos operacionais.
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