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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Fifa exclui do orçamento, e Mundial de Clubes não deve ocorrer em 2022

Elenco do Bayern de Munique comemorando o título mundial de 2020 - GettyImages
Elenco do Bayern de Munique comemorando o título mundial de 2020 Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

25/03/2021 04h00

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A Fifa não incluiu em seu orçamento de 2022 o Mundial de Clubes. A tendência, hoje, é que o torneio, disputado ininterruptamente desde 2005, não ocorra no ano que vem para uma readequação no calendário.

A pandemia frustrou a direção da Fifa ao impedir a realização de um Mundial de Clubes remodelado, com 24 participantes, oito europeus e seis sul-americanos, que ocorreria entre junho e julho de 2021 na China. Com torneios de seleções, como a Eurocopa e a Copa América, adiados de 2020 justamente para o meio deste ano ficou inviável estrear o novo Mundial, que ocuparia no calendário o espaço da deficitária Copa das Confederações.

Por ainda ter um contrato com a empresa chinesa de comércio online Alibaba para o Mundial, a Fifa teve que manter o formato com sete clubes para 2021: os campeões de cada confederação, mais um representante do país-sede, jogarão em dezembro no Japão. Mas tudo indica que será a última vez com esse regulamento (o patrocínio com os chineses vai acabar).

Em entrevistas recentes, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, tem falado em mudar o calendário a partir de 2025 — o ciclo 2020-2024 já tem datas fechadas. Ele tem até pedido que pessoas com sugestões, mesmo cidadãos comuns, enviem essas ideias à Fifa. Em conversas de bastidores, Infantino é mais enfático e diz que é fundamental uma mudança radical no calendário para conseguir preservar jogos de seleções ao mesmo tempo em que aumenta os torneios de clubes, que hoje têm enorme potencial comercial.

Passa por essa mudança radical a criação do Mundial turbinado, que visa também frear movimento rebelde de alguns clubes que pensam em criar uma liga independente. Só que a Fifa não sabe quando poderá realizá-lo, e 2022 se tornou complicado por um motivo principal: é ano de Copa do Mundo, que será disputada no Qatar entre novembro e dezembro para fugir do calor do meio do ano no Oriente Médio.

Essas datas inviabilizam a manutenção do Mundial no formato atual disputado em dezembro e atrapalha planos de se jogar um torneio importante de clubes no meio do ano, já que será umas das últimas oportunidades das seleções se preparem para a Copa realizando amistosos nas datas-Fifa.

SEM MUNDIAL

O orçamento da Fifa em 2022 é todo amarrado com a Copa do Mundo, como de praxe nesses anos. A entidade espera arrecadar US$ 4,6 bilhões (R$ 25,5 bilhões), receita enorme que é gerada pela Copa do Qatar com valores de direitos de transmissão, patrocinadores, marketing e ingressos.

Depois de ter prejuízo de US$ 684 milhões (R$ 3,8 bilhões) em 2020, por causa da pandemia que cancelou campeonatos e exigiu ajuda financeira aos filiados, a previsão da Fifa é ter um lucro líquido de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,3 bilhões) em 2022 — em 2021 a previsão é de prejuízo de US$ 518 milhões (R$ 2,88 bilhões), ainda sob impacto da pandemia.

Além da Copa do Mundo, a Fifa prevê para 2022 a realização de apenas outros três campeonatos: as duas Copas femininas de base, sub-20 (na Costa Rica) e sub-17 (na Índia), adiadas de 2020, e a repescagem para a Copa do Mundo feminina de 2023, na Austrália e na Nova Zelândia.

A repescagem é uma novidade no calendário da Fifa: será disputada por dez seleções que não garantirem vaga direta na Copa nas respectivas eliminatórias dos continentes — pela primeira vez o Mundial feminino terá 32 seleções. Serão três vagas no torneio que será jogado nas duas sedes da Copa, para servir também como um evento-teste.

Também ocorrerão o The Best, prêmio dos melhores do futebol no ano anterior, e os torneios eFifa, de videogame. Todo esse combo, nas contas da Fifa, deve gerar uma receita de cerca de US$ 80 milhões (R$ 446 milhões).

A Fifa passou a organizar o Mundial de Clubes sem interrupção e no formato com sete concorrentes em 2005, no Japão. Em 2000, no Brasil, organizou seu primeiro campeonato de clubes com oito participantes, em parceria com a empresa de marketing esportivo ISL, mas a falência do patrocinador encerrou o formato, que teria sequência em 2001 na Espanha.

São Paulo, em 2005, Inter, em 2006, e Corinthians, em 2000 e 2012, foram os únicos não europeus a ganharem o Mundial. O campeão da Libertadores em 2021 viajará em dezembro ao Japão para o que deve ser a última edição nesse formato. A de 2020 só foi finalizada em fevereiro de 2021 devido ao atraso no calendário causado pela pandemia — o Bayern de Munique (ALE) venceu.