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Como a Fifa planeja ganhar apoio de atletas e clubes por Copa a cada 2 anos
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A direção da Fifa já esperava ter oposição a seu plano de realizar a Copa do Mundo a cada dois anos, e não quatro como atualmente, das confederações europeia e sul-americana, com as quais mantém uma fria relação nos últimos anos, e dos clubes, que por motivos óbvios não acham interessante investir em campeonatos de seleções.
Dos atletas, entretanto, havia expectativa de que houvesse apoio, ou ao menos uma posição mais neutra para o projeto. Nesta terça-feira (14), a Fifpro, associação mundial dos jogadores profissionais, divulgou um texto em que critica a ideia da Fifa de colocar bienais a Copa do Mundo e os continentais de seleções, como a Euro e a Copa América —anualmente, portanto, haveria um torneio entre países nos meses de junho e julho.
"Todo plano para modificar o calendário de partidas deve abordar as preocupações dos jogadores, como a carga adicional que essa mudança acarretaria e a necessidade de proteger e melhorar a qualidade profissional dos empregos oferecidos. Propostas de ampliações, como a da Copa do Mundo bienal, são inadequadas com a ausência de soluções para os problemas existentes", diz parte da nota da Fifpro.
No projeto já finalizado para alterar o calendário, e que será apresentado aos filiados, a Fifa enumera o que vê como benefício a cada parte envolvida na modalidade. Veja abaixo o que está no documento:
Jogadores
- Menos viagens, já que as datas-Fifa, quando os clubes liberam os atletas para jogarem em seus continentes pelas seleções, diminuiriam de cinco meses anuais para dois ou três;
- Mais jogos importantes, já que as Copas do Mundo ocorreriam nos anos pares e os continentais, como Euro e Copa América, nos ímpares. Haveria, nas palavras da Fifa, menos confrontos que não valem nada, ou seja, amistosos;
- Mais oportunidades de participar de torneios importantes. Uma das teorias da Fifa é que gerações de talentos são perdidas com Copas quadrienais e torneios de base bienais --ideia é que Mundiais sub-20 e sub-17 sejam anuais.
Torcedores
- Um calendário de mais fácil compreensão e competitivo;
- Maiores chances de verem competições de alto nível.
Clubes, federações e ligas
- Temporadas parando menos para liberação de jogadores para seleções, além de menos dias em que esses atletas ficariam longe de seus clubes;
- Mais oportunidades de participar e de ser sede de uma Copa do Mundo, o que pode ajudar no desenvolvimento de federações pequenas e médias;
- Incentivo para investir em programas de desenvolvimento de base com a possibilidade da realização de mais competições dessas categorias.
A Fifa tem ao seu lado para o projeto de mudança do calendário a periferia do futebol, como são chamadas dentro da própria entidade as federações menores. A CAF (Confederação Africana) apoiou publicamente a Copa bienal, e pode votar em bloco caso o tema seja apresentado em algum Congresso futuro —seriam 56 votos dos 211 totais. Federações nanicas da Ásia, como Nepal e Bangladesh, também se mostraram favoráveis e a cúpula da federação internacional espera ter junto associações pequenas da Concacaf, a confederação das Américas do Norte, Central e Caribe.
Mas é preciso mais. É preciso ter parte da elite, que engloba federações europeias e sul-americanas, alguns clubes e jogadores para convencer quem vai pagar, os patrocinadores, de que compensará mexer no calendário e na Copa do Mundo, que desde 1930 é quadrienal com ótimos resultados financeiros.
A Fifa escalou ex-atletas e ex-treinadores como garotos-propaganda —entre eles estão os brasileiros Ronaldo e Roberto Carlos. A ideia é que eles viajem para suas regiões convencendo profissionais em atividade e dirigentes de que pode ser um bom negócio para cada um desses entes a alteração do calendário a partir de 2025. Pelas últimas repercussões, não será uma tarefa fácil.
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