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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Clubes negociam com governos por público nos estádios também no Brasileirão

Flamengo x Defensa Y Justicia terá público na quarta, em Brasília, pela Libertadores - Staff Images/Conmebol
Flamengo x Defensa Y Justicia terá público na quarta, em Brasília, pela Libertadores Imagem: Staff Images/Conmebol

Colunista do UOL

16/07/2021 11h00

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O protocolo de retorno do público aos estádios que a CBF elabora há alguns meses é bem parecido com o da Conmebol, divulgado no fim de semana passado: permissão de entrada apenas de pessoas totalmente vacinadas (com duas ou uma doses recebidas, a depender do laboratório) contra a covid-19 ou com exame RT-PCR negativo feito até 48 horas antes do evento, limitação de assentos a até 50% do estádio, obrigatoriedade do uso de máscaras e proibição de venda de bebidas e alimentos. Mas o plano estava sendo trabalhado para setembro, não para agora.

A CBF planejava a divulgação do protocolo para agosto e a reabertura dos portões em setembro, no início do 2º turno da Série A do Brasileirão. A confederação não abre mão da isonomia, ou seja, que todos os clubes possam ter torcida ao mesmo tempo, mesmo que em número diferente de assentos liberados (já que cada governo pode determinar uma porcentagem diferente). Só que a liberação da Conmebol para público imediatamente na Libertadores e Sul-Americana jogou pressão sobre a CBF.

Há um acordo entre CBF e clubes de que os presidentes negociem diretamente com seus governos estaduais e prefeituras pela liberação, e isso já começou: no Ceará, por exemplo, as diretorias do Ceará e do Fortaleza conversam com representantes do governador Camilo Santana (PT).

Os clubes queriam um aval especial para colocar no Castelão público vacinado, mesmo que fossem convidados, no clássico de 1º de agosto, mas não houve acordo. O Estado semanalmente tem liberado setores da economia com a diminuição no número de infectados e mortos por covid-19 e não se descarta que o futebol possa se encaixar na flexibilização em breve.

São Paulo é um estado-chave porque tem cinco times na Série A, o que representa 25% dos participantes. É fundamental ter o aval do governador João Dória (PSDB), que no início de julho projetou a volta de público para outubro — um pouco além do que a CBF planeja, mas considerado razoável.

A coluna apurou que Belo Horizonte, que tem como prefeito Alexandre Kalil (PSD), ex-presidente do Atlético-MG, é a cidade menos receptiva à volta de público aos estádios nos próximos meses. América e Atlético, representantes mineiros da Série A, poderiam, caso todos os outros locais liberassem, mandar seus jogos no interior do Estado, caso quisessem.

O Flamengo tentou com a prefeitura do Rio receber com público no Maracanã o Defensa Y Justicia (ARG) na quarta da semana que vem, pelas oitavas da Libertadores, mas não conseguiu. Negociou então com o Distrito Federal, que liberou 25% da capacidade do estádio Mané Garrincha, cerca de 15 mil assentos, e transferiu o jogo para lá com aval dos argentinos (que precisaram mudar toda sua logística).

Para o Brasileirão, porém, nenhum clube pode alterar seu jogo para Brasília para ter público, já que a CBF mantém a isonomia. A questão é que agora, com o movimento da Conmebol, há pressão para que as negociações com entes governamentais avancem mais rapidamente. A ver os próximos capítulos.