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Argentina pressiona por queda de brasileiro chefe da arbitragem na Conmebol
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O brasileiro Wilson Luiz Seneme chefia a comissão de arbitragem da Conmebol desde agosto de 2016. Ele foi nomeado sete meses depois que o paraguaio Alejandro Dominguez assumiu a presidência da confederação sul-americana, em meio a uma reformulação após o Fifagate, a acusação de recebimento de propina que levou vários cartolas do continente à prisão. E Seneme nunca foi tão pressionado como agora.
À coluna, a Conmebol garantiu que Seneme se mantém no cargo. Na quinta-feira (22), a imprensa argentina divulgou que o ex-árbitro paulista poderia ser demitido por pressão principalmente do Boca Juniors, clube que se sentiu prejudicado na eliminação das oitavas da Libertadores para o Atlético-MG.
Como as quartas do torneio poderá ter cinco brasileiros (Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Atlético e, talvez, o Fluminense), contra um argentino (River Plate), um equatoriano (Barcelona) e um (Olímpia) ou dois (Cerro Porteño) paraguaios, a expectativa dentro da Conmebol é que essa pressão se mantenha até meados de agosto, quando esses jogos ocorrerão.
Seneme pode até cair nas próximas semanas, ou meses, mas não será pela pressão do Boca. Deve parecer estranho para a torcida brasileira, que se acostumou a ver os clubes argentinos fortes nos bastidores da Conmebol nos anos 1990 e 2000, mas hoje essa influência é limitada. Ambiente bem diferente do período em que o ex-presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), Julio Grondona, morto em 2014, mandava na confederação, apesar de não ser o presidente de fato.
O Boca, especificamente, tem uma relação distante com Alejandro Dominguez. Diferentemente do River Plate, que teve seu presidente, Rodolfo D'Onofrio ganhando uma vaga em comitê da Fifa depois de ajudar Dominguez a implodir a ideia dos uruguaios de criar uma liga sul-americana alheia à Conmebol, a proximidade da direção do Boca com o atual comando da AFA afastou a cartolagem do clube da cúpula da confederação.
AFA e Conmebol vivem às turras há alguns anos — não houve, depois da morte de Grondona, um dirigente argentino que ocupasse esse lugar de influência dentro da confederação. O mal-estar chegou ao auge em 2019, quando a associação argentina acusou a Conmebol de favorecer o Brasil na semifinal da Copa América — o time de Tite venceu por 2 a 0 e avançou à decisão. Resultado da reclamação dura foi que Claudio Tapia, presidente da AFA, perdeu seu posto como um dos quatro representantes da América do Sul no Conselho da Fifa — foi substituído pelo uruguaio Ignacio Alonso.
VAR, UM DRAMA
Uma pressão do Boca pode não ser determinante para uma mudança na comissão de arbitragem da Conmebol, mas isso não quer dizer que o departamento esteja prestigiado. Houve falhas admitidas pela Conmebol nas últimas semanas, principalmente na condução do VAR, o árbitro de vídeo.
A comissão de arbitragem identificou erro no jogo de ida entre Boca Juniors e Atlético-MG, quando viralizou imagem dos jogadores dos dois times atrás do árbitro colombiano Andrés Rojas, que olhava no monitor ao lado do campo o lance que anulou gol do time argentino. Rojas e o paraguaio Derlis López, que comandava o VAR na cabine, foram suspensos por tempo indeterminado após comissão avaliar que não seguiram os protocolos corretamente.
A falha no jogo Cerro Porteño x Fluminense, em Assunção, entretanto, foi o que causou o maior estremecimento dentro da comissão de arbitragem. O erro foi grotesco: os responsáveis pelo VAR não notaram um atleta brasileiro na parte inferior do vídeo, que tirava do impedimento o jogador do Cerro em lance do gol. Na medição das linhas o tricolor foi ignorado. O chileno César Deischler, que comandava o VAR, e outros dois profissionais foram suspensos.
Internamente, a Conmebol avalia que há um problema para o uso do VAR na América do Sul: alguns países, como a Argentina, não usam o equipamento em seus principais campeonatos, o que faz seus árbitros terem bem menos contato, e experiência, com a tecnologia. Mesmo com esse porém, erros como o do confronto em Assunção fragilizam a chefia da comissão de arbitragem da confederação, no caso Seneme.
Discreto, ele dá poucas entrevistas e aparece pouco (a coluna tentou contato com ele por telefone, sem sucesso), o que é bem visto na confederação. Seu futuro dentro da entidade, porém, depende do bom uso do VAR nas próximas etapas das competições sul-americanas.
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