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Só um dos 15 CTs previstos do legado da Copa 2014 está pronto 7 anos depois
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Apenas um dos 15 centros de treinamento previstos para serem construídos com o dinheiro do legado da Copa do Mundo de 2014 foram entregues, mais de sete anos após o fim da competição. A Fifa reserva parte do lucro à associação sede para uso no desenvolvimento do esporte no país e, no caso do Brasil, o principal projeto era a construção de CTs com foco na formação de jogadores nos estados que não receberam partidas do Mundial.
O recurso do legado ficou quase quatro anos retido pela Fifa, entre 2015 e 2019, por causa das denúncias de corrupção que atingiram também a cartolagem brasileira, o chamado Fifagate. No começo de 2019, Fifa e CBF entraram em acordo para a liberação da totalidade dos US$ 100 milhões previstos, com cotação fixa do dólar a R$ 3,76 como previa o contrato original. O valor bruto de R$ 376 milhões caiu a R$ 239 milhões líquido após o pagamento de impostos.
Deste montante, R$ 108 milhões (45%) foram aplicados até 31 de maio de 2021, segundo documento oficial da CBF. A maior parte na base e no futebol feminino:
- R$ 26 milhões em infraestrutura (total orçado é de R$ 112 milhões)
- R$ 36 milhões em futebol de base masculino (total é de R$ 48 milhões)
- R$ 38 milhões em futebol feminino (total é de R$ 48 milhões)
- R$ 1 milhão em medicina esportiva (total é de R$ 13 milhões)
- R$ 3 milhões em projetos sociais (total é de R$ 12 milhões)
- R$ 4 milhões na administração dos projetos e recursos (total é de R$ 6 milhões).
Os R$ 26 milhões gastos até agora em infraestrutura são 24% do total previsto, o que explica que apenas o CT de Belém (PA) já tenha ficado pronto —o Pará, por sinal, é o estado do ex-presidente interino da CBF Antônio Carlos Nunes.
Somente outro, em Rondônia, já está em construção, com previsão de entrega para outubro. Outros cinco (Tocantins, Piauí, Maranhão, Sergipe e Amapá) já compraram os terrenos e prometem iniciar as obras até dezembro, enquanto os outros oito (Santa Catarina, Acre, Roraima, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Alagoas) estão em fase de planejamento, segundo documento oficial da CBF.
Em Porto Velho (RO), um terreno de 40 mil m² foi comprado na BR 364, que liga a cidade a Rio Branco, no Acre. Além de campo oficial, academia e vestiários, o terreno abrigará o novo prédio administrativo da Federação de Futebol do Estado de Rondônia (FFER) —houve autorização para isso.
Procurada, a CBF não se manifestou sobre o uso do dinheiro do legado. A coluna apurou que a retenção do dinheiro pela Fifa é o principal motivo de atraso na entrega das obras, que deveriam ter ficado prontas até 2015. Mas há também outros problemas, como burocracia para compra de terrenos e até disputas internas nas federações que dificultam a aplicação do dinheiro.
Essas dificuldades fizeram, como mostrou a coluna em fevereiro, a CBF priorizar o investimento no futebol de base e no feminino, os quais a entidade depende apenas de si para gerenciar. Cada categoria já tem mais de 70% do valor reservado alocado, principalmente para a organização de campeonatos, como as duas primeiras divisões do feminino.
Turbulência
A crise política que a CBF vive preocupa cartolas de federações, que temem atraso nos repasses. Em visita ao Brasil em julho, para a final da Copa América, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, sugeriu que a CBF resolvesse rápido o afastamento do presidente Rogério Caboclo, acusado por ex-funcionárias de assédio sexual e moral —o que ele nega.
Recente movimento de trocar o presidente interino, colocando Ednaldo Rodrigues, ex-chefe da Federação da Bahia, no lugar de Antônio Carlos Nunes foi feito para ter alguém mais neutro no cargo, como queria Infantino, sem tanta proximidade com Caboclo ou com o ex-presidente Marco Polo Del Nero, banido do futebol acusado de corrupção, mas que ainda tem influência na entidade.
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