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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Covid faz Fifa perder R$ 2,7 bilhões em receitas e fechar 2020 com prejuízo

Presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que a Fifa tem estrutura financeira sólida              - STR/AFP
Presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que a Fifa tem estrutura financeira sólida Imagem: STR/AFP

Colunista do UOL

19/03/2021 16h00

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A Fifa teve um prejuízo de US$ 683 milhões (R$ 3,7 bilhões) em 2020 — em 2019 a federação perdeu US$ 185 milhões (R$ 1 bilhão). A pandemia, que fez a entidade cancelar campeonatos e enviar socorro financeiro aos filiados, derrubou em US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) as receitas: total arrecadado caiu de US$ 765 milhões (R$ 4,18 bilhões) em 2019 para US$ 266 milhões (US$ 1,45 bilhão) em 2020.

Antes mesmo da pandemia, a entidade já previa prejuízos entre 2019 e 2021 — a covid-19 piorou muito esses números. A Fifa trabalha por ciclos financeiros de quatro anos, justamente os períodos entre a sua galinha de ovos de ouro, a Copa do Mundo. Com lucro estimado para 2022 de US$ 1,52 bilhão (R$ 8,3 bilhões), por causa do Mundial do Qatar, a previsão da entidade é mesmo com a pandemia fechar o ciclo 2019-2022 com lucro de US$ 100 milhões (R$ 546 milhões) — o valor final pode mudar com impostos.

Em 2019 a Fifa arrecadou, por exemplo, US$ 342 milhões com direitos de transmissão de seus eventos. Em 2020, quase sem nenhuma competição, esse valor caiu para US$ 1,7 milhão. Já a receita da venda de pacotes de hospitalidade e de ingressos para campeonatos, que em 2019 rendeu US$ 7,9 milhões, em 2020 foi de zero. Houve cancelamento de torneios de base femininos, as Copas sub-17 (na Índia) e sub-20 (na Costa Rica), que ocorrerão só em 2022, além do Mundial de Futsal, que foi adiado para 2021 na mesma sede, a Lituânia.

O Mundial de Clubes do Qatar, que deveria ser realizado em dezembro de 2020, renderia à Fifa US$ 23 milhões em receitas (com venda de ingresso e parcelas dos direitos de transmissão e comerciais). O adiamento para fevereiro de 2021 fez com que não entrasse um centavo na conta da entidade no ano passado. Houve também o cancelamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que passou para 2021, do qual a Fifa participa como organizadora do futebol masculino e feminino, recebendo parte das receitas.

Os dois únicos eventos que geraram dinheiro para a Fifa em 2020 foram o The Best, prêmio de melhor jogador do mundo, realizado em 17 de dezembro, e que rendeu US$ 1,6 milhão, e torneios de videogame, os eFifas, que engordaram a conta da entidade em US$ 8,4 milhões.

Mesmo os patrocinadores que anualmente despejam milhões de dólares na Fifa diminuíram os pagamentos em 2020. A receita de direitos comerciais caiu de US$ 165 milhões em 2019 para US$ 74 milhões em 2020. Segundo o relatório financeiro da Fifa apresentado aos membros do Conselho, parte dos contratos com os parceiros preveem desembolso apenas se há torneios em andamento, quando as marcas são expostas. Por isso a diferença expressiva de valores de um ano para o outro. A Fifa tem seis parceiros globais — Adidas, Coca-Cola, Hyundai, Wanda, Qatar Airways e Visa.

"A Fifa criou o plano de ajuda da pandemia às federações no valor de US$ 1,5 bilhão. Nossa situação financeira é sólida", disse nesta sexta-feira (19) o presidente da Fifa, Gianni Infantino, logo depois do Conselho da entidade aprovar as contas que serão enviadas para as federações. Em maio, o Congresso virtual (por causa da pandemia) vai ratificar a aprovação.

Do US$ 1,5 bilhão de ajuda ao mundo do futebol durante a pandemia, a maior parte, US$ 1,23 bilhão, foi repassado por meio dos programas de desenvolvimento, que já constavam no orçamento. Os US$ 270 milhões restantes saíram do cofre da entidade como parte do plano emergencial.

Cada confederação pôde receber até US$ 3 milhões (R$ 16 milhões) no auxílio covid, sendo que US$ 500 mil (R$ 2,7 milhões) para uso exclusivo com o futebol feminino. As associações também tiveram acesso a um empréstimo, a juro zero, que poderia chegar a US$ 5 milhões (R$ 27 milhões) dependendo da receita anual de cada entidade nacional. A Fifa cobrará uma prestação de contas para saber se os valores estão sendo utilizados para minimizar estragos financeiros causados pela pandemia.

O rombo foi até um pouco inferior do que a entidade previa em junho de 2020, já com a pandemia afetando o futebol. Relatório da época apontava para um prejuízo de US$ 794 milhões (R$ 4,3 bilhões).