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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Como foi a negociação por público na final Brasil x Argentina no Maracanã

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, ao lado do Coronel Nunes, presidente em exercício da CBF - Reprodução
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, ao lado do Coronel Nunes, presidente em exercício da CBF Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

09/07/2021 11h08

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Com Rodrigo Mattos, do Rio

A liberação de público na final da Copa América entre Brasil e Argentina, neste sábado (21h), surpreendeu até membros importantes da direção da Conmebol. A negociação com o governo do Rio foi feita pelo presidente da confederação, Alejandro Dominguez, atropelando a CBF e o governo federal que não sabiam da negociação até o seu final. A medida é vista como resultado de uma pressão da AFA (Associação de Futebol Argentina) para atender torcida que está vindo de Buenos Aires. Há previsão de voos fretados do país para a decisão, com até 500 pessoas, e a AFA já começou a distribuir 2.100 convites no Consulado Argentino. Não haverá venda de ingressos, apenas convidados.

A doação de 20 mil doses da vacina contra a covid-19 e a pressão de patrocinadores foram ingredientes importantes. A liberação não ocorreu, que fique claro, como contrapartida à entrega dos imunizantes, mas a negociação para o envio de parte das doses de Coronavac que a Conmebol recebeu no fim de abril do laboratório chinês Sinovac abriu um canal de conversa entre Dominguez e integrantes da saúde na esfera federal e, por tabela, na estadual. Era preciso o aval da Secretaria de Saúde do Rio para que convidados pudessem ir ao Maracanã no sábado.

A liberação de 10% da capacidade do estádio (cerca de 7 mil pessoas) foi publicada nesta sexta-feira (9) no Diário Oficial — a Conmebol ainda não sabe quantas pessoas colocará no estádio. Seguirá o mesmo protocolo da final da Libertadores entre Palmeiras e Santos, no fim de janeiro, quando 5 mil estiveram no Maracanã: será preciso apresentar exame RT-PCR negativo para covid-19, feito até 48 horas antes do confronto, para entrar no estádio, e sempre de máscara.

Desde que Conmebol, governo brasileiro e CBF entraram em acordo para que a Copa América fosse realizada no Brasil, no fim de maio, a possibilidade de convidados na final da Copa América é trabalhada. Até o início desta semana, quando ocorreram as semifinais, havia entretanto pessimismo na Conmebol porque nem governo federal e nem CBF estavam dispostos a bancar a liberação, mesmo que limitada.

Sem comunicar a CBF, a Conmebol iniciou novo plano paralelo e Alejandro Dominguez conseguiu convencer o governo do Rio que criaria um protocolo que evitaria aglomerações como houve na final da Libertadores — a ideia é dividir a presença dos convidados por mais setores do estádio. Em janeiro os 5 mil ficaram concentrados no mesmo espaço. Avisada de última hora, a CBF ainda nem sabe como fará para distribuir ingressos e garantir que convidados tenham testes de PCR para estarem no estádio. Faltam menos de 48 horas para o jogo. Houve ainda um desgaste com o governo federal que nem foi avisado da presença de público. Quando o Brasil topou sediar o evento, a Casa Civil soltou um comunicado de que não haveria público no evento. Agora, a Conmebol descumpre essa promessa.

Para a Conmebol é importante ter convidados de patrocinadores na final. A Copa América de 2021, que deveria ter sido realizada em 2020 na Argentina e na Colômbia, mas mudou de data e de sede por causa da pandemia e por problemas políticos na Colômbia, é o primeiro evento de seleções com os novos acordos de marketing e comercial fechados depois do Fifagate, o escândalo de corrupção que levou vários cartolas sul-americanos à cadeia acusados de cobrarem propina de empresas.

AS VACINAS
Em abril a Conmebol anunciou que havia acertado receber, como doação, 50 mil doses da Coronavac para aplicação em jogadores e funcionários de clubes da elite do futebol sul-americano e também das confederações. Como os laboratórios ainda não negociam esse imunizante com entidades privadas, o acordo foi intermediado pelo governo do Uruguai.

As 5 mil doses reservadas para a CBF, entretanto, não puderam entrar no Brasil naquele momento porque a lei prevê que qualquer imunizante precisa ser direcionado ao SUS. Havia também a necessidade de liberação dos lotes por parte da Anvisa.

Alguns clubes brasileiros, como Atlético-GO, Atlético-MG, Palmeiras e São Paulo, imunizaram seus profissionais em Luque, ao lado de Assunção, na sede da Conmebol no Paraguai. Agora, as 20 mil doses doadas puderam entrar no país porque serão entregues diretamente ao governo brasileiro — 5 mil serão usadas por entes do futebol e as 15 mil restantes distribuídas aos estados